terça-feira, 7 de dezembro de 2021

 

Na apresentação histórica da fundação de uma cidade, especialmente as de pequeno porte, sempre é levada em consideração o seu corpo administrativo político, religioso e cultural. Raríssimas vezes vemos como viviam, como faziam, do que sobreviviam, enfim como era o seu dia a dia.

            Na história de Santa Rita do Passa Quatro, consta que, em 1839 por aqui chegou o Alferes José Vieira da Fonseca com seus três genros: Ignácio Ribeiro do Valle (um grande líder que mais tarde, em 1860, juntamente com seu filho Francisco Deocleciano Ribeiro organizaram a fundação da cidade), Luiz Ribeiro do Valle e Julião Ribeiro Salgado e outros membros da família. Portanto era uma caravana numerosa.

            Para se deslocarem do Sul de Minas, mais precisamente da região de Pouso Alegre, trouxeram consigo, além dos familiares, alguns cativos. São cerca de 250 quilômetros que separam desde a sua origem ao destino. Vieram com carros de boi, carroças, troles, caminhando sertão afora? Trouxeram consigo livros para a educação das crianças, pequenos móveis, ferramentas, sementes, animais de carga e criação? Evidentemente que sim! Por aqui somente existia poucos moradores.

            Quando aqui se estabeleceram como era o seu dia a dia? O que plantavam, quais recursos usavam?

            Pelo que parece, não tinham uma vida monótona, vazia, despreocupada. As mulheres não vestiam longos rendados, nem os homens ternos finos como mostram os filmes e novelas. Pela distância dos grandes ou pequenos centros urbanos, dependiam muito da manutenção e industrialização de tudo que necessitavam. O sal era o único, talvez o único produto que dependiam, para salgar e conservar o toucinho e o charque. Com certeza trouxeram em quantidade.

            Azeite para o candeeiro, obtinham da mamona, açúcar, da cana, ervas medicinais, e assim por diante plantavam nas suas propriedades.

            Na sua caravana trouxeram alguns escravos oleiros, carpinteiros, celeiros, pedreiros e até mesmo ferreiros para a construção e manutenção de moradias, equipamentos agrícolas, geralmente feitos de madeira.  

            Como escoavam sua produção? Somente em 1879 foi construída a ponte de madeira sobre o Mogi Guaçu, em Porto Ferreira e a 15 de janeiro de 1880 foi oficialmente inaugurada à chegada dos trilhos da Companhia Paulista de Vias Férreas em Porto Ferreira. Em 1887 foi inaugurada a navegação fluvial sobre esse rio, até Pontal, na confluência do Rio Pardo, com uma extensão de 205 Km. 

            Como e onde sepultavam seus mortos? A distância dos vilarejos onde existia cemitério consagrado, obrigava-os a sepultarem em algum lugar da propriedade?

               Os primeiros 50 anos da história de Santa Rita do Passa Quatro é praticamente desconhecida, salvo raros depoimentos que às vezes não confrontam com a realidade. Encontrei alguns documentos antigos, graças ao amigo Renato Ribeiro Palma, descendente dos nossos primeiros moradores, e também graças à era informatizada, que estamos colocando a disposição todo nosso acervo histórico cultural. Quanto aos jornais, procurei atualizar alguns termos, por exemplo: “facto”, mas conservei alguns que ora não se usam mais, caíram em desuso e ainda alguns que nunca existiram em nosso vocabulário, mas eram constantemente usados na época.

            Neste espaço de tempo poderemos compreender duas fases: O início da colonização, fundação da freguesia e a chagada dos italianos, por volta de 1888, pós libertação da escravatura.

 PRINCIPAIS DATAS DA NOSSA HISTÓRIA

 1837 – Julião Ribeiro Salgado, Luiz Ribeiro do Valle e Ignácio Ribeiro do Valle se instalaram nesta região, hoje área do município de Santa Rita do Passa Quatro. Um pouco mais tarde vieram as famílias de José Vieira da Fonseca, Francisco Ferreira Rocha e Francisco da Silva Borges.

 

1866 – em 10 de abril Santa Rita Passa a ser Distrito.

 

1873 – A população desta freguesia endereça um pedido aos deputados da Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, solicitando a quantia de dois contos para as obras da igreja matriz e três contos para a construção do Caminho que liga esta freguesia a cidade de Casa Branca.

 

1876 – em 10 de abril Santa Rita, passa a ser Distrito

 

1877 – Abaixo assinado datado de 08 de março, endereçado aos deputados da Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo para que seja construída uma ponte sobre o Rio Mogi Guaçu, num ponto conhecido como Rio de João Antônio, em Porto Ferreira. Essa ponte foi construída em 1879, praticamente no mesmo local onde está a ponte metálica.

 

1879 – A Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo decreta a transformação da Freguesia de Santa Rita do Passa Quatro em Vila.

 

1884 – O Reverendo Eduard Everett Joiner, dá início as atividades missionárias da Igreja Metodista do Sul,

 

  • 15 de outubro – inauguração do ramal ferroviário para Porto Ferreira, com 60 c. de bitola.
  •  

1885 – 03 de março Santa Rita foi elevada a Município.

 

1887 – 10 de janeiro - inaugurada à navegação fluvial, iniciada em Porto Ferreira, passando pelo município e Santa Rita e terminando em Pontal, na confluência do Rio Pardo, com 205Km de extensão.

  • 17 de abril, falecimento de Francisco Deocleciano Ribeiro.

 

 

1889 – Fundação da Società Italiana di Mutuo Socorso Patria Dovere. Essa sociedade sobreviveu com esta denominação até o período da Segunda Grande Guerra. Depois passou a chamar-se Sociedade Beneficente Santa Rita.

 

1890 – Era inaugurada Linha Férrea ligando Porto Ferreira a Santa Rita.

 

1891 – A Companhia paulista de Estradas de Ferro, compra o ramal de Porto Ferreira a Santa Rita, com 27 quilômetros de extensão.

 

1892 – 25 de agosto Santa Rita, passa para a condição de Comarca.

 

1895 – No dia 23 de maio, foi sepultado o idoso RUFINO, negro, falecido aos 115 anos de idade. Provavelmente o mais idoso que por aqui passaram.

 

1895 – Inauguração do Serviço de Luz Elétrica.

 

1902 – A febre amarela assola nossa cidade. Pereceram 125 pessoas.

 

  

OS PRIMEIROS 50 ANOS DA NOSSA HISTÓRIA DE SANTA RITA DO PASSA QUATRO

 

            Para entendermos melhor a ocupação do nosso território, fomos buscar elementos da formação histórica de alguns municípios limítrofes ou um pouco mais distantes ainda, como Mogi Mirim, Batatais, Casa Branca e Franca. Mogi Mirim tem como ano de fundação o longínquo 1769, São Simão e Franca 1824, além de Pirassununga 1823 e Descalvado 1832. Desde 1600, os Bandeirantes desbravando sertões, tinham como rota para que se chegasse a Goiás, passando por Mogi Mirim até Franca, denominada estrada dos tropeiros. Transportando seus apetrechos de mineração, víveres e armas em lombo de burros.

            Na história da cidade de São Simão, consta que, Simão da Silva Teixeira, sua esposa Catarina Maria da Silva e ainda seus escravos chagam até Casa Branca, parada obrigatória dos tropeiros e aventureiros, deixando para trás algumas cidades do Vale do Paraíba ou São Paulo, partem via Mogi Mirim para Franca e daí em diante até Goiás.

 Simão da Silva Teixeira, em 1823 fazia parte de uma expedição de bandeirantes que saíra de Taubaté com intenção de explorar o sertão do interior paulista. Estando em Casa Branca, deixou a expedição, entregou a guarda de seu irmão sua mulher e seus escravos e seguiu sozinho sentido oeste, levando consigo somente o podia, a procura de terras, encontrando unicamente matas fechadas, perdendo o rumo, ficando sem víveres e sem armas. Desesperado, volta-se para Deus, pedindo a interseção ao seu santo padroeiro São Simão Apóstolo. Caso fosse socorrido, permanecia naquele local e construiria uma capela em honra ao santo apóstolo. Deus ouvira suas preces. Numa noite escura, avista uma fogueira e para lá se dirige encontrando um casal de escravos foragidos. Este o acolhe, permanecendo ali até recuperar suas forças, quando partiu em busca de sua esposa e dos cativos.

A história considera Simão da Silva Teixeira como fundador da cidade, mas alguns historiadores afirmam que nos tempos da chegada dos Bandeirantes já havia por lá uma vila chamada Tamanduá. E isso tem muito a ver com a nossa história.

Tudo indica que, ao contrário da colonização da região do oeste dos Estados Unidos, feitas a partir de pequenos agricultores – pelo menos é que mostram os tradicionais filmes de faroestes -, nossa região as novas vilas e de grandes fazendas foram feitas por tradicionais, cultas e abastadas famílias oriundas do Sul de Minas. Famílias numerosas com bom números de escravos, ferramentas para agricultura, armas e munições aqui fixaram, como demonstra o dr. Eduardo Lousada da Rocha, em seu livro “Contos e Memória” (1985):

 

             José Vieira da Fonseca, residente na cidade mineira de Pouso Alegre, havia decidido colocar membros de sua numerosa família no então chamado “Sertão de São Paulo”, desafogando terras que possuía em Pouso Alegre. Senhor de numerosa família e sólidos acervos, enviou mensageiros que adquiriram de um padre a “Fazenda Quatro Córregos”, em terras de Casa Branca, e ao velho mulato João Pereira de Barros as extensas terras que tinham sido a sesmaria do Bebedouro.

             No ano de 1837, passadas as águas, as comitivas partiram de Pouso Alegre. Enquanto José Vieira da Fonseca passava a residir na Fazenda de Casa Branca, possivelmente no propósito de ficar a meio caminho entre seus descendentes que ficavam e aqueles que saíram, três genros seus, os irmãos Julião Ribeiro Salgado, Luiz Ribeiro do Valle e Ignácio Ribeiro do Valle, vieram instalar-se em terras do Bebedouro.

             Julião ficou na confluência dos três córregos Prata, Sucuri e das Pedras, formadores do Bebedouro. Luiz instalou-se no lugar chamado Capão do Sobrado e Ignácio na Fazenda Córrego Alto, vizinha do espigão divisório entre Bebedouro ao norte e o Rio Claro, outro afluente do Mogi-Guaçu, ao sul.  

             Mais tarde vieram dois outros genros de José Vieira da Fonseca, Antônio Manoel de Palma e Francisco Ferreira da Rocha, que se instalaram na Fazenda das Pombas.

 

            Em 1839, por influência de amigos da família Ribeiro, Francisco de Paula Louzada, procedente da cidade mineira de Campanha, vinha instalar-se em terras do Rio Claro, onde abriu fazenda.

                         Dois netos de José Vieira da Fonseca, os irmãos José e Joaquim Vieira da Fonseca vieram por esse tempo, também para as terras do Bebedouro, fixando-se respectivamente nos lugares Água Parada e Beberdorzinho.

             Em 1841, dois anos depois de sua chegada ao Rio Claro, Francisco de Paula Louzada, casado com filha de José da Silva Borges, próspero fazendeiro da cidade de Campanha, trazia para sua companhia o cunhado Francisco da Silva Borges, a quem cedia suas terras do Rio Claro, mudando-se para o lado norte do espigão, donde viria a falecer em 1909.

            Para o vale do Rio Claro vieram mais tarde D. Rita Nogueira e família abrindo a Fazenda Santa Cruz, e as famílias Souza e Alves abrindo a Fazenda Rio Claro de Cima. A região compreendida pelas fazendas Rio Claro de Baixo, Água Parada e Rio Corrente foi sendo ocupada por famílias diversas, gente de pouca posse.

             Mais tarde, da região mineira de Ayruoca, vieram os Souza e os Meirelles, chefiados pelo Cel. Joaquim Victor de Souza Meirelles. Desses troncos se constituíram gerações que aos poucos formaram nossa cidade.

 

 

Ao contrário dos acontecidos na colonização do sertão de Bauru, Rio Preto, no início do século 20, quando colonos e índios travaram conflitos, na nossa região não há registros. No final de 1800, quando da fundação de Pirassununga, índios de língua Tupi viviam por lá. Em tempos mais remotos, a cidade de Mogi Mirim era habitada por índios Caiapós.

Numa estatística publicada no ano de 1895, a maior concentração urbana brasileira era Rio de Janeiro, a então capital federal com uma população de 800 mil almas. Seguida por Bahia (com certeza Salvador) com 300 mil, Recife com 200 mil, São Paulo ocupava o quarto lugar com 160 mil, Campinas e Santos com cerca de 30 mil habitantes. Isso demonstra que no sertão paulista existia um vazio demográfico imenso.

            Em 1908, quando fora criada a Diocese de Ribeirão Preto, Santa Rita do Passa Quatro era desligada da Arquidiocese de São Paulo, sendo anexada e esta nova Diocese. Sua população neste ano era de 16.000 habitantes. (Fonte: História da Arquidiocese de Ribeirão Preto – 1983 – Padre Francisco de Assis Correa). Nesta mesma publicação consta que a Paróquia de Santa Rita do Passa Quatro foi criada em 1865. Data esta que não bate com a realidade.

 

 ARRAIAL – FREGUESIA – VILA – CIDADE

 

             O ano de 1860, que segundo marca a fundação de Santa Rita do Passa Quatro é contraditória. Há registro num Livro Tombo da Paróquia de Santa Rita, que consta a data de criação desta no ano de 1858. Esse livro, segundo os que tiveram conhecimento dele, possui ou possuía pouquíssimas páginas, sendo substituído por outro no ano de 1864 ou 1865. A história dos aglomerados urbanos daquela época, iniciavam ao redor de uma capela. Com certeza aqui não foi diferente.

