terça-feira, 7 de dezembro de 2021

 

Propor que o constante desenvolver da história possibilite o vislumbrar dos horizontes do futuro, construindo no perene acúmulo das experiências do presente é nada mais que manter livre e consciente, o galgar “degraus” da base que no passado fecundou os passos de um povo, de uma cidade, de uma comunidade laboriosa e comprometida com a construção dos perfis do seu próprio rosto, aquecido pela fé no SENHOR DA HISTÓRIA, testemunhado pela cidadã do alto que, empunhando a Cruz e a Rosa, ilumina essas terras do Passa Quatro, elaborando alicerces que, além de erguer edifícios, faz erguer os sonhos de uma geografia além das estruturas, para dilatar os corações, desenhando assim, novos contornos expressos pela harmonia do passado, presente e futuro.

            A compilação dos “Elementos para a Formação da História da Construção da Nova Matriz”, fruto da pesquisa e arquivo do sr. Argemiro Octaviano, quer ser para todos nós “Fonte” e “Memória” no desdobramento de um período da nossa história – Social e de Fé -, capacitando o manuseio de dias que se tornaram eternos pela riqueza de desafios vencidos, sonhos que se concretizaram e testemunho de trabalho exercido na comunhão e otimismo.

            À fonte de informações oferecidas, borbulham no perene convite de voltar sempre a beber dessas águas que capacitam pela sua força a todos que se abrem a um destemido relato titânico da aparente desproporção da Obra e da Época; isso revigora e entusiasma as decisões e atitudes de quem as lê e se deixa permear pela força que se ergue dessas páginas através do suor do rosto e da alma desses intrépidos “personagens” que ensinam o valor do trabalho e da fé.

            O sr. Argemiro Octaviano penetrando nas informações históricas para “RESSUSCITAR” o ambiente que as produziram, o faz com maestria e lógica construtiva, projetando assim com o impulso do coração, a luz do Passado para a claridade do Futuro.

            Essas páginas nos levam a aprender, na escola da vida, a colocar tudo em comum (informações e experiências), para que ninguém tenha de passar pela “INDIGÊNCIA” histórica, que dilui no descompromisso os passos de um povo, de uma cidade, de uma comunidade.

            Na honra de dizer algo para a fixação da história da construção da Nova Matriz de Santa Rita, exalto e parabenizo a atitude do sr. Argemiro Octaviano – exímio e atento cidadão santarritense – tendo a plena certeza do andamento dos ESCRITOS DE DEUS que, através de sua providência, permeiam a HISTÓRIA DOS HOMENS.

 

Pe. HÉLIO TADEU DA SILVA

Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

APRESENTAÇÃO

 

A construção da Nova Igreja Matriz de Santa Rita, sem dúvida alguma foi o maior acontecimento social de todos os tempos em nossa cidade. Desde a apresentação da ideia, os primeiros movimentos pra angariar fundos, o volume de mão de obra qualificada envolvida na sua construção, as orações pedindo as graças de Deus para o sucesso da obra, as quermesses, os leilões, a preparação de prendas para levantar fundos monetários, a curiosidade dos transeuntes, os lançamento da pedra fundamental, a visita do Bispo da Diocese de Ribeirão Preto, D. Alberto José Gonçalves, a união das autoridades política, cívica e militar, a animação da Lyra Santa Ritense nas retretas, enfim uma infinidade de acontecimentos que, salvo por registros de atas e contratos, algumas poucas fotos e alguns artigos no jornal “Livro do Povo” pouco ficou registrado para a posteridade. O que mais contribuiu para registar esses fatos foi à tradição oral, a memória daquele povo que viveu intensamente esse período glorioso da nossa história.

Esse meu modesto trabalho não esgota o assunto, simplesmente é um ponto de partida para que outras histórias apareçam. Não houve uma sequência de ordem cronológica, uma vez que dentro dos meus limites não me foi possível estabelecer um início, um meio e um fim. Procurei também, em muitas partes, manter a linguagem da época. Como esse acontecimento marcou uma era no contexto histórico de nossa cidade é lamentável a ausência de fotografias, que com certeza foram registradas pelos diversos fotógrafos. Onde estarão essas fotos? 

 

 

 

(FOTO DO MONSENHOR)

 

Monsenhor MANOEL VINHETA

(idealizador e construtor da Nova Matriz)

 

 

A Nova Igreja Matriz tornou-se o orgulho do povo de Santa Rita do Passa Quatro.

Um verdadeiro “cartão de visita” para tantos quantos aqui chegam.

 

 

 

 

NOVA IGREJA MATRIZ DE SANTA RITA

 

A ideia da construção da Nova Igreja Matriz de Santa Rita surgiu no dia 01 de novembro de 1913, porém, a primeira comissão pró-construção foi eleita em 16 de agosto de 1916. A abertura dos alicerces teve início no dia 03 de janeiro de 1917. No dia 11 de fevereiro de 1917 foi lançada a pedra fundamental e a colocação da primeira coluna de portais e o primeiro tijolo ocorreu em 11 de setembro de 1917. A colocação do primeiro degrau de cimento da escadaria até a torre foi feita no dia 03 de outubro de 1917. O madeiramento foi iniciado em 03 de maio de 1919 e terminado em 26 de setembro de 1919 e a primeira telha foi colocada no dia 19 de outubro de 1919.

