terça-feira, 17 de agosto de 2021

             Feitiço ou Hipnose? (Bairro Serrinha)

Do lado direito da Barra Seca (sentido de quem vem de Fartura) ficava a fazenda do tio Juvenal Garcia, casado com tia Júlia Ribeiro Palma. Continuando à direita era a fazenda do Dito Garcia, e depois a do Domingos Garcia, pai do Zé Mingo e do Luiz Mingo, fazendas essas já no bairro Serrinha.
Lá também tinha caçadas pois nos fundos do bairro Serrinha tem ribeirões que chegam até o rio Itararé, hoje represa de Xavantes. Iam da cidade alguns homens, parentes e amigos. Iam cuidar do rebanho e também caçar.
Um desses amigos era o Joaquim Carneiro que se dizia feiticeiro. Gostava de alardear seus poderes. Então fazia trabalhos para cair carrapato dos animais, afastar cobras e escorpiões, etc. Os fazendeiros davam remédios ao rebanho, mas também não era bom duvidar, então deixavam ele fazer as mandingas.
A Maria era recém-casada com o Alfredo Garcia (filho do Zé Mingo) e não gostava daquele entra e sai de homens na sua cozinha para tomar água e café com leite. Não gostava dos estranhos, principalmente do Joaquim Carneiro, pois ela e o marido eram muito católicos e não gostavam desse negócio de mandingas. E ele também já tinha percebido que ela não gostava dele.
Um dia ela estava atarefada na cozinha fazendo o almoço quando entrou seu cachorro. Ela gritou: sai cachorro sem vergonha! Nisso entrou o Joaquim e achou que ela estava falando aquilo para pegar nele.
Falou: hoje vocês não vão dormir. Ela nem ligou e continuou seu trabalho. E não é que não dormiram mesmo! Contava que quando ela e o Alfredo estavam pegando no sono, escutavam um barulho, acendiam a lamparina e era aquela multidão de ratos descendo pelo telhado, passando correndo sobre as cobertas. No dia seguinte foi a mesma coisa, só que eram aranhas e percevejos.
No terceiro dia ele foi lá de novo, de tarde para caçar com a turma, e perguntou se eles tinham dormindo bem.
Ela então entendeu que precisavam rezar. Chamou a Cota e o Chico Garcia (filho do Luiz Mingo) que moravam na fazenda próxima, contou a situação e pediu para irem na casa dela rezar um terço. Foi só assim que pararam de ver coisas e conseguiram dormir de novo!
(Estória contada por Mário Vieira Palma, primo da Maria do Alfredo e irmão da Cota)

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