            Em 1953, nos meus primeiros anos do Grupo Escolar, chamada popularmente de Escolinha, antigo Curso Anexo a Escola Normal, mais tarde “Nelson Fernandes”, quando de retorno para casa, passávamos na esquina da Rua Monsenhor Porfirio com a Rua Victor Meirelles e neste local, sentado num banco defronte a sua casa estava o cidadão Misael Alves de Araújo (Alpinópolis-MG 1871 – Santa Rita do Passa Quatro, 08 de agosto de 1957), com um breve aceno nos chamava e sempre dizia: “Se a professora ensinar para vocês que a cidade começou aqui nesta praça, diga a ela que não é verdade. É o Misael que está falando. A cidade começou mais acima, lá onde tem a biquinha!-           

            Sabem por quê? Ninguém construía suas casas longe das minas d’agua!” E essa teoria era confirmada pelos antigos. E faz sentido.

            As minas d’agua, das quais Misael se referia, ficavam onde hoje estão às quadras entre as travessas Duque de Caxias, Visconde do Rio Branco, Coronel Joaquim Victor e José Rodrigues Palhares, ladeadas pelas ruas Victor Meirelles e Inácio Ribeiro (antiga Rua das Flores). A Rua das Flores, provavelmente, seria a primeira rua devidamente planejada para a futura cidade de Santa Rita.

            Reforçando essa tese, facilmente chegamos à conclusão verdadeira, uma vez que naquela região, ainda no século 19 existia a Capela de São Sebastião, no Largo São Sebastião, onde hoje está o prédio da Câmara Municipal, um pouco mais abaixo existia uma pequena, no local onde hoje existem as torres de telefonia, com frente para a antiga Rua Prudente de Morais – hoje José Rodrigues Palhares. E mais ainda, o Hospital São Vicente de Paulo, mantido pela Congregação dos Vicentinos ficava bem próximo a esta área, nas imediações do atual Terminal Rodoviário. Provavelmente a Igreja Primitiva de Santa Rita ficava nessa área, ou bem próxima dela.

            Além dos registros paroquias encontramos um registro com uma caligrafia quase que irreconhecível, onde consta que a Assembleia Legislativa Provincial decreta que: Ficam criadas quatro cadeiras de primeiras letras para o sexo masculino, distribuído do modo seguinte:

1.ª no município de Brotas;

2.ª na Freguesia de São Pedro, município em constituição;

3.ª na Freguesia Nossa senhora dos Remédios, em Tietê;

4.ª na Freguesia de Santa Rita do Passa Quatro, no município de Bethlem do Descalvado.

            Ficam revogas as disposições em contrário.

            Sala das Comissões no ano de 1866.

 

Assinado: Andrade Machado.          

  

1873

Abaixo assinado, datado de 12 de janeiro de 1873, endereçado aos Deputados da Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, solicitando a quantia de dois contos para as obras da Igreja Matriz e três contos para construção de Caminho que liga esta Freguesia a Casa Branca.

Segue assinaturas:

Manoel das Dores Brasil – Vigário

Francisco Modesto Guilhermino – Juiz de Paz e eleitor

Manoel Cyrino Alves – Juiz de Paz e eleitor

João da Silva Pedroso – Juiz de Paz e eleitor

Segue mais 41 assinaturas de cidadãos aqui residentes.

  

 1877

 

            Abaixo assinado, datado de 08 de março de 1877, solicitando aos deputados da Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo para que seja construída uma ponte sobre o Rio Mogi Guaçu, num ponto conhecido com Rio de João Antônio.

Segue assinaturas de:

Padre Manoel das Dores Brasil

João da Silva Pedroso

João Antônio Pereira e 53 assinaturas.

 

 1879

Documento da Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, decreta:

A Freguesia de Santa Rita do Passa Quatro, município de Pirassununga e da Lagoinha, passam a serem vilas, conservando as mesmas suas denominações respectivas.

            Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, 28 de março de 1979.

 

  

1882

Abaixo assinado pedindo a Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo que torne a freguesia de Santa Rita do Passa Quatro a Vila.

            Santa Rita do Passa Quatro, 01 de fevereiro de 1882.

Manoel Martins de Oliveira

José Bueno de Lima

Carlos de Oliveira Salles e mais 36 assinaturas.

 

ALMANAK

 

Numa Almanak (provavelmente de 1882) encontramos uma relação das atividades exercidas na Freguesia de Santa Rita do Passa Quatro:

            Esta Freguesia se acha colocada no cimo de uma montanha, distante 30 quilômetros de Pirassununga. Foram seus fundadores: Francisco Deocleciano Ribeiro, seu pai Ignácio Ribeiro do Valle e o reverendíssimo Padre Jeremias Nogueira. Pela primeira vez aparece o nome do Padre Jeremias Nogueira como fundador da Freguesia de Santa Rita. Na galeria dos vigários da Paróquia de Santa Rita, o Padre Antônio José de Castro foi nomeado capelão-cura em 1862.

 

Juízes de Paz: 1.º - José Ferraz de Carvalho; 2.º - José Alacrino Ramiro de Abreu; 3.º - Francisco Vieira Palma; 4.º - Henrique de Almeida Regadas. Escrivão: Manoel Honório de Oliveira.

Subdelegado de Polícia: Capitão Manoel Martins de Siqueira. Suplentes: 1.º - Eustáquio Antônio de Lima; 2.º - Bernardino José Martins; 3.º - Vago.

Agente do Correio: Francisco José Machado.

Coletor de Rendas: Fortunato de Paula Saldanha.

Igreja Matriz: (sob a invocação de Santa Rita): Vigário: Padre Ângelo Maria Vaccaro.

Médico: Dr. Armindo Leite de Mello.

Farmácia: Cândido Eliseu de Sampaio.

Lojas de Fazendas, Ferragens, etc.

Agapito Júlio Xavier, Carlos Salles & Cia., Gomes & Timpson, João da Costa Bernardo & Cia., Joaquim Bernardino Moreira, Joaquim Gomes de Oliveira e Júlio de Souza & Cia.

Fazendas de Cultura de Café:

Anna Duponchele, Antônio Augusto Monteiro de Barros, Antônio Joaquim do Nascimento, Antônio Manoel Palma, Dr. Armindo Leite de Mello, Tenente Coronel Bento José de Carvalho, Bento Pedroso de Moraes, Dr. Carlos Paes de Barros, Tenente Coronel Delfino Martins de Siqueira, Dr. Elias Fausto Pacheco de Jordão, Eustáquio Antônio de Lima, Dr. Francisco L. R. Guimarães, Francisco Alves de Araújo, Francisco Deocleciano Ribeiro, Francisco Vieira Palma, Dr. Henrique de Almeida Regadas, Espólio de  Januário de Oliveira Camargo, Joaquina Cândida Ribeiro, Tenente Coronel Joaquim Victor de Souza Meirelles, Joaquim Gomes de Oliveira, Joaquim Ricardo de C. Mattoso, João Baptista de Oliveira Cardozo, José Bueno Barbosa Pires, José Ferraz de Carvalho, José Carneiro Cunha Lobo, José Vieira Palma, José Garcia Duarte, José Garcia Rocha, Coronel José Guedes de Souza, Lino Gomes do Nascimento, Lucas Antônio Monteiro de Barros, Manoel Martins da Silveira, Manoel Joaquim Ribeiro, Messias Franco de Abreu, Meirelles & Irmão e Thomaz de Aquino Queiroz.     

 

            Numa outra publicação, provavelmente por volta de 1890, intitulada “Santa Rita do Passa Quatro – Villa” consta que a povoação fundada em território outrora de São Simão, foi criada freguesia pela Lei Provincial de 10 de abril de 1866 e elevada a Vila pela lei n.º 34 de 10 de março de 1885. Pertence a Comarca de Belém do Descalvado. 

 

Administração de Justiça

Juiz Municipal de Órfãos

Suplentes: 1.º - Manoel Custodio Ribeiro; 2.º - Fernando Marinho de Azevedo; 3.º - João Affonso de Siqueira.

Tabelião: Antônio Bernardino Velloso.

Escrivão de Órfãos: Daniel Joaquim Villela Rezende

Oficiais de Justiça: Antônio Felix Gomes, Carlos da Silva Pedroso e Joaquim Martins Ramos.

Câmara Municipal – Vereadores:

            José Vieira Palma, Tenente Coronel Joaquim Victor de Souza Meirelles, Elias Pereira Escobar, Fortunato de Paula Saldanha, Veríssimo José dos Reis, Eustáquio Antônio de Lima e Major Manoel Martins da Silveira.

Secretário: Carlos de Oliveira Salles.

 Procurador: João Theophilo de Meirelles.

Fiscal: João Antônio de Oliveira.

Juízes de Paz:

            1.º - Francisco Vieira palma; 2.º - Hormindo Leite; 3.º - Francisco Alves de Araújo e 4.º - Henrique de Almeida Regadas.

Escrivão da Delegacia e de Paz: Vergílio Horácio de Andrade.

Polícia: Delegado Antônio Maria Gregório.

Suplentes: 1.º - Maragliano da Costa Bezerra; 2.º – Joaquim Custódio Ribeiro e 3.º - Antônio dos Reis Pinto.

Subdelegado: Antônio Castro N. do Nascimento.

Suplentes: 1.º - Elias Pereira Escobar; 2.º - Luiz Gomes do Nascimento e 3.º - Antônio Eleutério da Silva.

Culto Público: Padre Ângelo Maria Vaccario – Pároco. Sacristão: Francisco Vanno e Fabriqueiro: João da Costa Bernardo.

Correio: Agente Vicente H. de Azevedo Antunes.

Coletoria: Agente João Gonçalves da Silva.

Agência Bancária: Júlio de Souza. (Pela primeira vez aparece o sistema bancário em Santa Rita do Passa Quatro.)

Açougue: Siqueira & Martins.

Alfaiates: João Theophilo de Meirelles e Manoel Maria.

Bilhar: Veríssimo dos Reis.

Casas de Pasto: Augusto E. Kronjäger e Siqueira & Martins.

Barbeiro: José Benedicto de Abreu.

Fábrica de Cerveja e Licores: Ernesto Richter e Gustavo Diette.

Fazendas de Cana: Bento Felix de Godoy, José Bento de Godoy, Procópio Cabral & Irmão e Viúva Mafra & Filhos.

Fazendas de café: Antônio Augusto Monteiro de Barros, Antônio Manoel Palma, Antônio Ferraz (viúva), Benedicto Ferraz, Bento José de Carvalho, Carlos Paes de Barros, Delphino Martins de Siqueira, Dr. Elias Fausto Pacheco Jordão, Dr. Elias Pacheco Jordão, Francisco Alves de Arouche, Francisco Leite Ribeiro Guimarães, Francisco Schmidt, Francisco Deocleciano Ribeiro (Viúva), Francisco Vieira Palma, Hermindo Leite de Mello, Dr. Henrique Almeida Regadas, Januário de Oliveira (espólio), Joaquim Victor de Souza Meirelles, Joaquim Gomes de Oliveira, Joaquim Cândido Ribeiro, João Baptista Marcondes do Amaral, João Baptista de Oliveira, José Bueno Barbosa Pires, José Guedes de Souza, José Carneiro da Cunha Lobo, José Vieira Palma, José Garcia Duarte, José Garcia Rocha, Lino Gomes do Nascimento, Madame Anna Duponchelle, Manoel Joaquim Ribeiro, Manoel Franco, Manoel Martins da Silveira, Marinho de Azevedo Dr., Messias Franco de Abreu, Meirelles & Irmão, Thomaz Aquino Queiroz e Pedro Ferraz de Carvalho.

Ferreiros e Serralheiros:

Ernesto Richter, Antônio Ignácio da Costa e João Gonçalves da Silva.

Fogueteiro: Antônio da Costa.

Funileiro: Braz Maturone (os italianos já começam a aparece na nossa história comercial).

Lojas de Fazendas, Ferragens e Armarinho: Adolpho Macherine, Agapito Júlio Xavier, Antônio Timotheo de Aquino, Achillo Delpino, Braz Matuone, Cosimo Macherine, Ernesto Augusto Crogingene, Evaristo de Arruda Campos, Fabiano Barrere, Ignácio Lino de Oliveira, Ignácio C. Lemes de Escobar, Joaquim Bernardino Moreira, Joaquim Soares Pereira, João da Costa Bernardo & Comp., João Piaçú, José de Abreu Fonseca Junior, José Antônio, José Ferreira Ribeiro, Júlio de Souza, Ladislau Pereira da Silva, Lourenço Nunes, Luiz Carlos da Silva e Manoel Felício Quintino.

Máquina de Beneficiar Café: Henrique Timpson & Comp.     

 

Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo,

Decreta:

            Artigo único – Fica o Presidente da província autorizado a despender até a quantia de cinco contos para os reparos da estrada de Porto Ferreira a Santa Rita do Passa Quatro e com a reconstrução da ponte sobre o Rio Claro, na mesma estrada.

            Revogadas as disposições em contrário.

            01 de Março de 1882

Campos Salles

Gabriel (ilegível)

 1884

 IGREJA METODISTA

            A Igreja Metodista em Santa Rita do Passa Quatro foi fundada com a denominação de Igreja Metodista do Sul, nome que veio com os missionários do Sul dos Estados Unidos. O fundador foi o Reverendo Eduard Everett Joiner, (foto)

            Segundo dados históricos da Igreja aqui na cidade, desde 1884 a presença Metodista ocorria reuniões na antiga Rua XV de Novembro (não conta o número do prédio), atualmente Rua José Bonifácio. Somente em 1889 era iniciado o Livro de Registro de Membros, por esse motivo é que se diz que a Igreja foi organizada.

            A Igreja Metodista de Santa Rita, como missionária abriu trabalhos (ponto de pregação) nas cidades de Porto Ferreira, Pirassununga, Tambaú, Santa Cruz das Palmeiras e Caconde, além de atender as pessoas nas fazendas do município santa-ritense.