 

A inauguração de nova Matriz ocorreu no dia 01 de novembro de 1922. A inauguração do relógio da torre foi no dia 07 setembro de 1942. A benção e inauguração da Capela do Santíssimo Sacramento foram em 05 de setembro de 1943. A benção e a inauguração da pintura foram no dia 02 de setembro de 1951.

 

 

 

MATERIAIS USADOS

 

Foram gastos nas obras de Nova Igreja Matriz até o dia de sua inauguração:

- 1.155.000 tijolos;

- 100.000 quilos de cimento;

- 15.000 metros cúbicos de pedras britadas e facetadas;

- 400 metros cúbicos de pedregulhos;

- 6.000 metros cúbicos de areia;

- 30 barricas de cascalho de mármore/

- 2.000 metros de trilhos ferroviários;

- 4.000 sacos de cal virgem;

- 15 caixas de pregos;

- 250 dúzias de ripas;

 

As perobas e jequitibás para a madeira serrada foram oferecidas pelos senhores:

- Manoel Vieira de Andrade Palma – 12 perobas e 2 jequitibás;

- Francisco Esaú dos Santos – 3 perobas;

- Joaquim Marcelino – 3 perobas;

- Dr. Enéas Monteiro de Carvalho – 5 perobas;

- Dona Jacintha Nogueira – 3 perobas e 2 jequitibás;

- Cel. Victor de Souza Meirelles – 2 jequitibás;

- Irmãos Ducatti – 9 arrochantes.

 

 

 

SUBSTITUIÇÃO

O senhor João de Freitas sucedeu a senhor Francisco Gonçalves como mestre de obras da nova Matriz.

 

 

COMISSÃO

 

Comissão Popular pró Construção da Nova Igreja Matriz eleita em 15 de agosto de 1916:

Administrador Geral: Padre Manoel Vinheta

Presidente: Cel. Victor de Souza Meirelles

1.º Vice presidente: Antônio Vieira de Andrade Palma

2.º Vice presidente: Dr. João Batista Pereira de Almeida

Secretário: Virginio Waldomiro Vilella

Tesoureiro: José Thomaz Vita.

 

Comissão de Obras:

Cel. Severino de Souza Meirelles

Manoel Vieira de Andrade Palma

Antônio Martins do Valle

 

Comissão Consultiva:

Cel. Alexandre Siqueira

Cel. Domingos Theodoro de Souza

Adolpho Júlio de Aguiar Melchert

Francisco Esaú dos Santos.

 

 

DADOS EXTRAÍDOS DO LIVRO TOMBO DA PARÓUIA

 

- A antiga Capela de Santa Rita foi construída entre os anos 1858 a 1859 e seus fundadores foram: Inácio Ribeiro do Valle, Carlos Ribeiro da Fonseca, Francisco Deocleciano Ribeiro, Capitão Gabriel Porphirio Vilella e Francisco Modesto Guilhermino.

 

- A Paróquia foi criada em 1859, constando como Capela Curada, e o Padre Antônio José de Castro, que era Vigário de São Simão. E nessa qualidade celebrava os ofícios religiosos na Capela de Santa Rita, que nesta época pertencia ao distrito e freguesia de São Simão.

 

- Em 1862 os protetores da Capela de Santa Rita do Passa Quatro eram os senhores: Capitão Gabriel Porphirio Vilella, Carlos Ribeiro da Fonseca e Antônio Manoel Palma. Essa capela foi filiada a Matriz de São Simão até o dia 22 de dezembro de 1862, quando foi desmembrada e declarada independente, sendo nomeado o Revmo. Padre Antônio José de Castro como Capelão Cura. Nesta oportunidade ocorre a sua benção.

 

- De 1862 a 1864 passamos a pertencer a Descalvado, Casa Branca e Pirassununga. Atualmente pertencemos a Arquidiocese de Ribeirão Preto.

 

 

 

 

 

VELHA MATRIZ

 

Em algum dia do ano de 1882, o Padre Ângelo Maria Vacaro, então vigário da paróquia, demolia a antiga Capela de Santa Rita, e a frente de uma comissão organizada, iniciou a construção da Velha Matriz, cujo término, embora incompleto, deu-se no mesmo ano.

- Os encarregados da construção da Velha Matriz foram:

Veríssimo José dos Santos;

José Carneiro da Cunha Lobo;

João da Costa Bernardo;

José Ferraz de Carvalho;

Tenente Coronel Joaquim Victor de Souza Meirelles;

Dr. Henrique de Almeida Regadas;

Dr. Elias Fausto Pacheco Jordão;

Francisco Deocleciano Ribeiro;

José Vieira Palma;

José Vieira da Rocha;

Januário de Oliveira Camargo;

Manoel Luiz de Godoy, e

Antônio Joaquim do Nascimento.

 

O sino grande da Velha Matriz (sino São Sebastião) foi doado pelo senhor José Alves Villa Real, pesando 1.000 quilos. Esse é o mesmo sino que se encontra na atual Matriz.

A demolição total da Velha Matriz ocorreu no ano de 1923.

