terça-feira, 17 de agosto de 2021



 Acho fascinante a geografia da nossa região. Num mesmo bairro rural temos diversos tipos de solo, serras, serrinhas, vales, e terra roxa, terra arenosa, terra pedregosa, terra argilosa. Muitas vezes até num mesmo sítio. E as águas, então, temos muitas nascentes que formam riachos e vão para a represa.

Domingo estava na casa dos meus pais, conversando com eles e meus irmãos. E meu pai Mário, como sempre contando histórias e pontuando sobre suas observações da natureza.
Falando sobre a estiagem que há vários anos nossa região vem sofrendo, com a represa baixando cada vez mais, e ele dizia que a chuva só vem para molhar mesmo quando vem do sul, dos lados do Paraná. Quando vem de cima é chuva fraca. E minha mãe perguntou porque ele fala “de cima”. E ele disse que é porque as águas sempre correm do leste para o oeste, aqui na Barra Seca. E realmente é assim mesmo. Os ribeirões sempre correm para os lados da ponte da divisa (ponte Fartura – Carlópolis). E eu nunca tinha prestado atenção nisso.
E falando em falta d’água, a conversa virou para poço. E ele lembrou de quando tinham perfurado o poço da casa dele, que foi seu avô Inácio Ribeiro Palma que tinha mandado furar, que nunca secou e diferentemente das águas dos riachos, a mina lá do fundo do poço vem do oeste! E que seu tio Vicente tinha feito um poço no sítio dele, aqui do lado, mas fez mais no alto, e o poço era muito fundo, e a água tinha cheiro de querosene. Aliás, hoje o poço não existe mais, foi soterrado, porque era perigoso, muito fundo.
E teve o caso de um poço que o Isaac Ribeiro Garcia mandou perfurar perto da casa deles. A fazenda era depois da fazenda do Juvenal Garcia, casado com a tia Júlia, irmã da vó Luiza.
E vó Luiza, era comadre da Dona Tonica, esposa do Isaac. E ela foi lá passear lá, num domingo, e levou as crianças, meu pai Mário, a tia Julieta, tia Cota, tio Zezito, e conversa vai, conversa vem, foram lá para fora ver os animais, e tinha um poço cercado com arame farpado e a vó perguntou para Dona Tonica o porquê.
E ela contou que o Isaac tinha mandado perfurar porque a mina d’água era longe e queriam um poço na porta da casa, mas o Júlio preto, que trabalhava para eles, estava escavando e quando já tinha cavado bastante, desmaiou! E pensaram que ele tinha passado mal, mas depois que puxaram ele, e melhorou, ele disse que tinha sentido um cheiro muito forte, cheiro de gasolina. Talvez o desmaio foi porque inalou gás.
E faz sentido mesmo essa história de cheiro de querosene e gasolina. Lembramos de quando o tio Beleco (Flávio Ribeiro Garcia) contou que pegou fogo num pasto dele e ficou vários dias queimando, mesmo numa área encharcada, terra que plantavam arroz.
E teve uma época que o governado Paulo Maluf criou a Paulipetro e vieram uns técnicos pesquisar e tiraram amostras no bairro da Serrinha, lá nas fazendas dos irmãos Ribeiro Garcia. Pesquisaram em vários lugares. Em Piraju lembro que a amostra foi no bairro dos Britos.
Pena que a Paulipetro não progrediu, pois se tivesse dado certo, nossa região estaria mais rica com os royalties do petróleo.

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