            Curiosamente, documentos antigos mostram que as medidas do terreno do templo foram declaradas em “Palmos” de frente e de fundos. Esse terreno foi comprado por seis mil contos de réis, afirma Carlos Roberto Vaz Silveira, membro da Igreja Metodista.  

  

1885

 

            Numa publicação sem referências, datada de 1885, era publicada uma relação da administração, comércio e fazendas da Vila de Santa Rita do Passa Quatro, com o seguinte teor:

SANTA RITA DO PASSA QUATRO – Vila

            Povoação fundada em território outrora município de São Simão, foi criada freguesia pela lei provincial de 10 de abril de 1866 e elevada à vila pela lei n.º 34 de 10 de março de 1885. Pertence a Comarca de Belém do Descalvado.

Administração de Justiça (Juiz Municipal e de órfãos)

Suplentes: 1.º - Joventino Lopes de Faria; 2.º - Antônio Carlos Ribeiro e 3.º - Manoel Custodio Ribeiro.

            Tabelião Antônio Bernardino Velloso.

            Escrivão de órfãos: Daniel Joaquim Villela Resende.

            Oficiais de Justiça: Antônio Feliz de Santa Cândida, Carlos da Silva Pedroso e Joaquim Martins Ramos.

            Polícia – Delegado: Antônio Maria Gregório. Suplentes: Maragliano da Costa Bezerra e Joaquim Custodio Ribeiro.

            Subdelegado: Antônio Castro do Nascimento. Suplentes: Elias Pereira Escobar, João Affonso de Siqueira e Luiz Gomes do Nascimento.

            Escrivão: Elias Antônio de Oliveira.

            Câmara Municipal – Vereadores: Tenente Coronel J. Victor de Souza Meirelles, Francisco Deocleciano Ribeiro, Fortunato de Paula Saldanha, Elias Pereira Escobar, Veríssimo José dos Reis, Eustaquio Antônio de Lima e o Major Manoel Martins da Silveira.

            Secretário: Carlos de Oliveira Salles.

            Procurador: João Theophilo de Meirelles.

            Fiscal: João Antônio de Oliveira.

            Juiz de Paz: 1.º - Francisco Nuera Palma; 2.º - Hormindo Leite; 3.º - Francisco Alves de Araújo e 4.º - Henrique de Almeida Regadas.

            Culto Público: Padre Ângelo Maria Vaccario – Sacristão: Francisco Vanno e Fabriqueiro: João da Costa Bernardo.

            Correio – Agentes: Fortunato de Paula Saldanha e Francisco José Machado.

COMÉRCIO

            Açougue: João Antônio Pereira.

            Alfaiates: Domingos Ângelo Pessa e João Theophilo de Meirelles.

            Bilhar: Ignácio Pereira de Escobar.

            Casa de Pasto: Augusto Kronjäger e Siqueira & Martins.

            Fábrica de Cerveja e Licores: Ernesto Richter.

(Nessa publicação não menciona outras casas comerciais)

 

Fazendas de Cultura de Café:

Messias F. de Abreu – Morro Alegre

Francisco Leite Ribeiro Guimarães – Paulicéia

Antônio Augusto Monteiro de Barros – Córrego Rico

Lucas Antônio Monteiro de Barros – Santo Antônio dos Coqueiros

Manoel Martins da Silveira – Rio Claro

José Bueno Barbosa Pires – Tombador

José Guedes de Souza – Quatro Barras

Joaquim Gomes de Oliveira - Cachoeirinha

Delphino Martins de Siqueira – Cascata

Dr. Henrique Almeida Regadas – Santa Feliciana

José Carneiro da Cunha Lobo – Três Irmãos

Joaquim Victor de Souza Meirelles – Fortaleza

Meirelles & Irmão – Santa Cruz

Antônio Manoel de Palma – Boa Vista

José Vieira Palma – Aprazível

M. Anna Dupanchelle – Bela Vista

Carlos Paes de Barros – Santa Maria

José Garcia Duarte – Santa Rita

Francisco Vieira Palma – Monte Belo

Joaquina Cândida Ribeiro – Córrego Alto

José Garcia Rocha – Alto da Serra

Thomaz de Aquino Queiroz – Santa Maria

Francisco Deocleciano Ribeiro – Cachoeira do Mico

Lino Góes do Nascimento – Retiro Grande.

 

           

1889

 

Abaixo assinado Presidente e Vereadores desta Vila endereçando ofício ao Senhor Conselheiro M. A. Duarte de Azevedo – Digníssimo Presidente da Assembleia Provincial, solicitando a aprovação urgente do nosso Código de Posturas, para que se torne Lei neste Município.

            Santa Rita do Passa Quatro, 04 de março de 1889.

Manoel Martins de Oliveira – Presidente

José Vieira Palma

Elias Pereira Escobar

Veríssimo José dos Reis

 

 


 

 RETALHOS DA NOSSA HISTÓRIA

(Publicações feitas no jornal “Gazeta de Santa Rita” na última década do século19.)

 1891

 

Esteve nesta vila de Santa Rita a companhia de operetas que é dirigida pelo Sr. Antônio Pinto, capitão reformado do exército e homem dotado de espírito ilustrado e além disso de um excelente coração.

  Grandes dificuldades encontrou o diretor desta companhia em achar uma casa onde pudesse funcionar os espetáculos; a ser preparado uma para esse fim. A companhia deu  um concerto na sala do Sr. Veríssimo Reis.

   Figuraram naquele concerto, d. Maria Pinto e d. Maria Urite, o barítono Giuseppe Argenton, tenor Joanne Casella e o maestro Francisco Pusoni.

   Exibiram-se perfeitamente todos esses personagens, sobressaindo-se particularmente a interessante atriz Sra. Maria Pinto.

    Foi num desses casarões que tal opereta fora exibida.

E. F. MOGYANA

Julho de 1895

            Prosseguem ativamente os trabalhos dessa importante via férrea do Estado, estando o avançamento a três léguas de Uberabinha, em Minas. Em nosso município estão construindo a ponte metálica sobre um rio, e espera-se que ficará pronta em breve. Todavia a inauguração desse trecho não se fará em fins de agosto, como se esperava.

            Publicação feita num jornal da cidade.

 

REGISTRO CIVIL

 

Foram sepultados no mês de abril de 1895:

Adultos: 09 - Menores: 23

Maio:

Adultos: 12 - Menores: 32

Junho:

Adultos: 12 - Menores: 29

Total:.108

Enterros grátis: 11 – Menores 7.

 

  

SOCIEDADE REPUBLICANA ITALIANA

Em 1895 a Colônia Italiana aqui radicada já estava bem estruturada e atuante.

 

            Diversos membros da colônia italiana aqui residentes, constituíram em Santa Rita, uma agremiação social que terá por título a epigrafe desta notícia.

            A nova sociedade tomará por bandeiras teóricas e ideias expendida pelo glorioso democrata Giuseppe Mazzini.

            Nesse sentido já os associados de nova agremiação política se reuniram, tomando a palavra o senhor Mario Cattaruzza, que salientou, em belas explanações, o objetivo da ”Sociedade Republicana Italiana.”

            A um “triunvirato” composto pelos senhores Mozé Ferrari, Attilio Aureli e Januário Spinelli foi dada a incumbência de dirigir os destinos da nova sociedade, sendo escolhidos para Tesoureiro: Cesar Ghilarducci; para Secretário: Arthur Remondino, e para Porta-bandeira: Domingos Flosi.

 

 

ESCOLA ITALIANA

 

            Neste dia 28 de julho de 1895, às cinco horas da tarde, no salão da Sociedade Beneficente Italiana, foi inaugurada uma nova escola, instituída e sustentada pelos italianos aqui domiciliados, afim de facultar  a infância italiana a luz da instrução.

           

 

SOCIETÀ ITALIANA DI MUTUO

SOCORSO PATRIA E DOVERE

 

  Sono Invitati tutti i soci effetivi ad intervenire oggi 1.º maggio alle ore 4 ½ pom. nel locale teatro all’assemblea ordinaria generale per effetuare l’elezioni generali, giusto il disposto dell’articolo 34.

  Sono pregati i Sigg. soci di non mancare a questa seduta d’importanza inconcussa.

  Santa Rita, 30 aprile 1904.

  P.il presidente

Antonelli Francesco.

 

 

AVVISO

  Il giorno 13 giugno 1904 ricorre la festa Del Santo Tuomaturgo, diretto dall’Egregi Signori zelatore Tosetto Pietro, vice Rizzo Domenico, consigliere Tomadon Giacinto, osservatore Zorzi Gabrielle, quali reppresentanti della sudetta società, e com accorda del ver. Vicário. Avisa i soci tutti Che nel detto giorno trovasi riuniti al Largo da Matriz. Verrà effetuato um leilão a beneficio della festa.

  Sede sociale Travessa Francisco Ribeiro n.º 3.

  Il Cominato. 

   

20 DE SETEMBRO

            A grande data que colocou a Itália livre e unida ao lado das nacionalidades europeias foi também entusiasticamente comemorada em Santa Rita.

            Para esse fim organizou a Sociedade Beneficente Italiana desta cidade uma sessão magna, bem ornamentada para a cerimônia.

            Antes, porém, de realizar-se a sessão, formado um préstito luzido e numeroso, percorreram os italianos as ruas principais de Santa Rita, vistosamente enfeitadas as bandeiras italiana e brasileira, arcos de folhagem, flamulas, galhardetes, etc.

            Precedia-os a banda de música e a bandeira da Sociedade Beneficente, figurando igualmente no préstito, uniformizados e a dois, desfilando os alunos das escolas mantidas pela mesma benemérita sociedade.

            Ao passar o préstito em frente ao escritório do jornal Gazeta de Santa Rita, saudada com palavras eloquentes e entusiásticas, pelo Sr. Giovanni Forcignani, que falou em nome de seus compatriotas. Respondeu, agradecendo, o representante da Gazeta de Santa Rita Arthur Andrade, que fez uma rápida síntese histórica do fato, saudando no dia 20 de setembro a vitória brilhante das ideias que estremeceram, naquele tempo, todo o Velho Mundo.

            Continuando o trajeto, parou o préstito em frente à residência do Sr. Dr. João Augusto de Souza Fleury, ilustrado e íntegro Juiz de Direito da Comarca. Saudou o digno magistrado o Sr. Giovanni Forcignani. O Dr. Fleury respondeu, proferindo uma viva e eloquente alocução.

            Ato contínuo dirigiu-se o préstito ao salão da sociedade, onde se realizou sessão magna. Presidiu-a, em falta do Sr. Antônio Guião, presidente honorário, e o Sr. Florindo Mazzoai, presidente efetivo, o Sr. Caldara Pietro, tendo a seu lado os demais membros da diretoria..

            Aberta a sessão, foi dada a palavra ao Sr. Giovanni Forcignani, e, em seguida, ao orador oficial o talentoso advogado Horácio de Siqueira que proferiu um belo discurso alusivo ao ato.

            Pediu a palavra, logo em seguida, o distinto advogado de nosso foro Celso Garcia da Luz, que falou em nome do Gabinete Literário Rio Branco, cuja diretoria se achava presente a solenidade.

            Seguidamente, pediu também a palavra Arthur Andrade, saudando a colônia italiana em nome do jornal Gazeta de Santa Rita.

            Todos os oradores, ao terminar, foram calorosamente aplaudidos pelo enorme auditório. Revela notar aqui também o belo hino patriótico composto pelo Sr. Giovanni Forcignani e cantado pelos alunos das escolas italianas.

            Foi em suma, uma festa comemorativa, patriótica e eloquente, a altura da briosa colônia italiana de Santa Rita.

            O Colégio Santa Rita, em homenagem a gloriosa data de 20 de setembro, não funcionou nesta sexta feira.

 

(A quantidade de italianos que aqui residiam já era considerável, a ponto nossa imprensa publicar convocações e avisos neste idioma.)

 LUZ ELÉCTRICA EM SANTA RITA

28 de julho de 1895

 

            Parece que, finalmente a iluminação a luz elétrica vai ser uma realidade entre nós, pois, segundo somos informados, já se acham bastante adiantados os trabalhos preliminares para a instalação da mesma.

            A empresa, cujo privilégio foi outorgado a ativo e laborioso conselheiro Sr. João Baptista de Carvalho Andrade, já empreendeu os passos mais indispensáveis a esse desideratium, tendo já pronto o caminho desta cidade a cachoeira (atual Três Quedas), lugar em que estão sendo feitas muitas obras como: nivelamento para a edificação do prédio respectivo, corte do morro, etc.

            A construção da casa foi contratada com o empreiteiro Melille, devendo a mesma ser toda de pedra e dispor de uma área de 40 palmos quadrados aproximadamente.

            Os postes, em grande parte, tirados. O Sr. Andrade espera que, no decorrer do mês de agosto próximo, estará habilitado para proceder a colocação  e montagem dos referidos postes, conjuntamente com outros acessórios.

            Todos os materiais foram encomendados em tempo conveniente, conforme nos assegurou o empresário, devendo chegar da Europa por intermédio da Casa Siemens e Halske, de Berlin.

            Como se vê do exposto, há todo fundamento para se presumir que, daqui a poucos dias, Santa Rita poderá acompanhar suas irmãs (cidades vizinhas) na vereda do progresso, registrando mais esse notável melhoramento.  

 

EMPRESA LUZ ELÉTRICA

SANTA-RITENSE

 

            A conhecida e importante companhia Arens, estabelecida em Jundiaí, acaba de firmar contrato com o senhor João Baptista de Carvalho Andrade, para o fornecimento da luz elétrica em Santa Rita.

            Segundo as cláusulas principais desse contato a referida companhia se obriga a promover esse grande melhoramento local no prazo inadiável de quatro meses, tempo em que o senhor Andrade julga mais que suficiente para ser convertido em realidade esse auspicioso e enorme benefício, tão desejado por todos.