 

 

 

A NOVA MATRIZ

 

A posse do Revmo. Padre Manoel Vinheta foi realizada no dia 13 de abril de 1913. A ideia da construção da Nova Matriz (atual), lhe pertence. Depois de ouvir pareceres de diversas pessoas de destaque na sociedade local, apoiando-o incondicionalmente, levou avante o grandioso e arrojado empreendimento.

De fato, a velha matriz, embora cheia de gratas e doces recordações, pequena e sem uma estética, em mau estado de conservação, difícil de ser restaurada, não condizendo com o progresso e a beleza da cidade.

A ideia da construção da Nova Matriz nasceu no dia 01 de novembro de 1913. Quase três anos depois, em 10 de agosto de 1916. Foi eleita a Comissão Pró-Construção. Seus alicerces foram delineados em 02 de novembro de 1917, sendo que no dia seguinte, Padre Manoel Vinheta dava a grande enxadada e com esta as aberturas das valetas onde foi lançada a Pedra Fundamental em 11 de fevereiro de 1917.

O engenheiro responsável pela obra foi o senhor João Lourenço Madeira, que chegou a fazer a planta dos alicerces e o croquis externo, faleceu e não pode apresentar a planta perfeita e completa do majestoso edifício.

O mestre de obras da construção, até junho de 1920 foi o senhor Francisco Gonçalves, arquiteto. No início de junho de 1920, foi despedido o antigo mestre de obras e chamado o senhor João de Freitas, que já trabalhava na obra, filho desta terra que, ardorosamente se pôs a frente do arrojado empreendimento arquitetônico. Rapidamente, como que por um milagre, as obras iam-se concluindo de tal modo que, em junho de 1921 a abóboda central ostentava-se a 22 metros de altura. Em maio de 1922 eram colocados os belos vitrais e as graciosas ogivas compradas da “Casa Conrado” de São Paulo.

Em outubro de 1921, era demolida a torre da matriz velha, e, em janeiro de 1922, a parte dos fundos, para dar lugar à construção das escadarias que dão acesso ao novo templo.

Em maio de 1922, novo contrato era feito com o senhor João de Freitas para o término de mais uma etapa dos serviços do edifício. Em agosto de 1922, finalmente foi construída a abóboda central da entrada principal e o pavimento do coro, em setembro, a abóboda da capela do Santíssimo e da Sacristia, sendo também assentadas as portas, cujos desenhos do professor Luiz Neves e trabalhos do senhor Sebastião de Oliveira, popular Faísca, filhos desta terra de Santa Rita do Passa Quatro.

Afinal deu-se sua inauguração no ano do “Centenário da Independência da Pátria”, em 01 de novembro de 1922.     

 

 

 

O DIA DA INAUGRAÇÃO DA NOVA MATRIZ FOI ASSIM:

 

Suntuosas foram às solenidades de inauguração da Nova Matriz, realizada no dia de Todos os Santos, no ano do Centenário da Independência da Pátria.

Nesse dia 1.º de novembro de 1922, às nove horas, conforme já fora anteriormente divulgado, com a praça totalmente ocupada, o Excelentíssimo Bispo da Diocese de Ribeirão Preto, Dom José Alberto Gonçalves, precedido de nove sacerdotes e acompanhando a imagem da nossa Padroeira Santa Rita de Cássia que era transportada pelos senhores membros da comissão de obras, dirigia-se da velha Matriz para o novo Templo. De acordo com o Cerimonial Romano, S. Excia Revma. Percorreu todo o templo pela parte externa, benzendo-o. Feito isto, e a um sinal dado, os paraninfos da Porta Principal, Coronel Procópio de Araújo Carvalho e sua esposa dona Lina Ribeiro Meirelles, desligando as fitas auri-verde a som do Hino Nacional, executado pela Lyra Santa Ritense, abriram as belas portas do novo Templo.

Foi esse um momento de grande emoção e entusiasmo da grande massa popular que esperava para entrar pela porta principal, conjuntamente com a imagem da nossa excelsa padroeira que, nessa hora fazia a sua entrada triunfal, sob o repique dos sinos da Nova Matriz e a queima de fogos.

Na sequência o senhor Bispo Dom José Alberto, dirigiu-se ao altar-mor, onde aguardavam os paraninfos Dr. Alberto Jorge de Oliveira Fausto e sua esposa dona Philomena Fausto. Feitas as orações próprias, os dignos paraninfos abriram de par em par a cancela colocada na grade de mármore ali colocada.

Em seguida deram-se as bênçãos das portas laterais, da direita e da esquerda, e da porta da Sacristia, das quais eram respectivamente paraninfos: o senhor Antônio Vieira de Andrade Palma e sua esposa, dona Dadica Palma; o senhor Coronel Victor de Souza Meirelles e sua esposa dona Ambrosina Meirelles; e senhor major Domingos Theodoro de Souza e sua esposa dona Marianna Vilella de Souza.

Na sequência foi à imagem de Santa Rita colocada sobre o Altar Mor para iniciar a celebração da Missa Pontifical. Terminadas as cerimônias, S. Excia. Revma. Passando a Sacristia, paramentou-se para o grande ato pontifical.

