terça-feira, 17 de agosto de 2021

                                       Progresso

O progresso chegou para nós, na década de 1970. Acho que para o Brasil inteiro. Deve ter sido resultado de uma política mundial, e o Brasil estava alinhado com os Estados Unidos da América, teve essa influência, que para nós foi boa. Os produtos agrícolas tinham preço, e o café teve incentivo para ser plantado e tinha garantia de preço mínimo, pelo governo federal (hoje em dia, o cafeicultor troca alhos por bugalhos...o preço da saca quase não paga o custo da produção).
Os financiamentos bancários ficaram mais fáceis e foram difundidos através do rádio. Meu pai financiou no Banco do Brasil a construção de uma casa de alvenaria e a plantação de café. Para plantar café, toda a família se mobilizou. Até os meninos, voltavam da escola e iam encher saquinhos com terra estercada para o pai pôr as sementes do café. Depois ver se nasceram, replantar se preciso, tirar as ervas daninhas. Então preparar a terra e fazer as curvas de nível, com ajuda de carpideira puxada a cavalo.
Lembro bem dessa fase. Ele fez o traçado da primeira curva, amarrou um bambu na focinheira do cavalo e uma criança andando na primeira curva, segurando o bambu e o pai na rua seguinte, tocando o cavalo e forçando a carpideira para fazer os sulcos. Sempre depois que tinha chovido, para o trabalho ficar mais fácil. Até eu ajudei a fazer as curvas de nível, quando uma cansava vinha outra criança ajudar.
Aprendeu sobre a cultura do café com as idas à cooperativa, onde tinha um agrônomo que dava as instruções.
Depois, plantou o café e cuidou, sempre com a ajuda dos meninos e da minha mãe. Foi trabalho duro, mas valeu muito. No meio das ruas plantava feijão e depois de colhido plantava uma carreira de milho.
Então veio a geada de 1975, que queimou muitos cafezais de São Paulo e Paraná. Ainda bem que o pai não se amedrontou, pensou que como tinha acontecido com todos, o governo ia dar um jeito. E deu, a dívida foi prorrogada para começar a ser paga em três anos. E nem precisou plantar o café de novo, porque brotou, então só foi necessário podar os galhos secos.
Pagou a dívida, depois pegou financiamento para fazer a tulha e aumentar o terreirão. Deu tudo certo!
Também na saúde houve um avanço. As mulheres já eram instruídas a ter seus filhos no hospital, vieram mais médicos e houve a educação quanto a higiene bucal, a limpeza nas casas, e as vacinações. Justiça seja feita, o posto de saúde sempre funcionou muito bem. Quando eu nasci, em 1962, já havia um bom atendimento. As crianças eram vacinadas, pesadas e acompanhadas mês a mês.
Viva a Fartura!
Fatima Ribeiro, Maria Aparecida Bicudo e 10 outras pessoas
4 comentários
1 partilha
Gosto
Comentar

Nenhum comentário:

Postar um comentário