            Os demais trabalhos acham-se no melhor pé de adiantamento, faltando unicamente os respectivos mecanismos para se ultimar definitivamente as aludidas obras.

            Os obeliscos, que serão fornecidos pelo senhor Andrade, estão quase todos prontos;  os trabalhos da Cachoeira Passa Quatro.

            Acham-se terminadas, inclusive o edifício competente, que, com alguns acessórios a mais, ficará completos e perfeitos.

            O sistema adaptado é o mais moderno e aperfeiçoado. Para chegar a esse desideratum não olhou o senhor Andrade a sacrifícios, tendo apenas em mira dotar esta cidade com um serviço completo e abalizado.

            Para dirigir os trabalhos relativos à montagem do mecanismo está contatado pelo sr. João Baptista de Carvalho Andrade, o engenheiro Egon von Frankenberg.

 

           

 

FRANCESCO PEZZULO

            Chegou a esta cidade, onde pretende fixar residência, o senhor Francesco Pezzulo, erudito professor de línguas.

 

DR. RANGEL JUNIOR

            O senhor doutor José da Costa Rangel Junior, deputado estadual, participou que doravante, pretende recomeçar seus trabalhos advocatícios o tempo que lhe for propiciado pelo interregno congressual.

 

ELEIÇÃO

            Resultado da eleição para deputados, senadores, vereadores e juiz de paz, realizada no dia 30 de julho de 1895, sendo esse o resultado:

Para deputado:

Dr. Alberto Sarmento: 193 votos.

Dr. Adolpho Coelho: 193

Para senadores:

Dr. Jorge Tibiriçá: 187

Dr. Ezequiel Ramos: 187

            Para vereadores:

Joaquim Ribeiro: 156

Dr. Sancho: 132

Alexandre Siqueira: 129

Dr. Regadas: 128

João M. Aguiar: 127

Dr. Travassos: 124

Eustáchio de Lima: 117

Manoel C. Vasconcellos: 115

Candido Sampaio: 69

Misael Alves de Araújo: 67

Dr. Rangel Junior: 66

Antônio Palma: 57

Paulo Vilella: 24

Dr. Guião: 13

Antônio F. Campos: 4

Ignácio Escobar: 4

Francisco Teixeira da Silva: 4

José Joaquim B. Junior: 4

Bento Ferraz, Mariano de Mello, Manoel João da Cruz, Francisco E. Palma e Victor Meirelles, um voto cada.

 

            Para Juiz de Paz:

Francisco T. da Silva: 166 votos

José Garcia Duarte: 160

Severino Meirelles: 159

Manoel Leitão: 76

Francisco Palma: 65

Theophilo Carvalho: 64

José Alacrino, Dr. Hormindo, Dr. Marinho, Victor Meirelles, Barnabé Correa e João S. Nogueira: um voto cada.

 

 

11 de agosto de 1895

 

DESASTRE

O Jornal “Gazeta de Santa Rita”, de agosto de 1895 publicou esta notícia bastante curiosa:

 

            Em um desses últimos dias, no largo da cadeia, foi uma pobre criança de nome Giuseppe vítima de uma natural imprudência, ou melhor, falta de cuidado de seus genitores.

            O caso deu-se quando o pequeno Giuseppe se aproximava de um carro de boi estacionado no referido largo, ocasião em que um dos bois preso no carro lhe vibrou uma terrível cornada, ferindo-o profundamente na região facial esquerda.

            O proprietário do carro, senhor Benedito Porello, foi detido para averiguações, em seguida ao que o puseram em liberdade, mediante indenização de 100$000, paga a família da criança ofendida.

 

CAPELA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

            Por portaria de 20 do fluente (20/9/1895), o Revmo. Sr. Conego Magalhães, digno vigário da paróquia, dispensou do cargo de vice-presidente da comissão de obras dessa capela, a seu pedido, o sr. Alferes João Lucio, nomeando para o mesmo o Sr. Misael Alves de Araújo, o qual já tomou posse solenemente no cargo, na Igreja Matriz.

 

 

DONATIVO

            O generoso e distinto cavalheiro, senhor Joaquim Custódio Ribeiro, agricultor neste município, ofereceu a comissão encarregada de levar avante as obras da capela de Nossa senhora do Rosário, atualmente em construção nesta cidade, o precioso donativo de vinte mil tijolos para conclusão da referida capela.

 

ATO DE BENEMERÊNCIA

            O estimado santa-ritense, Sr. João de Souza Pinto Ribeiro, ofereceu à Capela do Rosário a quantia de 500$000, para ser empregados nas obras da mesma capela. O senhor Joaquim Victor de Souza Meirelles, fazendeiro neste município ofereceu a capela a quantia de 100$000.

 

CAPELA DO ROSÁRIO

            A Capela do Rosário foram feitas os seguintes donativos:

Manoel Bueno Pires – 100$

Antônio M. Palma – 100$

D. Carolina A. de Camargo – 50$

 

EDITAL

            O Dr. João Augusto de Souza Fleury, Juiz de Direito desta Comarca de Santa Rita do Passa Quatro, etc.

            Faz saber aos que o presente edital virem, de acordo com o artigo 327 do regulamento n.º 120, de 31 de janeiro de 1842, tendo procedido ao sorteio dos 48 jurados que tem de compor a 3.ª sessão ordinária do júri do ano corrente, foram sorteados os seguintes:

Adolpho Júlio de A. Merchert Junior, Américo Chaves, Antônio Pazen, Antônio Carlos Nogueira, Bento José de Carvalho, Bráulio Brasiliense de Arruda, Carlos Oliveira Salles, Domingos Faro, Ernesto Richter, Emilio Colonnese, Elias Pereira de Escobar, Francisco Ribeiro Palma, Francisco Teixeira da Silva, Francisco Guilherme dos Santos Martins, Francisco Esaú dos Santos Junior, Horácio de Siqueira, Horácio de Oliveira Campos, Ivo Amâncio Lobato, Joaquim Antônio Bezerra, Joaquim (ilegível), Joaquim Bernardino Moreira, Joaquim Octávio Neves, José Emygidio da Costa, José de Souza Pinto Ribeiro, José da Costa Rangel Junior,  João Paes de Toledo,  João Batista de Oliveira,  João Batista de Carvalho Andrade,  João Batista do Nascimento, João de Souza Nogueira,  João Vicente Ferreira Queiroz,  Manoel Rodrigues, João Theodoro de Oliveira e Silva, João de Pontes Martins, Jeronymo Ribeiro de Andrade,  Luiz Antônio Barboza Nogueira, Luiz Alvarenga Toloza Filho, Moysés Claro Escobar, Manoel de Sant’Afra Souza Meirelles, Manoel Joaquim Ribeiro Sobrinho, Manoel João da Cruz, Manoel José Rodrigues, Marianno Ribeiro de Mello, Marciliano da Costa Bezerra, Paulino Augusto de Araújo, Tobias Torquato de Souza, Urbano de Souza Meirelles e Veríssimo José dos Reis.

            Dado e passado nesta cidade de Santa Rita do Passa Quatro, aos 05 de setembro de 1895. Eu, Jovelino de Moraes Camargo, escrivão do júri.

 

PEQUENA NOTAS

1895

 

AOS SENHORES FAZENDEIROS

            Um moço, casado e com família, deseja se empregar em qualidade de administrador de alguma fazenda. O mesmo possui ótimos requisitos e fala português, francês, italiano e espanhol. Para informações dirija-se ao senhor Pedro Giandugli, na Padaria Ítalo-Brasileira, nesta cidade.

 

PARTIDA

            Partiu, nesta última semana de setembro de 1895, para o Rio de Janeiro, com sua família, o senhor Sancho B. Berenger Cesar, fazendeiro neste município. Sua fazenda era a atual Santa Albertina.

 

RETRATISTA

            Acha-se em Santa Rita, onde pretende-se demorar, o hábil fotógrafo, Júlio Giaxa. O senhor Giaxa é um artista perito; consequentemente, é uma bela ocasião de cada pessoa verificar se o retrato não desmente o espelho.

 

POSSE DE CARGOS

            Entraram em exercício de suas respectivas funções, desde o dia 04 de outubro de 1895, os senhores Antônio de Góes Conrado e José Rangel, o primeiro coletor e o segundo escrivão da coletoria de Santa Rita.

 

 

ESCOLA PRELIMINAR

EM SANTA RITA

            A senhora Maria Rosa de Camargo acaba de estabelecer nesta cidade, um externato e um internato para o sexo feminino.

 

A POLÍCIA

            Chamamos a atenção do digno delegado de polícia Sr. José Alacrino Ramiro de Abreu,  para as cenas desagradáveis de que é teatro, quase toda noite, um dos quiosques do Largo do Rosário, situado nas proximidades da fábrica de cerveja pertencentes aos senhores Rangel e Irmão.

            Segundo nos informaram, constantemente ali se reúne, fazendo uma algazarra insuportável, até alta noite, uma multidão de tardivagos noturnos, que se entregam a condenáveis abusos, perturbando a tranquilidade pública.

             Aí fica a reclamação que nos trouxeram cavalheiros que moram na vizinhança do aludido quiosque.

 

REGRESSO

            De volta da capital deste Estado, onde estiveram por espaço de uma semana, acham-se novamente entre nós os senhores capitão Antônio Bernardino Velloso, Severino Meirelles e José Deocleciano Ribeiro.

 

NOVA FIRMA

            Os senhores Florindo Mazzoni e Tomaso Martino acabam de constituir uma sociedade que, sob a razão social de “F. Mazzoni e Martino, se dedicará ao comércio de joias e outros artigos pertencentes à relojoaria e ourivesaria.

 

CONSÓRCIO

            Realizou-se no dia 29 de junho de 1895, o casamento do simpático e distinto moço Onofre da Costa Bastos com a senhorita Luiza Alves de Araújo, irmã do sr. Misael Alves de Araújo.

 

CONSÓRCIO

            Realizou-se no dia 26 de outubro de 1895, nesta cidade, o enlace matrimonial do Sr. Severino Meirelles com a Srta. Lina Augusta Ribeiro. Serviram de paraninfos por parte da noiva, os senhores Francisco Vieira Palma e José Deocleciano Ribeiro; por parte do noivo, os senhores capitão Olympio Felix de Araújo Cintra e Urbano de Souza Meirelles.

            Tanto o ato civil como o religioso foram celebrados na residência dos pais da noiva.

 

CONSÓRCIO

            O distinto moço Antônio Martins do Valle, comerciante nesta praça, contratou casamento com a senhorita Luiza Esteves de Souza, irmã do Sr. Ezequiel Pereira de Souza.

 

CIRURGIÃO DENTISTA

            Chegou a esta cidade, onde pretende demorar, o Dr. Guarijanna, cirurgião dentista diplomado pela Universidade da Philadelfia. Com um grande tirocínio e um bonito cabedal de erudição profissional o distinto cavalheiro está perfeitamente habilitado para garantir o bom êxito de qualquer trabalho de sua pertinência       

 

PARTIDA

             Seguiu para a Itália, em visita a seus familiares o Sr. Florindo Mazzoni, presidente da Sociedade Italiana Patria Dovere.

 

FALECIMENTO

            Finou-se nesta cidade, no dia 12 de novembro de 1895, o estimável cavalheiro sr. João de Pontes Martins, proprietário do Hotel dos Viajantes. O finado contava 38 anos de idade, deixando viúva e filhos.

 

-oOo-

 

ÊXITOS E PROBLEMAS COM A

LINHA FÉRREA

 

RAMAL FÉRREO

  A construção do ramal da antiga Estrada de Ferro Santa Rita teve início em 15 de outubro de 1884, com bitola de 0,60m (bitola estreita) e que distanciava 205,394km da cidade de Jundiaí, grande entroncamento ferroviário daquela época. Criada por fazendeiros, visando ligar Porto Ferreira que fica as margens do rio Mogi Guaçú, na linha da Paulista, com esta cidade de Santa Rita do Passa Quatro, que na época era chamada Arraial de Santa Rita.

  Os principais fundadores dessa ferrovia foram Bento José de Carvalho, Delphino Martins de Siqueira, Carlos Paes de Barros e Hormindo Leite Mello, que levantaram os recursos para construção do trecho com 27 quilômetros. A estrada foi inaugurada em 1890. Em 1891 a Companhia Paulista compra a ferrovia que passou a ser chamado Ramal de Santa Rita.

  Esse ramal ficou muito conhecido porque nele chegaram muitos imigrantes, principalmente italianos, trazendo grande desenvolvimento para a cidade.

 

 

ESTAÇÃO DE SANTA RITA

            O rendimento geral do mês de junho de 1895 na Estação de Santa Rita foi de 21:706$220. A venda de bilhetes de primeira constou de 283 de primeira classe e 660 de segunda.

 

            No mês de julho de 1895 foi de: Rs 27:476$450, sendo de passageiros de primeira classe, vendidos 313 bilhetes e de segunda classe 543 bilhetes. Mercadorias recebidas: 348.704 quilos e despachados 640.262.

 

Durante o mês de setembro de 1895: Bilhetes vendidos: Primeira classe: 300 Segunda classe: 741. Mercadorias exportadas: 405.512 quilos, sendo 380.288 de café.

Rendimento: 26:014$370.

 

Durante o mês de novembro de 1895: Bilhetes de primeira classe: 316; De segunda classe: 627. Rendimento geral: 28:705$330.

 

 

 

COMPANHIA SANTA-RITENSE

DE RAMAIS

            Está marcado o dia 15 de dezembro de 1895, para uma reunião dos acionistas dessa companhia, reunião que se efetuará no Salão Gustavo Dietti.

            É de crer que, de uma vez para sempre, fique resolvido à sorte dessa empresa, cujos trabalhos se acham paralisados há alguns meses, perdendo muito com esse fato o progresso deste lugar, que já podia estar desfrutando as vantagens oferecidas por esse melhoramento.