Tomados os paramentos, ladeados pelos diáconos assistentes, Padre Inocente Osés, João Anchuela, servindo de Presbítero assistente Monsenhor Joaquim de Siqueira, ministro do báciulo, Padre Armando Guerrazzi e ministros da missa, padres Jaime Nogueira e Gregório Guarnica. Processionalmente, percorrendo a nave lateral, S. Excia. Entrou pela nave central até o altar mor, enquanto o coro cantava “Ecce Sacerdos Magnus”, da liturgia da composição do Revmo. Padre Motta.

Serviu de mestre de cerimônias no Pontifical, o Revmo. Padre Manoel Vinheta. Foi a primeira vez que um Bispo pontificou em Santa Rita e, a assistência era tão grande, que encheu totalmente o vasto edifício a Nova Matriz.

Durante essa importante cerimônia, a orquestra da Escola Santa Cecilia, regida pela senhora Judith Costa, e tendo como organista o Frei Roque Yaler, cantou a missa de Haller – Opus Tertia.

Ao Evangelho, produziu o discurso inaugural da Nova Matriz, o grande orador sacro, Frei Luiz Sant’Anna, que produziu uma verdadeira peça oratória, prendendo a atenção da assistência por espaço de cinquenta minutos.       

Eis superficialmente, no que constituiu o grande cerimonial de inauguração da Nova Matriz:

A tarde teve lugar a grande procissão de Santa Rita, com uma assistência tão grande como jamais se viu nesta terra, e com os seus andores caprichosamente ornamentados. A entrada da procissão, ocupou de novo a tribuna sagrada, o Frei Sant’Anna que, ainda uma vez mais empolgou a assistência com a sua palavra fácil e cheia de encantos.

Encerrou a festa com a benção do Santíssimo Sacramento.

Terminada as festividades religiosas, o povo esperava apenas que fossem queimadas os fogos e artifícios confeccionados pelo hábil pirotécnico, senhor Arthur de Carvalho, o que aconteceu às 21 horas. Nessa hora, a praça repleta, sendo difícil encontrar um lugarzinho de onde se pudesse apreciar o espetáculo pirotécnico. As peças queimadas eram apenas em número de dez.

 

 

BENÇÃO E LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA ANGULAR DA IGREJA MATRIZ DE SANTA RITA

 

Uma antiga aspiração do povo de Santa Rita era a edificação de um templo suntuoso e digno que servisse para Matriz de nossa Excelas Padroeira. No entanto, essa ideia, que representava uma necessidade para a nossa população católica, nunca fora posta em execução. Afinal, vingada a ideia, um grupo de senhoras de nossa sociedade, chefiadas pela senhora Philomena Simões de Oliveira Fausto, no natal de 1913, promoveu uma grande quermesse em benefício da Nova Matriz, sendo esse o primeiro passo dado para a grandiosa obra que hoje nos ocupamos.

No dia 15 de agosto de 1916, a convite do Vigário da nossa Paróquia, Padre Manoel Vinheta, e sob a presidência do mesmo sacerdote, reuniram-se, no edifício do Grêmio Literário e Recreativo, diversos senhores da sociedade santarritense, aos quais o presidente expondo os fins da reunião, fez sentir a necessidade premente e inadiável da edificação de uma nova Matriz que, sobre ser um padrão do progresso local, atestasse a posteridade o espírito religioso da geração presente e fosse um templo digno da majestade do senhor.

Recebida e aceita com aplauso geral, foi à ideia posta em prática pela comissão, então eleita, da qual fazia parte, como administrador de obras o Revmo. Padre Vigário que, pondo-se imediatamente a campo, abriu desde logo o livro de donativos, encontrando no meio do povo, tão boa vontade, que pode, a 02 de janeiro de 1917, atacar o serviço de abertura das valetas destinada ao recebimento dos alicerces, na principal das quais, a 11 de fevereiro foi lançada a Pedra Angular do novo templo.

Nessa data, às nove horas da manhã, S. Excia. Revma. D. Alberto José Gonçalves, devidamente paramentado e sob o pálio, dirigiu-se ao altar armado para a cerimônia, precedido pelo andor em que era conduzida a pedra, transportada pelos membros da Comissão de Construção e seguido por grande massa popular. Do andor pendiam diversas fitas auri-verdes sustentadas pelas senhoras esposas dos membros da comissão e representantes do Apostolado da Oração e da Pia União das Filhas de Maria. Os paraninfos do ato, senhora Lina Ribeiro Meirelles e senhor Coronel Procópio de Araújo Carvalho, seguravam duas fitas com as cores pontificais e que partiam do mesmo andor.

Chegando ao local, onde, no futuro, seria edificado o altar mor da Nova Matriz, S. Excia. Sentou-se no faldistorio (cadeira onde se assentavam as dignidades eclesiásticas durante as funções litúrgicas), enquanto o Dr. Francisco Meirelles dos Santos, proferiu o discurso inaugural do ato. Em seguida, o senhor Bispo procedeu às bênçãos de praxe.

 

 

 

ATA DO LANÇAMENTO

Da primeira pedra da Nova Igreja Matriz de Santa Rita do Passa Quatro.

