terça-feira, 17 de agosto de 2021

                 Vaca Brava (Juvenal Garcia/Barra Seca)

De vez em quando nossa amiga Rosa ia em casa, após as aulas, para pedir para minha mãe nos deixar ir brincar na sua casa. Ela gostava muito de nós. Tínhamos entre 6 e 9 anos, a Rosa, eu e meus irmãos.
A Rosa é filha do Inácio e Maria José Garcia. A gente gostava de ir lá, principalmente porque tinha leite de vaca; em casa só tinha leite de cabra.
A fazenda era do tio Juvenal Garcia e da tia Júlia Ribeiro Palma. Sua filha Maria José e o marido Inácio moravam lá e também o outro filho do tio, o Benedito. Eles trabalhavam no retiro. O Inácio e o Dito roçavam os pastos e cuidavam do rebanho. De manhã ele e a Maria José tiravam leite. Eram muitas vacas. Depois ele punha os tambores de leite na carroça e levava para a cidade. Era muito trabalhoso. Quando voltava a Maria José tinha que lavar os tambores para o dia seguinte.
O tio Juvenal tinha feito um acordo com o genro Inácio que das crias nascidas, as fêmeas ficavam na fazenda e os machos eram do Inácio.
Então, para nossos padrões, eles eram ricos. Tinham muita fartura. A casa era bonita, alta, de tábuas, na frente tinha um terraço alto e uma rede. Também tinha um riozinho cheio de pedras. Depois que a gente brincava a Maria José nos chamava para tomar leite com farinha. E tinha nata por cima, uma delícia!
Acontece que para chegar na casa tínhamos que atravessar um pasto enorme. Não era como hoje em dia, que tem muitos piquetes. Um dia quando estava faltando uns 500 metros para chegar, uma vaca que tinha um bezerrinho começou a correr atrás de nós. A gente corria e ela atrás...Corremos muito! Sorte que tinha um pastinho para os bezerros, passamos por baixo da cerca e ficamos escondidos no meio do capim colonião.
Desse dia em diante minha mãe não nos deixou mais ir lá sozinhos.



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