            O dr. Feliciano Corcoroca chamou a atenção do povo santa-ritense e em especial dos acionistas, com essa publicação no Jornal Gazeta de Santa Rita, do dia 27 de novembro de 1895, como segue abaixo:

            “Em sucessivos artigos publicados anteriormente, fizemos sentir a Companhia Paulista, argumentando com fatos incontestes, a necessidade inadiável de uma reforma assim no material rodante do ramal santa-ritense, como no armazém que a mesma Companhia estabeleceu nesta cidade.

            Todavia, apesar da justeza das razões patenteadas e das oportunidades desses melhoramentos, nada demonstra, por enquanto, que a Paulista houvesse perfilhado um alvitre qualquer consentâneo com seus interesses e com os interesses do público.

            Não pomos em dúvida a boa vontade da diretoria da importante ferroviária; mas força é confessar que semelhante procedimento, pontilhado de delongas injustificáveis, tanto pode se chamar abuso como desídia – abuso, uma vez que implica um menosprezo aos direitos públicos; desídia, uma vez que pode se resolver em prejuízo moral e material à própria Companhia.

             Nada mais justo que a reclamação feita; nada mais imprescindível que a reforma a se fazer. Se há pouco tempo essa reforma era uma necessidade, agora é imposição.

            Já tivemos ensejo de demonstrar a flagrante exiguidade do armazém da estação santa-ritense. É uma dependência inútil. Pequeno, estreito, sem nenhuma amplidão, nem mesmo pode servir ao movimento das épocas ordinárias – é um barracão completamente imprestável, um arremedo infeliz de armazém. Podendo imperfeitamente servir de depósito a um estabelecimento comercial de alguma vida, perde vez esse pouco préstimo em se tratando de uma Companhia bem organizada, importante e rica como a Paulista, que e a computa do movimento cosmopolita tanto da cidade como do município, assim do comércio como da lavoura.

            Uma pequena cumulação nos tempos normais é quanto basta para a Paulista se achar em face de uma crise, passando seu serviço por grandes irregularidades, sofrendo o público sérios prejuízos. Não podendo o armazém comportar o movimento da estrada, o resultado é que todos sabem: as mercadorias são expostas às intempéries, nas adjacências do armazém, quer essas mercadorias sejam susceptíveis de estragos, quer não.

            É assim que a Paulista costuma corresponder aos favores do público, é assim que tem compromissado acintosamente, protelando sempre a adoção de uma reforma tão compatível com os reclamos do município e com os seus próprios créditos.

            Entretanto, o benefício necessário, urgente que Santa Rita reclama com todo direito, gozam-no diversas estações intermediárias, quase como uma superfectação desastrosa, pois que o movimento aí nem de longe assume as proporções do que se nota na estação desta cidade.

            Atualmente, por exemplo, está a Paulista a braços com dificuldades insuperáveis: para transportar a safra do presente ano não possui vagões suficientes; para acomodá-la, não possui um armazém com a necessária vastidão, o que demonstra evidentemente que, para assoberbar os embaraços da situação, essas duas deficiências são – duas virtudes.

            É obvio que, em tempo de safra, numa zona opulenta como a nossa, a acumulação é inevitável, mas não tão terrível e estranha acumulação que aqui se observa, acumulação que já degenerou em tremenda confusão.

            A consequência é lógica. O café amontoado estraga-se a remessa faz-se morosamente; as transações dificultam-se, perturbando-se; a lavoura sofre; o comércio desfalece; o município retrograda.

            E tudo isso podia ser evitado se a Paulista se comprometesse do importante papel que desempenha na história do nosso progresso! E tudo isso podia-se evitar com duas coisas: um pouco de zelo e um pouco de sacrifício.

            Faça a Paulista esse sacrifício: para recompensá-lo, aí está a riqueza e o futuro deste município; para agradecê-lo, aí está o povo amante do progresso e que sabe aplaudir todas as nobres consecuções.

 

Em 1898 aconteceu essa publicação:

 

EDITAL DE PRAÇA

  O Dr. Tancredo Pitta Pinheiro, Juiz de Direito nesta cidade e comarca de Santa Rita do Passa Quatro, etc.

  Faz saber aos que o presente edital de praça, com o prazo de oito dias virem, que o porteiro dos auditórios deste juízo há de trazer a público pregão de venda e arrematação a quem mais der e maior lance oferecer em o dia dezenove do corrente, ao meio dia, a porta do edifício da Câmara Municipal desta cidade, os bens abaixo declarados penhorados à Companhia Santa-Ritense de Ramais, para pagamento da execução que lhe move Sérgio de Bitencort, os quais vão à terceira praça com o abatimento de dez por cento, conforme o cálculo feito pelo Contador do Juízo e são os seguintes:

  - Um troly de linha férrea por 40$500

  - Quatro machados com cabo por 6$860

  - Duas foices com cabo por 4$860

  - Duas escalas de ferro para dormentes por 6$480

  - Três escalas de trilhos por 4$860

  - Dois fardos por 1$240

  - Três brocas por 3$240

  - Duas chaves para parafusos por 3$210

  - Duas cunhas para ferro por 2$430

  - Um balde de zinco, furado por $405

  - Um trocador por 4$860

  - Uma foice com cabo por 1$620

  - Sete trados por 2$430

  - Nove alavancas por 64$800

  - Um serrote pequeno por $810

  - Trinta e três picaretas com cabo por 53$460

  - Seis enxadas com cabos estragadas por 2$430

  - Quatro marretas com cabo por 19$440

  - Quatro picaretas sem cabo por 6$480

  - Vinte e uma pás com cabo, estragadas por 10$640

  - Um lote de cabos para diversas ferramentas por 22$680

  - Um carrinho de mão por 1$650

  - Duas chaves, sendo uma boa e uma estragada por 64$800

  - Seiscentos e quatorze...........mais ou menos por 4:973$400

  - Sendo todos os bens por 5:3184863

  E quem nos mesmos quiser lançar, compareça neste juízo em o dia e lugar acima declarado.

  E para constar se passa o presente e mais dois de igual teor, que o porteiro dos auditórios os publicará e afixará no lugar do estilo, lavrando a competente certidão.

  Dado e passado nesta cidade de Santa Rita do Passa Quatro aos 10 de dezembro de 1898. Eu Virgínio Waldomiro Villela, ajudante juramentado, o escrevi. Eu Daniel Joaquim Villela Rezende, escrivão que o subscrevi.

  Estava selado com duas estampilhas no valor de quatrocentos réis e assinado: Tancredo Pitta Pinheiro.

 

 

COM A INTENDÊNCIA

27 de novembro de 1895

 

            O Largo da Matriz desta cidade é uma prova exuberante da fertilidade do nosso solo e da potência da nossa natureza. Aquilo hoje não é mais uma praça pública é floresta virgem, quase tão virgem e tão espessa como as florestas cantadas por Longlellovv, Cooper e Saint Pierre.

            A mataria cresce por aquele mundo com a sem cerimônia de uma bailarina. A vegetação alastrou-se pitorescamente: invadiu o largo todo, está invadindo as ruas adjacentes e promete invadir também as casas mais próximas.

            Isso é poético, tratando-se de selvas; mas é triste, tratar-se de cidade.

            A intendência, que tão nobremente há desempenhando seu mandato, conferido pela unanimidade das urnas e pela esperança dos munícipes, não deve permitir por mais tempo um espetáculo como esse, belo em verdade, mas pouco edificante para os nossos créditos de local adiantado e culto.

            Acreditamos sinceramente que a zelosa corporação municipal já pensou nisso, que é mesmo seu desejo de transformar a nuance daquele cenário alpestre, porém nós lhe pedimos, e conosco a população santa-ritense, que esse ponto central de nossa localidade mereça já e já as honras de uma limpeza escrupulosa.

            Aquilo, como está, convém muito à palheta de um paisagista; porém, convém muito pouco ao nome de nosso progresso.

 

 

SOIRÈ DE 15 DE NOVEMBRO

            Correu com muito brilhantismo a festa promovida pela mocidade santa-ritense em homenagem ao sexto aniversário da Proclamação da República.

O salão estava magnificamente adornado, destacando-se, entre folhagens e galhardetes, a bandeira brasileira e de diversas nacionalidades americanas.

            A concorrência, como era de esperar, foi seleta e pomposa, perdurando as danças até os primeiros albores da manhã.

 

 

ENTERRADO VIVO

            Na manhã do dia 15 de novembro de 1895, estando o negro Malachias a trabalhar na cisterna de uma das casas sita à Rua 15 de Novembro, desta cidade, sucedeu que as paredes laterais, correspondentes a parte superior da mesma cisterna, desabassem sobre o infeliz, sepultando-o completamente sob um montão de escombros. Momentos depois, quando o retiraram, Malachias já era cadáver.

 

 

MEDIDA OPORTUNA

            A Intendência desta cidade, por indicação do dr. Henrique de Almeida Regadas, deliberou não permitir mais a abertura de cisternas, uma vez que não sejam estas revestidas com madeira, pedra ou tijolos, ficando o infrator sujeito a multa de 30$ e na reincidência, ao dobro.

 

FERIMENTO E MORTE

            Na tarde do dia 01 de dezembro de 1895, em um armazém, estabelecidos nas imediações da raia, Francisco Pereira, de nacionalidade portuguesa, travou-se de razões com o negro Francisco Felix.

            De palavra em palavra, de exaltação em exaltação Felix arrancou bruscamente de uma faca e avançou para Francisco Pereira, tentando feri-lo. O agredido para evitar os golpes que lhe eram atirados, foi cedendo terreno ao adversário, afastando-se, até que interveio na luta o negro Joaquim de tal. Justamente nessa ocasião Francisco Felix atirava um golpe terrível. Pereira desviou-se lentamente, recebendo a facada, em pleno peito, o infeliz Joaquim, que entrara na contenda para apaziguar os rixosos.

            Francisco Felix foi preso em flagrante, vindo Joaquim de tal à falecer dois dias depois, em consequências do ferimento que recebera.

            Os primeiros socorros foram prestados pelos Drs. Antônio Rodrigues Guião e Pedro Marinho.

           

PRÓ-CUBA

            Por motivos de força maior, ficou transferida para o dia 15 de dezembro de 1895, ao meio dia, a reunião no salão do teatro, como simpatia a causa cubana.

            Parece que um dos motivos que determinaram essa transferência foi não poder a banda musical desta cidade, abrilhantar essa cerimônia altruística, visto como, na ocasião, seu pessoal estar incompleto.

 

IMIGRAÇÃO ESPANHOLA

            Chegaram a esta cidade, procedentes do sul da Espanha, e introduzidos no Brasil sob os auspício do sr. Fernando Sallez, aqui residente, trinta e tantas famílias de trabalhadores espanhóis, formando uma agremiação de perto de 450 pessoas.

            O senhor Sallez já conseguiu, em diversas fazendas deste município, colocação para quase todas essas famílias.

 

PRECES

            Na pitoresca capelinha de São Sebastião há dias que se fazem preces públicas, invocando a intervenção da Providência contra o estranho calor que se tem abrasado, prenunciando os horrores de uma seca com todo seu cortejo calamitoso.

            Oxalá que ao pedido dessas almas piedosas e simples correspondam à benção de uma chuva refrigerante.

 

 POLÍTICA MUNICIPAL

            O jornal “Correio Paulistano”, da Capital, na sua edição do dia 15 novembro de 1898, publicou, sob o título “Mala do Interior”, uma correspondência desta cidade de Santa Rita, na qual se diz que “não passa de uma intriga política, inventada por algum interessado na eleição do diretório, convocada para 15 do corrente” a notícia que demos que o dr. Rangel Junior pretende resignar o mandato de vereador, para o qual foi ultimamente eleito, por achar-se em divergências com alguns chefes políticos.

             Confirmamos de maneira a mais categórica a notícia que demos.

            Com efeito, o Dr. Rangel fez a diversas pessoas a declaração de que pretendia resignar o mandato de vereador.

            Invocamos, para confirmar a veracidade deste fato, o testemunho do honrado cidadão Antônio de Góes Conrado, si formos contestados, apresentamos outros testemunhos.

            Não é nosso costume inventar “intrigas políticas”, ou de outra qualquer natureza.

             De resto, a divergência que existe entre o Dr. Rangel Junior e os chefes políticos desta comarca é pública e notória.

             Basta-nos chamar a atenção dos nossos leitores para a publicação, em outra secção desta folha, que faz o honrado e popular cidadão, Joaquim Custódio Ribeiro, o qual, segundo estamos autorizados a declarar, está de pleno acordo com as legítimas influências políticas desta comarca, unânimes no propósito de continuar a era de paz, de harmonia e de tranquilidade, inaugurada pelo benemérito diretório que, em 15 do corrente, extinguiu o seu mandato.

             A correspondência, à qual nos temos referido, acrescenta que, no dia 15 do corrente, realizar-se-ia uma reunião do eleitorado, convocada pelo “extinto” diretório, para a eleição de um novo; constatando, porém, ao correspondente que a maioria do eleitorado não compareceria às urnas, visto sustentar o diretório eleito no dia 30 de outubro e composto dos cidadãos Joaquim Custódio Ribeiro, Capitão Antônio Bernardino Velloso, Dr. Rangel Junior, Antônio Palma e Severino de Souza Meirelles.

             O fato é que os distintos e estimados cidadãos Joaquim Custódio Ribeiro, Antônio Vieira de Andrade Palma e Severino de Souza Meirelles, não aceitaram a “designação” (é falso que houvesse “eleição”) que se fez de seus nomes em 30 de outubro; os referidos cidadãos, solidários com o antigo diretório, compareceram e votaram na eleição de 15 do corrente.

             Assim, o famoso “diretório político”, designado em 30 de outubro, compôs-se unicamente dos senhores Antônio Bernardino Velloso e José da Costa Rangel Junior.