 

Aos doze dias do mês de fevereiro do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil novecentos e dezessete, 95.º da nossa Independência e 28.º da República, dia em que a primeira aparição de Nossa Senhora de Lourdes é comemorada pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana, então sabiamente governada por S.S. o Papa Bento XV, nesta cidade de Santa Rita do Passa Quatro, município e comarca do mesmo nome, Estado de São Paulo, da República dos Estados Unidos do Brasil, sendo Presidente da República o Exmo. Senhor Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes, Presidente do Estado, o senhor Dr. Altino Arantes Marques, Bispo Diocesano, o Exmo. Sr. D. José Alberto Gonçalves, Vigário da Paróquia Padre Manoel Vinheta, Juiz de Direito Dr. Alberto Jorge de Oliveira Fausto, Promotor Público da Comarca Dr. Francisco Meirelles de Souza, Presidente da Câmara Municipal, Cel. Severino de Souza Meirelles, Prefeito Municipal, Sr. Antônio Martins do Valle, Delegado de Polícia, Dr. Antônio Fonseca de Rezende, então substituído pelo 2.º suplente, Dr. Joaquim Manoel de Siqueira, às nove horas da manhã, sendo presentes as autoridades eclesiásticas, judiciais, municipais, policiais já referidas, além de grande número de familiares e população em geral, procedeu-se o lançamento da primeira pedra para a construção da Nova Matriz desta cidade e Paróquia, sendo oficiante S. Excia. Revma. Senhor Bispo Diocesano, assistido pelas autoridades mencionadas e pela Comissão Popular composta dos senhores: Padre Manoel Vinheta, administrador geral; Coronel Victor de Souza Meirelles, presidente; Antônio Vieira de Andrade Palma, 1.º vice presidente; Dr. João Batista Pereira de Almeida, 2.º vice presidente; Virginio Waldomiro Vilella, secretário; José Thomas Vita, tesoureiro; Manoel Vieira de Andrade Palma, Coronel Severino de Souza Meirelles e Antônio Martins do Valle, membros da comissão de fiscalização das obras; Capitão Alexandre Antonio de Siqueira, Capitão Domingos Theodoro de Souza, Adolpho Júlio de Aguiar Melchert Junior e Capitão Francisco Esaú dos Santos, membros da comissão consultiva, encarregada de levar a efeito tão grandioso monumento, destinado a ser morada, honrosa quanto possível, de Deus nosso Senhor, e que teve início com uma quermesse idealizada e levada a efeito para tal fim em dezembro de 1913 pelas senhoras Philomena Fausto, Lina Ribeiro Meirelles, Virginia do Amaral Cardoso, Antonieta de Souza Martins, Philomena Meirelles Pinto, Maria Bernadete Palma, Rita Feraz de Barros, Floriza Borba Vita, Thereza da Cunha Salles, Rita Pinto Salles e Agostinha Vilella. Colocada pelo Bispo Diocesano em lugar apropriado a primeira pedra do que será no futuro o suntuoso Templo do Senhor, digno dos católicos da progressista população desta cidade, depois da benção do ritual e do discurso inaugural proferido pelo Dr. Francisco Meirelles dos Santos, foi, para todo o tempo constar, lavrada esta ata, a qual vai ser lançada dentro da dita pedra fundamental, oferecida pela menina Ruth, filha de Virginio Waldomiro Villela e de dona Maria Augusta Rangel Vilella e será argamassada por S. Excia. Revma. Servindo-se para tal de colher de prata oferecida pelo menino Marco Aurélio, filho do senhor Capitão Domingos Theodoro de Souza. Eu Virginio Waldomiro Vilella, Secretário da Comissão de Construção da Nova Matriz, a escrevi e assino com todas as pessoas nesta mencionadas, senhoras e populares, representantes de todas as classes sociais.

 

 

PALAVRAS DO PADRE VINHETA

 

...”os meus trabalhos e a minha atividade tem-se desenvolvido quase que exclusivamente em torno desta gigantesca construção, se atendemos às suas proporções, seu estilo, sua figura arquitetônica.”

 

...”para conseguir isto, além da grande economia a que fui obrigado a fazer e empregando uma grande tática administrativa é incalculável a soma de esforços que desenvolvi na propaganda, no púlpito, pela imprensa, auxiliado pelo senhor Antônio de Araújo Neto e pelo jornal local – o Livro do Povo -, em circulares, cartas, convocações, animando a todos, resolvendo as dificuldades a estes, ameaçando caridosamente aqueles, ora rindo, ora brincando, ora fingindo-me de zangado, fazendo ver a necessidade que havia de um Templo, e as graças que daqui podíamos obter do Céu. Pedi esmolas no meio da coletividade, individualmente, saindo a pé pela cidade, de troli por essas fazendas, fazendo cestas, rifas, tômbolas, quermesses, vendendo bilhetes, etc.”...

 

...”só ao serrador para preparar a madeira já paguei, para caibros e vigotas mais de três contos de réis, ripas gastaram-se 250 dúzias. A madeira para pés direito e travessões, foram transportadas grande parte, por uma carroça de minha propriedade e o resto foi oferecida por diversos fazendeiros.”

 

...”As dificuldades, os dissabores, as contrariedades, as desilusões e contra tempos tem sido ingentes; mas, mercê de Deus, tenho, sem desalento até esta data, vencido tudo, mesmo a relutância em concorrer no princípio, o desalento de mitos, as insinuações malévolas de alguém, a dúvida desanimadora de quase todos: “Será que vai?” Era o estribilho: “Só de aqui a vinte anos, só para nossos netos.”

