Nhô Antônio e outros peões
Também me lembro do Nhô Antônio. Eu tinha uns seis anos e ele já tinha os cabelos brancos. Usava uma barba comprida, não sei se é porque gostava ou porque não tinha ânimo de aparar. As unhas dos dois polegares também eram enormes, acho que ajudava no trabalho.
Lembro bem de uma vez, de tardinha, quando estávamos brincando no terreirão. O milho tinha sido debulhado e sobre o terreiro estava o monte de sabugos. E nós, brincando de fazer prédios. E o Nhô Antônio olhando.
Então ele não se aguentou: agachou e ficou também brincando de fazer prédios. E ele nos ensinou uma nova técnica…ficamos admirados em saber que era possível fazer de outro jeito. E suas unhas grandes ajudavam, porque para um sabugo grudar no outro tinha que apertar bem, e as unhas dele eram próprias para isso. Ficamos brincando lá até a mãe chamar para a janta.
Lembrei dessa estória esta semana quando li um artigo sobre educação infantil. Depois de tanto tempo, algum pedagogo disse que é muito importante para o desenvolvimento intelectual da criança brincar na natureza, com caixas, pedaços de madeira, fazer comidinha de barro, subir em árvores, plantar uma semente e ver germinar...Tudo o que nós todos daqui do facebook, com certeza, já fazíamos quando criança....
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