             Esta é a verdade e assim o testemunhará a população inteira desta comarca.

 

SECÇÃO LIVRE

Ao Público

             Convencido de que o meu nome tem servido para explorações em negócios políticos deste município, e muita coisa se tem feito e se pretende fazer com abuso manifesto de minha tolerância e lealdade, torno público que sou inteiramente solidário com os meus companheiros doutores Henrique de Almeida Regadas, Sancho de Bitencourt Cezar e Cesário Ferreira de Brito Travassos que tem dirigido a política local por prestígio verdadeiro.

             Quanto a uma publicação feita em jornal da Capital e na qual se pretende macular a minha dignidade, fazendo constar o meu apoio a secretos conluios, já a respondi convocando com meus companheiros o eleitorado às urnas e no dia 15 do corrente sufragando com eles os nomes dos que mereçam a nossa confiança política.

            Não podia dar resposta mais cavalheirosa, mais polida e mais clara.

             Posto possam me inspirar estima particular e consideração os senhores José da Costa Rangel Junior, Antônio Bernardino Vellozo e Manoel Joaquim Ribeiro, não lhes dou apoio político para renovação nesta comarca de desgostos, de discórdias, de vinganças e de ódio.

            Santa Rita do Passa Quatro, 17 de dezembro de 1898.

            Joaquim Custódio Ribeiro.

 

 

ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

- Juiz de Direito: Dr. José de Campos Toledo – Rua do Comércio, 62

- Promotor Público: Dr. Benedicto Armando Teixeira Paes – Rua José Bonifácio, 30

- 1.º Tabelião: Major Arthur Whitaker Junior – Largo da Matriz, 8

- 2.º Tabelião: Daniel Villela – Rua Ignácio Ribeiro, 15

- Escrivão de Hipotecas e Júri: Francisco de Paula Almeida – Rua Ignácio Ribeiro, 23

- Escrivão de Paz e Registro Civil: Bráulio Brasiliense de Almeida – Rua Barão de    Cotegipe, 4

- Partidor e Distribuidor: Benjamin Silva – Rua José Bonifácio, 54

- Contador e Partidor: João de Barcellos – Largo do Rosário, 4

Juízes de Paz:

- 1.º Francisco Vieira Palma – Fazenda Monte Belo

- 2.º Joaquim Gonçalves de Siqueira Junior – Fazenda Santa Maria

- 3.º João Affonso de Siqueira – Largo da Matriz, 27

Oficiais de Justiça:

- Agostinho Luiz da Silva – Rua José Bonifácio, 101

- Juvenal de Faro – Rua do Comércio, 68

Correio – Rua José Bonifácio, 56

- Agente: D. Liberalina de Arruda  

- Ajudante: Marcelino de Arruda

Coletoria:

- Coletor: Antônio de Góes Conrado

Escrivão: Manoel de Abreu Villela.

 

 

 

Necrologia

CARLOS SALLES

             Após prolongados padecimentos, sucumbiu nesta cidade às 6h20 do dia 14 de dezembro de 1903, o estimado capitalista e fazendeiro Sr. Carlos de O. Salles. Seu passamento causou geral e profunda consternação, pois o finado gozava em Santa Rita de inúmeras simpatias, pelas suas maneiras lhanas e afáveis. Muito ativo e laborioso, o sr. Carlos Salles se fez pelo trabalho perseverante e honesto, conseguindo reunir fortuna, senão avultada, pelo menos bastante considerável.

             Cidadão prestativo e chefe de família exemplar, o finado mantinha nesta cidade relações na sociedade inteira, a todos tratando afavelmente.

             Era casado com a Sra. d. Thereza Salles, de cujo matrimônio deixou um filho único, ainda menor, de nome Carlos. Era cunhado dos senhores Carlos de Queiroz, escrevente juramentado do 1.º ofício e Arthur Dutra, nosso colega d’O Santa-Ritense.

             O enterro realizou-se terça-feira às quatro horas da tarde, saindo o féretro da Rua José Bonifácio n.º 112, para a Matriz, onde o corpo foi encomendado pelo Revmo. Padre Porphirio, vigário da paróquia, e dali levado ao cemitério, com avultado acompanhamento de amigos.

  No enterro se fez representar a Sociedade Italiana “Pátria e Dovere”, da qual o finado era sócio benemérito, comparecendo uma comissão da mesma, com os respectivos distintivos e as bandeiras nacional e italiana.

            Acompanharam o caixão fúnebre os membros da Irmandade do Santíssimo, o Revmo. vigário, representantes da imprensa e grande massa de povo, notando-se no préstito a presença de distintos cavalheiros da nossa sociedade, que assim prestaram essa derradeira homenagem ao pranteado cidadão.

  A força policial, composta de oito praças sob o comando do Sr. sargento Secundino Rabello, prestou as honras militares devidas ao finado, que era oficial da Guarda Nacional, dando três descargas:- à saída do caixão, à porta da Matriz e no cemitério.

             Sob o caixão vimos duas ricas coroas de flores artificiais, de biscuit e uma de flores naturais com os seguintes dizeres:

  Tributo de amor conjugal

 

 

1904

 

SOCIEDADE ITALIANA “PATRIA E DOVERE”

             No dia 1.º do corrente realizou-se a eleição dos membros da nova diretoria da Sociedade Italiana de Beneficência “Pátria e Dovere”. A nova diretoria, que tomou posse na quarta-feira última ficou assim constituída:

  Presidente: Thomaz Vita

  Vice-Presidente: engenheiro Carlos Corá

  Tesoureiro: Romano Perano

  1.º Secretário: Thomaz Martino

  2.º Secretário: Ângelo Bellazzo

  Conselho Geral: Zootti Cesare, Tarabella Fortunato, Lot Pietro, Amadio Octavio, Antonelli Francesco e Quintino Cambi.

  Suplentes: Baldassare Pascoale, Antônio Marchi e Testa Carmine.

  Revisores: Antonelli Francesco, Baldassare Pascoale e Testa Carmine.

  Porta-Bandeira: Marchi Eduardo e Biagio Gabrielle.

  Fiscais: Baldassare Pascoale, Zootti Cesare e Amadio Octavio.

 LOJA UNIÃO

             Comunica-nos a diretoria desta Loja a seguinte lista dos maçons que têm pertencido ao quadro da mesma Loja, desde a fundação até hoje:

Abel Cardoso, Cap. Antônio B. Velloso, Antônio Martins do Valle, Antonio Nunes da Silva, Angelo Carpinelli, Ângelo Faga, Affonso de Lello, Benedicto Pellicci, Dr. Benedicto Armando Teixeira Paes, Braz Marturano, Cândido Elyseo Sampaio, Carlos Bertini, Carlos de Queiroz, Carlos Jorge, Cap. Claro M. Homem de Mello, Carlos Ghillarducci, Dr. Cesário F. de Brito Travassos, Domingos Flosi, Cap. Domingos de Faro, Evencio de Camargo, Eduardo Rocha, Felício Fahara, Florindo Mazoni, Francisco Teixeira da Silva, Francisco Giovannini, Francisco A. Barbosa Ortiz, Francisco Lochetti, Franklin Brasiliense, Francisco José de Lima, Francisco A. Colonnesi, Francisco Prado, Flamínio F. Vasconcellos, Frederico Narducci, João Affonso de Siqueira, Dr. João A. de Souza Fleury, Dr. João da Silva Telles Rudge, João Vano, João Morgan de Aguiar, João Baptista de Atayde, João Soares de Arruda, Joaquim Custódio Ribeiro, Joaquim Octávio Neves, Dr. José da Costa Rangel Junior, Dr. José de Campos Toledo, José Alacrino Ramiro de Abreu, José Marciliano da Costa, José Boaventura de Campos, José F. de Rezende Sobrinho

Jovelino de Moraes Camargo, Julio Giaxa, Dr. Julio César Pereira Cardoso, Manoel de Carvalho Osório Sobrinho, Manoel Antônio das Neves, Marianno Ferrari, Major Marianno de Mello, Dr. Matheus Chaves Junior, Misael Alves de Araújo, Nicola Reale, Pedro Giovannini, Pedro Guidugli, Paulino Augusto de Araújo, Paschoal Catroppa, Remigio Sbraggia, Ricardo Bonadies, Salvador Maia, Sebastião de Almeida, Sebastião Rodrigues de Oliveira, Thomaz Ticiano, Thomaz Vita, Virginio Horácio de Andrade e Vicente Bombino.

 

 

SUPRESSÃO DA COMARCA

29 de maio de 1904

 

             O Sr. Conselheiro Duarte de Azevedo, ilustre membro do Senado Estadual, acaba de apresentar a esta Casa do Congresso um projeto de reforma judiciária.

  Conforme o art. 4 deste projeto, serão suprimidas, à medida que vagarem, trinta e uma comarca, entre as quais se acha Santa Rita do Passa Quatro.

             O diretório político desta localidade não terá prestígio suficiente para conjurar o perigo que ameaça a categoria judiciária de nossa comarca? Este outrora importante município ficará reduzido a termo da comarca de Belém do Descalvado?

  Mais felizes do que nós foram os habitantes do vizinho município de Santa Cruz das Palmeiras, que, pelo projeto de lei, continua mantido como comarca. É que lá há um diretório que não se limita a fazer mesquinha política pessoal.

 

MANIFESTO

             No mês de junho de 1904 o jornal “Gazeta de Santa Rita” n.º 78 do dia 5, publica uma carta do Juiz de Direito da comarca, Dr. José de Campos Toledo, dirigida ao Presidente e membros do Senado Estadual, protestando contra a supressão da comarca de Santa Rita.

            Nesta carta, ele cita dados da estatística oficial de 1899, publicada pela repartição competente do Estado. A estatística foi apresentada em 12 de dezembro de 1900.

             Segundo este relatório a comarca e município de Santa Rita apresentou:

782 nascimentos

157 casamentos

474 óbitos

             Está fora destes dados o distrito de Santa Cruz da Estrela.

  Somente a estação férrea da cidade recebeu 536 imigrantes estrangeiros, faltando os dados referentes às quatro estações do município.

  A produção agrícola foi avaliada em 7.379.798$000

  A produção zootécnica foi avaliada em 1.939.000$000

  O município possuía 11.652.000 cafeeiros

  A municipalidade arrecadou 115.000$000 sem incluir o serviço de água.

 

DOM JOSÉ LOURENÇO

            Chegou a esta cidade, no dia 04 de maio de 1904, o reverendo sr. Dom José Lourenço da Costa Aguiar, ilustre primeiro Bispo do Amazonas.

  Desde de que obteve a feliz certeza da sua viagem a esta localidade, a população santa-ritense, movida por um sentimento de irresistível empatia pelo egrégio prelado, tratou logo de preparar-lhe condigna recepção.

  De São Paulo, S. Excia. partira para Campinas, em visita a seus parentes ali residentes e, naquela cidade, se demorara dois dias.

            Na terça-feira última, o Sr. Coronel Francisco de Paula, parente e amigo do venerando Bispo do Amazonas, recebeu aviso de sua chegada, no dia seguinte. Desta cidade partiram ao encontro de S. Excia. muitas pessoas, que aguardavam sua chagada em Porto Ferreira, sendo necessário ligar-se mais um vagão ao trem de passageiros.

             Dentre as muitas pessoas que foram ao encontro de S. Excia. pudemos tomar nota das seguintes senhores:

Francisco Teixeira da Silva, Francisco Esaú dos Santos Junior e José de Souza Pinto Ribeiro, representando a Câmara Municipal; Dr. Benedito Armando Teixeira Paes e Carlos de Queiroz, representando o foro; Cel. Joaquim Victor de Souza Meirelles,, Antônio Alves dos Santos e Antônio José de Araújo Netto, representando o Hospital São Vicente de Paulo

Manoel Osório Sobrinho, Thomaz Vita e José Alacrino Ramiro de Abreu, representando o comércio; Sebastião Cândido de Andrade, representando o distrito de Santa Cruz da Estrela; Francisco de Assis Barbosa Ortiz, correspondente do “Correio Paulistano”; José Marciliano Costa, subdelegado de polícia; Cap. João Baptista de Oliveira Cardoso, Veríssimo Custódio, Manoel Gomes de Abreu e Dr. João Fleury, representando esta folha;

             Na estação de Tombadouro, o Sr. João Rodrigues Ribaldo, ofereceu aos viajantes um cálice de conhaque e café.

             Chegando ao Porto Ferreira, os passageiros se dirigiram ao Hotel dos Viajantes, do Sr. Brazo Casali, onde foi servido abundante e saboroso almoço. Em seguida os membros das comissões santa-ritenses, visitaram o Sr. Manoel Lourenço Junior, diretor d’A Folha, percorrendo as oficinas onde se imprime a nossa distinta colega e examinando vários clichês habilmente preparados pelo Sr. Manoel Lourenço.

  Os membros das várias comissões visitaram também o nosso ilustre colega de imprensa, Padre Moyses Nora, virtuoso vigário da paróquia, que a todos cativou com as suas maneiras afáveis e atenciosas.

            À hora da chegada do trem, dirigiram-se todos para a estação, onde era grande o número de pessoas que aguardavam a chegada do egrégio Bispo do Amazonas.

             Além do reverendo Padre Moysés Nora e das distintas professoras d. Julia Borges e Ignácia Zadra, que compareceram acompanhadas de suas numerosas alunas, que formara graciosas alas, vimos na estação o senhores:

Brazzo Casali, José Marques Castelhano, João Ferreira de Oliveira, Bento José de Carvalho, Manoel Lourenço, Amaro da Costa Mattoso, Urbano Romano Meirelles, José Scarazzatti, José Ledubino, David Zadra, Francisco da Silva, Joaquim da Silva, Jacomo Mesiara, João Vicente Araújo, Salvador Montefusco, Antônio J. Pereira, Mathias G. Cardoso, Victorino Bueno, Henrique da Motta Junior, Balthazar Ruas, Antônio Morgado

João Baptista Mendes, Francisco Ferreira, Antônio Ferreira Cascão, Elias Ferreira Mesiara, Antônio Ferreira Chaves, Alfredo Ribeiro, João Rodrigues Ribaldo, João José Mesiara, Joaquim Pinto Cortez, Henrique Girotto, José Cadima, José Andrade, Joaquim Fernandes de Carvalho, Olympio Gomes, Antônio de Assis.