 

 

 

PESSOAS QUE OFERECERAM

Altares, Imagens e Complementos Religiosos.

 

- Altar Mor e pavimento de mármore, oferta de: Dona Ambrosina Meirelles;

- Altar de Nossa Senhora do Rosário: esposos João e Catharina Carvalhaes;

- Altar de São Sebastião: Antônio Vieira de Andrade Palma;

- Altar do Sagrado Coração de Jesus: Apostolado da Oração;

- Altar de São José: Senhoras Zeladoras de São José;

- Altar de Santo Antônio: Colônia Italiana;

- Altar da Imaculada Conceição: Dona Olimpia Meyrelles;

- Altar de Nossa Senhora do Carmo: Virginio Vilella;

- Altar de Nossa Senhora das Dores e Senhor dos Passos: Joaquim Gonçalves Siqueira;

- Imagem de Santo Antônio: Colônia Italiana;

- Imagem do Sagrado Coração de Jesus: Dona Izabel M. Siqueira;

- Imagem da Imaculada Conceição e São Geraldo: Dona Olimpia Meirelles;

- Imagem de Santa Terezinha do Menino Jesus: Dona Catharina Carvalhaes;

- Imagem de Santo Antônio dos Pobres: Senhorita Armênia Mariano;

- Imagem de Santa Inês: Dona Heroina Cruz;

- Dois ricos Anjos para o Altar Mor: Senhor Luiz Cardoso;

- Dois púlpitos, de estilo gótico: Dr. Oscar Tompson e Dona Lucinda Meirelles;

- Dois ricos Confessionários: doados pelas senhoras Philomena Fausto, Ambrosina Meirelles, Dadica Palma, Catharina Carvalhaes, Gabriela Pinto, Maria Segatto, Jandira Mattoso, Mariquinha Barbosa, Amélia Ragazzi, Bianca Martino, Blandina Pinto e Caçula Leite.

- Corporais, sanguíneos, caprichosamente bordados e doados pelas senhorinhas: Nenéca e Anna Palma; Acylina, Anita e Marocas Leite; Deomira Mussolino, Josephina e Blandina Pinto;

- Toalhas para os Altares de: Santa Rita, São Sebastião, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora das Dores, respectivamente as seguintes senhoras e senhoritas: Dócia Palma, Dadica Palma, Armênia Mariano, Rosa e Rita Alves e Onélia Bartholomei.

- Cortinas para os Confessionários: oferta da senhorita Marianna Meirelles;

- Cortina para a Capela do Santíssimo: oferta de Dona Maria Augusta Silva;

- Lâmpada do Santíssimo: oferta de Nhazinha Ribeiro;

- Pedra D’Ara: por Deomira Mussolino;

- Prendedor de toalhas: oferta de Dona Alice Loureiro;

- Sacras, Estantes, Cobertas, Tapetes para diversos altares, Galhetas, Banquetas e outros pertences foram pelos senhores, senhoras e senhoritas Paulina Batista, Jacintha Palma, Feliciano Bueno, Dr. Ultymo Ferraz, Anna Leite, Maria Segatto, Jandyra Mattoso, Sinhá Palma, Lilóta Whitaker e Rosa Alves.

- Um grande Arcaz e uma rica Cômoda, ambas de estilo gótico, completa instalação elétrica, 19 lustres de cristal da Bohemia de 14 arandelas, foram conseguidos pelo Vigário;

- O Relógio da Torre da Matriz foi oferecido por Dona Lucinda Meirelles;

- O Sino maior da nossa Igreja Matriz e ainda o sino da Velha Matriz pesa 1.000 quilos, e foi doado pelo senhor José Alves Villa Real, e foi colocado pelo senhor João de Freitas.

 

Sabemos que muitos foram os benfeitores e cujas ofertas não se acham registradas em livros. O povo santarritense contribuiu para a construção da nossa Igreja Matriz e se na época fossem registrados todos esses donativos, seriam necessárias páginas e mais páginas de livros. É oportuno destacar a contribuição, que foram muitas, da colônia italiana aqui radicada. Sua fortíssima religiosidade, principalmente com seus santos de devoção, Santa Rita de Cássia, Santo Antônio de Padova, São José, São Sebastião e tantos outros que os motivavam a fazer terços, novenas, leilões, quermesses...

 

 

 

 

BENÇÃO DA CAPELA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

 

A Benção e inauguração da decoração da capela do Santíssimo, realizada no dia 05 de setembro de 1943, por D. Manoel da Silveira D’Elboux, então Bispo Auxiliar da Diocese de Ribeirão Preto.

Foram paraninfos da cerimônia de inauguração: Dona Jacintha Palma Meirelles e Sr. Euclides de Carvalho.           

