terça-feira, 17 de agosto de 2021

           Rosa Amarela (sitio Pedro Bento Barra Seca)

Eu tinha uns oito anos. Aos domingos os pais iam pescar e as mães saiam passear com os filhos, iam à casa dos parentes ou amigos.
Naquele domingo, depois do almoço, minha mãe e a tia Ceiça arrumaram as crianças, penteando nossos cabelos, colocando uma roupinha melhor e nos levaram para passear na casa da Dona Lurdes e do Seu Pedro Bento.
Passando em frente ao sítio da Lola Garcia e do Cido Palma colhemos algumas romãs que tinha à beira da estrada. Chegando lá na casa do Seu Pedro Bento, quanta novidade!
Para nós, o passeio foi cansativo porque ficava a uns dois quilômetros. Mas foi muito divertido. Lá tomamos leite tirado na hora, brincamos no rio e conhecemos coisas novas.
Sua casa era bonita, de tábuas, com calçadas de pedra. O quintal também era calçado de pedras e tinha uma casinha onde dentro dela passava um riozinho que tocava um monjolo. Ele era pecuarista, então a casa era cercada para os animais não entrarem.
No jardim havia muitas roseiras e uma em especial, uma roseira amarela! Cheia de rosas.
Lá estavam também a filha deles, Luzia, a prima Joaquina, os primos e um mineiro chamado Nelson. Todos jovens. No nosso bairro era muito comum ter empregados mineiros. Eles vinham de uma região de Minas Gerais que era muito seca e ficavam nos sítios, trabalhando e morando na mesma residência. Gente boa. Quando juntavam dinheiro iam embora, outros se casavam e ficavam por aqui mesmo.
Naquele tempo não tinha televisão, eu ainda estava aprendendo a ler, não sabia quase nada da vida. Não sabia que existia flerte, namoro, casamento.
Vi o Nelson entrar na casa com uma rosa amarela nas mãos e entregar para a Joaquina.
Achei a coisa mais linda do mundo! Perguntei baixinho para minha mãe porque ele deu a rosa para ela e ela me contou que estava querendo namorá-la para depois casar.
Nossa, fiquei encantada com aquilo. Falei para minha mãe que queria crescer logo para também ganhar rosas!

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