E as senhoras: Nalzira José Mesiara, Augusta M. do Carmo e Viúva Silva.

  Às duas horas da tarde, ouviu-se o silvo da locomotiva e o trem parou à estação. S. Excia. Dom José Lourenço da Costa Aguiar desembarcou, recebendo os cumprimentos das diversas comissões, que lhe foram apresentadas pelo Dr. Theóphilo de Paula, nosso amigo e colaborador. Em seguida, S. Excia. atravessou a estação para tomar o trem do ramal santa-ritense, passando por entre alas das graciosas meninas, que cobriam o venerando Prelado de flores odorantes.

            Nessa ocasião o Revmo. Padre Moysés Nora em vibrante improviso, dirigiu-se ao Exmo. Sr. Bispo do Amazonas, entusiástica saudação, que foi recebido com aplausos unânimes.

  Por entre calorosos vivas, S. Excia. Revma. tomou assento no vagão especial que lhe fora reservado, e deu a beijar o anel episcopal à multidão que desfilava respeitosamente.

            Em companhia do Exmo. Sr. Bispo do Amazonas vieram as senhoras d. Carolina Villaça, viúva do ilustre e saudoso Conselheiro Joaquim Pedro Villaça, d. Carolina Villaça Filha, d. Albertina Jardim  e suas filhas , os padres Evaristo de Paula Moraes, vigário de São Pedro de Piracicaba, o Padre Miguel, da Congregação de Maria e o Dr. Theóphilo de Paula.

            Às duas horas e quinze minutos da tarde partiu o comboio, por entre as aclamações do povo de Porto Ferreira, chegando a Tombadouro as três e oito minutos. Nesta estação aguardavam a chegada de S. Excia., entre muitas pessoas do povo, o Sr. Albino Camargo, fundador da povoação Albinópolis, o Padre Porphirio de Souza Martins, virtuoso vigário de Santa Rita, Comendador Cícero Bastos e sua gentilíssima filha, José Ribaldo Sobrinho, Modulo Innocêncio, Salvador Tropeia, João Fabris e Caetano Pavin.

            Às três horas e quinze minutos partiu o trem, que chegou a esta cidade no horário. Grande multidão aguardava, à gare, a chegada do iminente prelado, que foi recebido por entre estrondosas aclamações. Os sinos da capela de São Sebastião repicavam alegremente à passagem do trem e ouviu-se o estrugir de inúmeras girândolas. A banda de música sob a regência do maestro Bertagnon, que graciosamente se prestou a abrilhantar os festejos, tocou o hino nacional.

             Dentre o grande número de pessoas presentes, podemos, dificilmente tomar nota das seguintes:

Dr. José de Campos Toledo – íntegro Juiz de Direito da comarca

Dr. Rangel Junior – redator chefe d’O Santa-Ritense

Dr. Cesário Travassos – Gazeta de Santa Rita

Dr. Agnello Leite – inspetor literário

Dr. Eduardo Pirajá, Dr. Jeronymo Monteiro, Severino de Souza Meirelles, João Affonso de Siqueira, Antônio Mouço e Silva, Cap. Manoel João da Cruz, Veríssimo José dos Reis, Virginio Waldomiro Villela, Cap. José Garcia Duarte, Luiz Graton, Major Whitaker Junior, João de Souza Nogueira, Arthur Leitão, Adolpho Leitão, Sebastião Nogueira de Souza, João Bellon, Bazílio Marchesini, Amadeu Leitão, Pedro Bizzarro, Carlos Ribeiro, Dr. Cássio Villaça, Francisco Martins de Pontes, Antônio Vieira de Andrade Palma, Manoel Vieira de Andrade Palma, Tenente Evaristo Cândido Mattoso, delegado de polícia, Jovino Leite, João Lázaro, Claudiano Cabral, Daniel Villela, Sebastião Rodrigues de Oliveira, Aristides de Almeida, João de Barcellos, Joaquim da Costa, Arthur Dutra, José Miguel, Juvenal de Faro, Francisco de Almeida Junior, Carlos Arruda, José Matheus, Domingos Sanseverino, Albino Maia, Antônio Velloso Junior, Ayres Henley de Azevedo, Major, Indalécio de Arruda, José Pereira Fernandes, Francisco Machado, Francisco Antonelli, João Alves de Almeida, Pedro Melchor, José de Almeida, Horácio Ribaldo, Horácio de Oliveira, João Baptista de Souza, João Baptista de Barros, Joaquim da Silva Junior, Djalma de Almeida, Ninico Sant’Affra, José Pereira Guimarães Coutinho,, Alfredo Coutinho, José da Costa Bernardo , João Toledo Lima, Severino Soares de Oliveira, Ezequiel Pereira de Souza, Alberto Ferraz, Agnelo Correa, Alfredo Arouca, Tenente Bráulio Arruda, Coronel Francisco F. de Paula, Vicente Landin, Benjamin Silva, Franklin Brasiliense, João Baptista de Oliveira Cardoso, Laudelino Cunha, João de Camargo Aranha, José Cintra, José Castagnetti, João Salustiano, Ângelo Mussolin, Francisco Marianno, Luiz Mussolin, Manoel Cândido, Alfredo Veríssimo, Pedro Lot, Caetano Mango, Jácomo Ferroer, Emilio Rigo, José Emigdio Correa, José Salomão da Silva, João Bernardo e Francisco de Mello.

            Acompanhados de seus respectivos alunos, que tanto abrilhantaram a solene recepção, compareceram também o Major Manoel Balthazar da Silva Lima, as distintas professoras Carmem Cardoso, Maria Banedicta, Hermelina de Albuquerque e Eugênia de Almeida e os dignos professores José Gonso, Armênio Conceição e Francisco de Brito.

            Depois de receber os cumprimentos das autoridades e cavalheiros presentes, Dom José Lourenço da Costa Aguiar tomou lugar no carro que lhe estava reservado, passando por entre alas de graciosas e alegres crianças. Sua Excia. lançou bênçãos sobre a multidão e, depois, o reverendo ilustre Padre Evaristo de Paula Moraes, em eloquente palavras, agradeceu em nome do venerando Bispo do Amazonas, a manifestações que lhes foram feitas pelo sincero e expansivo povo de Santa Rita.

            Em seguida, formando imponente cortejo S. Excia. Revma. seguiu para a fazenda do Coronel Francisco F. de Paula, onde ficou hospedado com sua comitiva. O Coronel Francisco F. de Paula, com a gentileza que lhe é peculiar, recebeu fidalgamente os seus convidados.

             Depois de ter descansado alguns instantes, o Exmo. Bispo do Amazonas, serviu-se o banquete, sentando-se à mesa, além de S. Excia. Revma. os seguintes senhores:

Revmo. Padre Evaristo de Paula Moraes

Revmo. Padre Miguel, do Coração de Maria

Dr. Benedicto Armando Teixeira Paes, Promotor Público da Comarca

Tenente Evaristo Cândido Mattoso, Delegado de Polícia

Dr. Cesário Travassos

Dr. Cássio Villaça

Dr. João Fleury

Dr. Severino Meirelles

Coronel Joaquim Victor de Souza Meirelles, comandante da Guarda Nacional

Tenente Coronel Victor de Souza Meirelles

Severino de Souza Meirelles, presidente e membro do diretório governista

Carlos de Queiroz, João de Barcellos, escrivão de polícia, José Gomes de Abreu, Dr. Eduardo Pirajá, Sebastião Cândido de Andrade, Salvador Maia, Francisco Maturano

Francisco Alves de Almeida, Thomaz Vita, Sebastião Marinho, Domingos Marinho de Azevedo, Antônio Vieira de Andrade Palma, Cap. João Baptista de Oliveira Cardoso,

Affonso de Lello, Thomaz Martinho, Frederico Narducci

Carmine Testa, correspondente do Fanfula

José Alacrino Ramiro de Abreu, 1.º suplente de delegado de polícia

Francisco Teixeira da Silva, Intendente Municipal

Cap. José Garcia Duarte, Joaquim Victor Netto, Cap. Cornélio de Souza Pinto e Manoel de Carvalho Osório Sobrinho.

  Foi servido o seguinte menú:

  Potage

“Canja” à la bresilienne.

  Entrées

Pigeons à la sainte Menéhould,

Poulet aux petits pois

Volau vente d’ecrevisses

Pommes de terres frites.

  Rôtis

Roast beef

Dinde farcie

Cochon de lait à la broche.

  Entremets

Olives, patês de foi gras, croquettes.

  Legumes

Asperges à lacréme, haricots à l’uile, tomates farcies, palmitos.

  Dessert

Petits fours, macedoine de fruits, fromage à la créme, confitures, fruits de la saison.

  Vine

Caldas, Cajú, Chambertin, Porto, Madére, Lambrusco.

             Ao desset, o Exmo. Sr. Bispo do Amazonas foi saudado pelos senhores Drs. Cesário Travassos e João Fleury em nome da imprensa livre e independente. Sua excelência Revma. respondeu, em frases concisas e eloquentes, relembrando, com saudade, o tempo em que combatera na imprensa, em prol da verdade, da religião, da paz e d liberdade dos povos.

             As últimas palavras do ilustre prelado foram recebidas por entre gerais e calorosos aplausos.

             Às nove horas da noite, mais ou menos, retiraram-se os convidados, cativados pela palavra lhana e ilustrada do Exmo. Bispo do Amazonas e penhoradíssimos pelas maneiras afáveis com que foram tratados pelo  Coronel Francisco de Paula e sua esposa.

 

 

CONDE ALDROVANDI

             Chegou a Santa Rita, no dia 2 de junho de 1904, o Exmo. Sr. Conde Aldrovandi, digno cônsul italiano em Campinas. Sua Excia. foi recebido na estação por muitos membros da colônia italiana e pessoas gradas desta cidade que acompanharam até ao Hotel Nacional, do Sr. José Castagnetto, onde ficou hospedado.

            O Sr. Conde Alfrovandi veio a Santa Rita, a fim de tomar conhecimento das reclamações dos colonos de um estabelecimento agrícola, conseguindo chamá-los à harmonia e extinguir as dúvidas existentes.

             Sua Excia. regressou a Campinas no dia 4.

 

 

FALECIMENTO

 

D. Anna Cândida Ribeiro

            No sábado, dia 4 de junho de 1904, às 9 horas da noite, mais ou menos, faleceu nesta cidade, a Sra. Anna Cândida Ribeiro, proprietária de uma das mais importantes fazendas do município e mãe de numerosa e distinta família da localidade.

             A triste notícia circulou rapidamente, produzindo unânime e profunda consternação, correndo logo inúmeras pessoas à residência da veneranda senhora, onde iam certificar-se do desolador acontecimento.

            Dona Anna Cândida Ribeiro nasceu aos 12 de setembro de 1840 em Baependi, no Estado de Minas Gerais e era filha de Manoel Custódio Vieira e d. Umbelina de Andrade Vieira.

            Era uma das mais estimadas e venerandas senhoras da sociedade santa-ritense, onde ocupava saliente lugar, pois aliava as mais nobres e acrisoladas qualidades de caráter ou sentimentos caritativos e generosos de seu bondoso coração.

             Viúva do popular Francisco Deocleciano Ribeiro, inolvidável fundador desta localidade, a veneranda finada deixa os seguintes filhos:

  D. Ignácia Ribeiro Garcia – casada com José Garcia Duarte.

  Joaquim Custódio Ribeiro.

  Carlos Ribeiro.

  D. Francisco Ribeiro Palma – casada com Francisco Vieira Palma.

  D. Maria Amélia Ribeiro – casada com Manoel Custódio Ribeiro.

  D. Rita Ribeiro Villela – casada com Paulo F. Villela Rezende.

  José Deocleciano Ribeiro.

  D. Eulália Ribeiro Conrado – casada com João de Góes Conrado.

  Victor Ribeiro.

  D. Lina Ribeiro Meirelles – casada com Severino Octávio de Souza Meirelles.

  Jonas Deocleciano Ribeiro.

             Durante toda a noite de sábado e no dia seguinte, chegaram a esta cidade numerosos parentes e amigos que vinham prestar à virtuosa senhora a última e piedosa homenagem.

            O enterro efetuou-se no domingo passado, e, apesar da chuva que caiu durante o dia todo, foi um dos mais concorridos que se tem visto nesta cidade.

            Sobre o caixão mortuário que foi depositado na sala de visitas, transformada em câmara ardente, vimos várias coroas de flores naturais, artisticamente entretecidas.

             Além destas, destacavam-se duas riquíssimas coroas, com os seguintes dizeres: Saudades de seus filhos e filhas; - Saudades de seus genros e noras.

             Às 4 horas da tarde saiu o fúnebre cortejo em direção a Igreja Matriz, onde o Revmo. Vigário fez a encomendação solene do corpo, sendo o caixão depositado sobre majestosa e imponente eça.

             Da casa de residência até à Igreja, pegaram nas alças do féretro os senhores Joaquim Custódio Ribeiro, Carlos Ribeiro, José Deocleciano Ribeiro, Victor Ribeiro e João de Góes Conrado, os primeiros, filhos e o último, genro da finada.