  

 

 

PINTURA E DECORAÇÃO DA NOVA MATRIZ

 

Com a vinda do Padre José Gerônimo Balbino Fuccioli para esta cidade, este, logo após a sua chegada criou uma Comissão Central das Obras da Nova Igreja Matriz, no dia 10 março de 1941 e da qual faziam parte os senhores: Mario Mattoso – presidente; Ciro Fonseca – tesoureiro; Eduardo Padovani – secretário, os quais escolheram em conjunto para fazer parte de Comissão Fiscal da referida comissão os senhores: Dr. Alcides Ribeiro Meirelles, Anibal Monteiro de Carvalho, Alfredo Segato, Tulio Ribeiro, José Alves Carneiro, Urbano Meirelles Filho, Dr. Medardo da Costa Neves, Manoel de Assis Cunha, Atilio Bianchini, Cap. Virginio Waldomiro Vilella, Antonio Meirelles de Souza Pinto e Dr. José Pereira de Abreu, com o fim de reformar a torre da Igreja Matriz, e fazer os reparos no telhado e realizar a pintura da mesma.

Realizado o serviço de reparos no telhado e o serviço de reforma da torre, a referida comissão contatou os serviços do pintor e decorador Nicolau José Biagini para a pintura e decoração interna da Igreja Matriz pelo preço de setenta e cinco contos de réis.

A colocação do relógio da torre, doado pela senhora Lucinda Meirelles, foi também fruto do trabalho da Comissão Central, que contratou para esse fim os serviços profissionais da firma Vitalino Michelini & Filhos.

Com a saída do Padre José Gerônimo Balbino Fuccioli e a chegada do Padre Geraldo Miranda terminou o seu mandato e extinguiu-se a Comissão Central de Obras em 19 de julho de 1942.

A essa Comissão Central das Obras da Igreja Matriz, também devemos e aqui fica, pois, a gratidão pelo zelo que tiveram para com a nossa Igreja Matriz.

 

 

 

CONTRATO

 

Contrato feito entre o Padre Manoel Vinheta e o senhor João de Freitas para o término das obras da Nova Matriz.

 

Os abaixo assinados, Padre Manoel Vinheta, vigário da Paróquia, e o senhor João de Freitas, empreiteiro de obras, ambos domiciliados nesta cidade, tem entre si contratados, o seguinte: Ele, João de Freitas se obriga a executar e terminar na Nova Matriz desta cidade os serviços seguintes: fazer as abóbodas da Sacristia, do coro, da Capela do Santíssimo Sacramento, rebocar as mesmas, bem como todo o corpo interno da Igreja; ladrilhar internamente de tijolos toda a Igreja, fazer o resto das calçadas externas nas dimensões já existentes e ao redor de todo o templo; fazer e dar assentados o tapa vento e as quinze portas, fornecendo para estas as respectivas madeiras, que deverá ser cedro; fiscalizar o assentamento dos vitrais e do resto dos condutores; construir e assentar  três altares, sendo o altar mor e os dois laterais, serviço esse provisório, fazer os pedestais das colunas da nave central, tudo pelo preço total de quatorze contos de réis (14.000$000), que será pago da seguinte forma: um conto e seiscentos mil réis mensalmente nos primeiros cinco meses, e o restante quando for terminado e entregue o serviço. Obriga-se mais ele João de Freitas a entregar esse serviço dentro do prazo de seis meses, contados de 1.º de maio, com exceção apenas dos serviços referentes à sacristia e ao calçamento externo do templo que poderão exceder daquele prazo. Ele Padre Manoel Vinheta fica com o direito de fiscalizar os serviços do empreiteiro, devendo fornecer-lhe todo o material preciso para esses serviços, material esse que será por conta do mesmo Padre Manoel Vinheta, menos os cedros para as portas, e comprometendo-se a dar ao empreiteiro mais a quantia de duzentos mil réis por mês que faltar para completar para completar o prazo supra referido, se forem concluídas e entregues as obras antes de vencido dito prazo. Fica estabelecida a multa de três contos de réis (R$ 3:000$000), que nela incorrerá a parte que deixar de cumprir as cláusulas deste contrato e der causa a sua rescisão, multa esta que será cobrada judicialmente, caso as partes não resolvam amigavelmente. Assim estando combinados, mandaram passar o presente contrato em duas vias e para um só efeito, o qual vai pelos mesmos contratantes assinado, perante as testemunhas infra, e sobre estampilhas federais abaixo coladas.

Santa Rita do Passa Quatro, 08 de maio de 1922.

Padre Manoel Vinheta

João de Freitas

Paulo Evaristo Vilella de Rezende

José Gonso.

 

 

 

 

 

 

 

 

ESTRUTURA DA NOVA MATRIZ

 

Os alicerces, da Nova Igreja Matriz tem 1,50 de largura por 2,50 de profundidade achando-se ligados entre si, sem solução de continuidade por grandes camadas de pedras assentadas em sólida argamassa e principalmente pela grande camada de cimento armado, sendo ligados entre si de coluna a coluna, de corte a corte, de ângulo a ângulo formando uma peça só, para terminar ao grande centro da fachada principal, onde os alicerces foram feitos com redobrado escrúpulo como sendo o centro principal abrindo-se numa profundidade de 3 metros sobre uma superfície de 10x11 metros num bloco só.

Os trabalhos para o término dos alicerces foram até setembro de 1917, quando no dia 11 foi colocada a primeira coluna dos portais e o primeiro tijolo.

