terça-feira, 17 de agosto de 2021

                               Caçadas em Fartura

Assim como assistimos a caça à raposa nos filmes ingleses, em Fartura nas décadas de 1940 e 1950 também haviam muitas. Só que eram outras caças. Era um esporte.
O tio Vicente Ribeiro Palma e seu cunhado Juvenal Garcia caçavam pacas e cutias às margens do rio Itararé. Cada uns tinha três cachorros pequenos, chamados paqueiros. Eram treinados e iam à frente mostrando onde tinha pacas. Latiam e ajudavam a retirar as pacas das tocas. Quando o tio pegava a espingarda, os cachorros já sabiam que iriam caçar e faziam o maior alvoroço, tanto que um dia passaram correndo perto do primo Fernando, que era menino, o derrubaram e fez um corte enorme na perna e até hoje ele tem a cicatriz.
Já o tio José Neves, casado com tia Inácia Ribeiro Palma, era fotógrafo profissional e só podia vir aos domingos. Trazia sua espingarda e seu cachorro. Tinha um dálmata muito bonito. Ele caçava codornas no sitio da tia Nica, que depois ficou para a Dona Bilica e Seu Oliveiro. Ele atirava e o cão ia buscar e trazia a caça a seus pés.
O outro irmão, o tio Pedro Ribeiro Palma, gostava de caçar veados e capivaras. Ele, seu filho Oliveiro, e seus amigos José Marciano de Castro e Joaquim Bento tinham muitos cachorros. Meu pai, Mário, conta que cada um tinha uns dez cachorros, todos ensinados, amestrados como dizemos hoje. Tinha muitas matas às beiras dos riachos, ribeirão Barra Seca e rio Itararé. Os sítios eram limítrofes e a divisa era a água dos riachos que ficavam em grotas cobertas de mata. À beira do rio Itararé era uma floresta, uma mata muito densa. E tinha caça em abundância. Aos sábados e domingos era aquele barulhão de cachorros, latindo, acuando e os homens atiçando. No fim do dia traziam para casa as caças, que eram limpas, temperadas e serviam de mistura para vários dias da semana.
Contam que um dia o tio Pedro foi caçar sozinho, caiu do.cavalo e quebrou a perna. Foi muito difícil montar de novo para voltar a casa. E naquela época não usavam gesso, então enfaixaram sua perna com tiras de pano, e ele ficou uns três meses deitado com a perna imobilizada sobre calha de telhas portuguesas (aquelas arredondadas).
Mas voltando para nossos dias, tem muitos que gostam desse tipo de carne e tem restaurantes chiques que servem as criadas em cativeiro, pois a caça é proibida, mas acho que capivara deveria ter a caça liberada, pois a população aumentou muito em nossa região, trazendo carrapatos e a doença febre maculosa. Sei de casos que ocorreram em Fartura e Piraju. Nossas represas tem lugares muito bonitos, mas eu evito ir, por medo de se picada por eles.



Nenhum comentário:

Postar um comentário