             Dentre as numerosas pessoas que acompanharam o féretro ao cemitério vimos as seguintes:

Dr. Pedro Marinho, Dr. Eduardo Pirajá, Dr. Teixeira Paes, Dr. Jerônimo Monteiro, Dr. Severino Orestes Meirelles, Dr. Cesário Travassos e João Fleury, representando este jornal, Cap. Antônio Bernardino Velloso, Cel. Joaquim Victor de Souza Meirelles, Antônio Vieira de Andrade Palma, Francisco Vieira Palma, Ezequiel Pereira de Souza, Bráulio Brasiliense de Arruda, Joaquim Mario de Souza Meirelles, Cap. José Garcia Duarte, Cornélio de Souza Pinto, José de Souza Pinto Ribeiro, José Alacrino Ramiro de Abreu, Joaquim Victor Netto, Urbano Albertino de Souza Meirelles, José Reginaldo de Souza Meirelles, João de Souza Meirelles, Urbano de Souza Meirelles, José de Andrade Ribeiro, Olivieiros Ribeiro, Francisco Olympio Pereira, Domingos Theodoro de Souza, Severino Octavio de Souza Meirelles, Cap. Alexandre A. de Siqueira, Severino Santiago Meirelles, Jovino Leite, Virginio Villela, Thomaz Vita, Evaristo Candido Mattoso, Major Manoel Balthazar da Silva Lima, Affonso de Lello, João Vieira de Andrade Palma, Francisco de Assis Barbosa Ortiz, Manoel de Carvalho Osório Sobrinho, Francisco Teixeira da Silva, Antônio Ferraz de Campos Junior, Bento Ferraz de Campos, Marcelino Arruda, Carlos de Arruda, Ângelo Bellazzo, João Baptista Carvalhaes, José Cintra, Fernando Salles, Hormindo Leite, Leopoldo de Siqueira, Antônio Rodrigues, João Affonso de Siqueira, Francisco de Pontes Martins, Antônio José de Araújo Netto, Candido Bueno de Silva, Amadeu Leitão, Misael Alves de Araújo, José da Costa Bernardo, Carlos Bertini, Virgilio Horácio de Andrade, Gabriel José Arap, Honorato Martins Dias, Júlio Leite, Antônio Ceron, José Palma, Thomaz Martino, Francisco de Brito, José Pereira Fernandes, João de Pontes Martins, Pedro de Barros, Cap. Olympio Felix, Arthur de Carvalho, Odilon de Mattos Telles, Antônio de Freitas, Francisco de Paula Almeida, Francisco de Mello, Odon Cardoso, Virgilio Cardoso, Theodoro de Siqueira, José Avelino Rocha, Cap. Francisco Esaú dos Santos Junior, João de Barcellos, Francisco Elias Machado, Alberto Ferraz, Major Arthur Horácio Whitaker Junior, Domingos Marinho de Azevedo, Aristides de Almeida, Anísio Ferreira, José Rangel Netto, Francisco Paschoalini, Alfredo Arouca, Ayres Henley de Azevedo Paulo Villela, Francisco A. Porphirio e outros.

             Além da Irmandade do S.S. Sacramento, compareceram também ao saimento as do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria, que se fizeram representar por suas zeladoras e diretoras de coro.

             O Colégio Silva Lima se fez representar por uma comissão de alunos.  Compareceram também os colonos da Fazenda Passa Quatro e da do Sr. Severino Meirelles.

 

 MONSENHOR PORFIRIO

            Monsenhor Porfírio de Souza Martins exerceu o cargo de pároco da paróquia de Santa Rita por doze anos, de 1898 a 1910, tendo aqui fundado a Irmandade do Sagrado Coração de Jesus e a Conferência São Vicente de Paulo, esta responsável pela criação e manutenção do Hospital São Vicente de Paulo. Esta entidade na década de 40, com a colaboração do padre Geraldo Miranda, criou e ainda mantém o Lar São Vicente de Paulo, antes conhecido como Asilo São Vicente de Paulo.

             Em 1902, período que a febre amarela assolou nossa cidade, esteve à frente de movimentos de combate a tão terrível moléstia que causou a morte de 125 pessoas.

Nesse período nossa cidade passou um conturbado movimento político e social. Ele, sabiamente contornou a situação.

             Monsenhor Porfírio faleceu no dia 16 de novembro de 1912, na cidade de São Carlos.

 

Monsenhor Porfirio foi homenageado com o nome de uma rua. Ela tem seu início nos altos da cidade, desde a Rua Madre Carmelita, num trecho antigamente chamado de “Cava Funda”, passando pelo centro da cidade e terminando nos altos da Cinelândia, na Praça Mario Mauro Ramos Mattoso.

 

            Em outra publicação, posterior a 1905, consta que o município de Santa Rita do Passa Quatro, compreende também o Distrito de Santa Cruz da Estrela e a Paróquia de Santa Rita do Passa Quatro. A principal lavoura é a do café, cultivando também cana de açúcar e cereais. A criação do gado bovino é regular. Sua população é composta de 14.000 habitantes com 685 eleitores. (Dados de 1905).

            A sede da comarca é situada na Serra do Passa Quatro, de onde se descortina um lindo panorama. Dista 280 quilômetros da Capital, 48 de Casa Branca, 16 da Estação do Córrego Fundo, 16 de Porto Ferreira, 30 de Pirassununga e 26 de Belém do Descalvado. Possui uma boa igreja matriz casa da câmara, cadeia e escolas públicas de instrução primária.

           

CÂMARA MUNICIPAL

Presidente: Theophilo de Paula.

Vice Presidente: Severino O. Meirelles.

Intendente: Antônio José de Araújo Netto.

Vereadores: Alcides Cardoso, Castor Sobreira, Francisco Izano dos Santos, José Baptista Gomes e Miguel Cabral de Vasconcellos.

Secretário: José Emilio da Costa Corrêa.

Procurador: Antônio José de Araújo Netto.

Fiscais: Horácio Louzada e Manoel Mendes.

 

ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA

Juiz de Direito: Dr. José de Campos Toledo.

Promotor Público: Benedicto Armando Teixeira Paes.

Tabeliões: 1.º - Arthur H. Junior e 2.º Daniel de Rezende.

Oficial do Registro: Francisco de Paula Almeida.

Partidor e contador: Benjamin da Silva.

Partidor e distribuidor: João de Barcellos.

Juízes de Paz: 1.º - Francisco Vieira Palma; 2.º - Joaquim Gonçalves Junior e 3.º - Barnabé da Costa Corrêa.

Escrivão: Bráulio de Arruda.

JORNAL

“O Santa-Ritense”: Redator e proprietário: Arthur de Moraes Dutra.


COMÉRCIO, INDÚSTRIA E PROFISSÕES

Advogados: Antônio B. Velloso, Benedicto Armando Teixeira Paes, Jeronymo Monteiro, José da Costa Rangel, Severino Meirelles e Theophilo de Paula.

 

Barbeiros: Antônio C. Fonseca, Antônio R. Alves e José Pereira Fernandes.

 

Confeitarias: Antônio Ceron e Francisco Elias Machado.

 

Funileiros: Braz Milleo e Domingos Roggero.

 

Lavradores de Café:

Adolpho Júlio de Aguiar Melchert Junior, Alcides Cardoso & Irmão, Anna Cândida Ribeiro, Anna Miquelina de Lacerda, Antônio F. de C. Junior, Antônio M. de Moura, Antônio Vieira de Andrade Palma, Antônio Zerremer, Baptista Filho & Cia., Bento José de Carvalho, Dr. Carlos Paes de Barros, Carolina A. de C. & Netto, Claro Liberato de Macedo, Cap. Claro M. H. de Mello, Cap. Cornélio de Souza Pinto, Tem. Cel. Delphino M. de Siqueira, Domingos Ferreira de Rezende, Eugênio Anacleto Rodrigues Dias, Firmino de A. Aguiar, Francisca de P. N. e herdeiros, Tem. Cel. Francisco F. de Paula, Francisco de Souza Pinto, Francisco Vieira Palma, Henrique Maia, Herdeiros de A. A. M. de Barros, Herdeiros de A. F. de Campos, Herdeiros de F. M. de Azevedo, Herdeiros de José Gomes de Oliveira, Dr. Hermindo Leite de Mello, J. M. Guedes & Irmão, Jacintho M. C. de Vasconcellos, João Baptista de Oliveira Cardoso, Dr. João Baptista P. de Almeida, Joaquim Antônio Bezerra, Joaquim Bueno B. Pires, Joaquim Gonçalves de Siqueira, Cel. Joaquim Victor de Souza Meirelles, Jonas Ribeiro, José B. da Silva Gomes, Cap. José Garcia Duarte, José F. de R. Sobrinho, José de Souza Pinto Ribeiro, Comendador Lucas A. Monteiro de Barros, Manoel Alves Ferreira, Cap. Manoel Bueno B. Pires, Manoel Caetano Villas Boas, Manoel Ferreira de Rezende, Manoel Vieira de Andrade Palma, Marianna Carolina de Azevedo, Meirelles & Irmão, Meirelles & Siqueira, Miguel Cabral de Vasconcellos, Major Moysés Claro Escobar, Pedro Ferreira Leite, Pires & Oliveira, Raphael Pedro Gandara, Serafim Lemes da Silva, Severino O. de Souza Meirelles, Theodósia Vieira Palma, Dr. Theophilo Fidelis Palma, Tinson & Irmão, Victor Ribeiro e Tem. Cel. Victor de Souza Meirelles.

 

Lojas de Fazendas e Armarinhos:

Antônio José Alves dos Santos, Ezequiel Pereira de Souza, Gabriel José Arab, Joaquim Bernardino Moreira, Leopoldo Arouca e Manoel de C. O. Sobrinho.

 

Lojas de Ferragens:

Colonezzi & Cia., Francisco Colonezzi, Joaquim Gomes de Oliveira, José da Costa Bernardo e Thomaz Vita & Cia.

 

Médicos: Dr. Antônio R. Gurjão, Dr. Cesário B. Travassos, Dr. Delduque Vieira Palma, Dr. Eduardo Pirajá, Dr. João Baptista Amaral, Dr. José Agnello Leite e Dr. Pedro A. Marinho.

 

Farmácias: Abelardo de Campos, Cândido Eliseu Sampaio, José Alacrino Ramiro de Abreu e Manoel João Cruz.

Relojoeiros: Affonso Lelo, Thomaz Martino, Victorio Grijo e Victorio Sartoreto.

Sapateiros: João Vano, Joaquim Marques, José Santanelli, José Talaso, Marianno Ferrari e Romano Perone.

Secos e Molhados: Ângelo Carpinelli & Irmão, Antônio Ceron, Domingos Della Maggiora, Domingos Lot, Francisco Teixeira da Silva, Gandara & Sobrinho, José da Costa Bernardo, Manoel Cândido da Silva, Manoel Carvalho O. Sobrinho, Narciso Regazzi, Palaneze & Cia., Thomaz Vita & Cia. e Victorio Ceron.

 

 

            Em 1907, Santa Rita do Passa Quatro possuía uma população de cerca de 15.000 habitantes, dos quais 1,096 eram eleitores.

            A Câmara Municipal tinha como presidente o Coronel Severino de Souza Meirelles e como vice Antônio Vieira de Andrade Palma. Ezequiel Pereira de Souza era o então Prefeito. Eram Vereadores: Francisco Teixeira da Silva, Miguel Cabral de Vasconcellos, Joaquim Gonçalves de Siqueira Junior, José Gomes de Oliveira Barbosa, e Ricardo Pedro Gadoca. Secretário Interino: João Lazaro de Oliveira. Procurador: Misael Alves de Araújo. Fiscais: Severino E. Villela e Theóphilo Otoni de Carvalho. Porteiro: Francisco de Pontes Martins.

 

Administração Judiciária:

Juiz de Direito: Dr. Alberto Jorge de Oliveira Fausto. Promotor

Público: Dr. Eurico Vieira de Almeida. Tabeliões: 1.º - Arthur H. Junior; 2.º - Virginio Villela.

Oficial de Registro: Francisco de Paula Almeida.

Partidor, Contador e Distribuidor: Benjamin Silva.

Juízes de Paz: 1.º - Joaquim B. Moreira; 2.º - Francisco Palma e 3.º - Carlos de Queiroz (advogado). Escrivão: Bráulio de Arruda.

Polícia: Delegado Dr. Raul de Andrade. Sub Delegado: Ivo Amâncio Lobato.

Instrução Pública: Professores estaduais: Ernesto de Moreira, Maria Fontes, Benedicto de Albuquerque, Eugênia de Almeida, Guiomar de Paulo, José Gonso, Luiz Neves e Theodósia Nobrega de Couto.

Professores municipais: Edgardo de Castro, Francisco de Lima e José Ignácio da Frota.

Coletoria: Coletor Federal – João Marciliano da Costa. 

Coletor Estadual: Antônio de Goes Conrado.

Correio: Agente – Liberalina Arruda. Estafeta: Gabriel de Oliveira. Escrivão: Arthur de Moraes Dutra e Francisco de Assis Barbosa Ortiz. 

Religião: Vigário - Padre Domingos Piacente.

Sacristão: João Gomes de Oliveira.

Confraria de São Vicente de Paulo:

(Administravam o Hospital São Vicente)

Major Odorico dos Santos Almeida – Presidente.

Igreja Metodista: Pastor João Leonel Lopes.

Advogados: Benedicto Armando Teixeira Paes, Carlos de Queiroz, José Da Costa Rangel e Severino Meirelles.

Médicos: Cesário B. Travassos, Eloy Lessa, João Baptista Amaral e José Agnello Leite.

Empresa de Luz Elétrica da Câmara Municipal:

João Lázaro de Oliveira – gerente eletricista

Antônio Gomara: maquinista.

 

FONTES CONSULTADAS

 

Renato Ribeiro Palma

Osmar Milhoci

Jornal Gazeta de Santa Rita (1895)

Jornal O Santa-Ritense (1902 – 1910)

Hemeroteca Nacional

Arquivo Público do Estado de São Paulo

Almanack Laemmert

Biblioteca Brasiliana

Site da USP.

 

 

 

 

 

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