terça-feira, 17 de agosto de 2021

            Pesca Profissional no Bairro Barra Seca

Os pescadores de Paranapanema além de vender as redes, também os ensinou a tecê-las. Trouxeram então os fios, as chumbadas e as boias para a confecção de outras redes. Lembro-me bem de meu pai amarrando os fios nas árvores e tecer as redes.
E foram à pesca. Para nós foi difícil porque víamos nosso pai poucas vezes. Às vezes a pescaria durava três dias. Eles iam pescando e entregando para os compradores. Tinha um comprador fixo em Carlópolis/PR, Seu Miranda, que pegava os peixes na beira do rio. Também entregavam um pouco para o tio Zezito, que tinha tino comercial.
Diziam que ele era bom vendedor e vendia os peixes na charrete, na cidade; quando passava perto de uma mulher bonita dizia: olha o peixe, “peixe” e quando era homem ele falava: olha o peixe, “fresco”...
Para meu pai foi bom porque era mais fácil que trabalhar na roça e ele queria plantar café mas as terras que herdou ainda estavam em inventário e ele não sabia qual seria sua parte para poder plantar o café, que é uma planta perene.
E a pescaria para meu pai durou um ano....ficou cansado, porque pescavam e cozinhavam à beira do rio, mesmo que estivesse chovendo. Ele conta que pegaram várias tempestades estando no meio da represa e em uma delas o barco quase afundou, tambem tiveram uma parte das redes roubadas quando estavam acampados do lado do estado do Paraná e foi quando ele desistiu, mas os outros ainda continuaram.
A parte boa é que comemos muito peixe. Dava muita traíra, mandi, piava, campineiro e cascudo. Os maiores tinham comércio, mas os pequenos ficavam com os pescadores. Então num dia era sopa de cascudo, no outro mandi assado ou traíra frita....
O Cearense ficou mais ou menos seis meses e depois foi embora, nunca mais ouvimos falar dele. Mas aqui se comportou muito bem.
Depois disso, meu pai financiou a plantação de café e tudo deu certo, graças à Deus!

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