No dia 03 de setembro de 1917 foi colocado o primeiro degrau da escada que conduz a torre, o primeiro da série de 108 degraus, dos quais 82 são de cimento armado e foram colocados em outubro de 1918 elevando-se a altura de 8,10m.

Os arrochantes (linhas de madeira) onde se descansam as tesouras e ligando as paredes uma com outra, começaram a subir em 03 de maio de 1919. E como foi o trabalho mais perigoso, velas ardiam aos pés de Santa Rita, sem cessar, muitas orações eram feitas pelos fiéis, afim de que não se tivesse a lamentar desgraça nem desastre, o que felizmente não tivemos a lamentar, tendo terminado esse serviço a 19 de maio. Os arrochantes eram em número de 09 oferecidos pelos Irmãos Ducatti.

O madeiramento foi terminado em 26 de setembro de 1019, e a primeira telha foi colocada no dia 19 de outubro de 1919.

A primeira telha foi abençoada e colocada pelo Exmo. Revmo. D. Alberto José Gonçalves, e para que não faltasse o símbolo do amor a Pátria, a “Terra de Santa Cruz”, estava esculpida na primeira telha a Bandeira Nacional.

A cerimônia da colocação da primeira telha foi paraninfada pela senhora Dona Ambrosina Meirelles e Coronel Manoel Vieira de Andrade Palma.

Pronunciou discurso alusivo ao ato o senhor Carlos Queiroz.      

 

 

 

MONSENHOR MANOEL VINHETA

O idealizador e construtor da Nova Igreja Matriz.

 

Esse orgulho da nossa terra e verdadeiro “cartão de visita” para tantos quantos aportam a nossa cidade, teve no saudoso Monsenhor Manoel Vinheta seu idealizador e construtor.

Homenagear a memória do Monsenhor Manoel Vinheta, historiar sua figura é trazer à lembrança um dos maiores santarritenes, que embora não tivesse aqui o seu berço, só teve alentos voltados para o bem desta terra.

Vamos reproduzir em rápidas palavras, o histórico biográfico do homenageado. Nasceu no dia 20 de março de 1874 em São Pedro de Toledo, Diocese de Vich, Província de Barcelona, na Espanha.

Seus pais eram Raymundo Vinheta e d. Maria Bonay. Já nos seus primeiros anos, mostrava extraordinários pendores para o estudo, ingressando no Seminário de Vich, ali realizando seus primeiros estudos escolares. A seguir continuou o curso no Seminário de Barcelona e em sua respectiva Universidade.

Vindo para o Brasil, em 1896, continuou os estudos, fazendo o curso superior de Teologia e de Direito Canônico, no Seminário Episcopal de Curitiba, Estado do Paraná. No dia 26 de outubro de 1902 recebeu o subdiaconato; a 20 de dezembro do mesmo ano passou a Diaconato e no dia seguinte, ao Presbiterato. Concluída sua carreira eclesiástica, o Rvemo. Padre Vinheta cantou sua Primeira Missa na madrugada do Natal, na Matriz da Lapa, no Estado do Paraná.

Nomeado coadjutor da Catedral de Curitiba, ocupou este cargo até maio de 1903, quando foi nomeado Secretário de S. Excia. Revma. D. José de Camargo Barros, Bispo de São Paulo, uma das mais destacadas figuras paulista.

Assumindo o cargo no dia 04 de abril de 1904, entrou logo em grandes trabalhos para a completa reorganização da Secretaria do Bispado de São Paulo. Fundou o “O São Paulo”, grande jornal diário católico paulistano, que contou sempre com sua colaboração.

Em 1906, acompanhou o saudoso D. José Barros à Europa, tendo o prelado desaparecido tragicamente no naufrágio do navio “Sirio”.

Em 27 de janeiro de 1907, foi nomeado vigário de Jardinópolis, tomando posse no dia 02 de fevereiro, dia da festa da Purificação de Nossa senhora. Edificou o patrimônio paroquial daquela cidade, reformou a Matriz e adquiriu o prédio da casa paroquial. Durante o vigariato de Jardinópolis, foi a Europa, visitando Portugal, Espanha, França, Suíça e Itália.

No dia 28 de fevereiro de 1912, D. Alberto José Gonçalves, Bispo de Ribeirão Preto, nomeou o então Padre Vinheta para Diretor Espiritual da Catedral de Ribeirão Preto, cargo esse que ocupou com brilhantismo durante um ano.

Dia 13 de abril de 1913, domingo do patrocínio de São José, tomava posse da Paróquia de Santa Rita do Passa Quatro, conforme nomeação de D. Alberto.

Ao tomar posse da Paróquia, logo no início, notou a necessidade da construção de uma nova matriz, a 1.º de novembro do mesmo ano lançava oficialmente a ideia, que frutificou e criou raízes entre a nossa população católica.

As obras, sob sua direção, foram iniciadas no dia 02 de janeiro de 1917. Logo ficaram patenteados os dotes que marcavam a decidida personalidade do Vigário; dotado de uma energia fora do comum, e uma força de vontade inquebrantável, deu o máximo de aceleração a obra, entregando-a a invocação e patrocínio de Santa Rita de Cássia.

No dia 1.º de novembro de 1922 inaugurou-se sua obra máxima, o majestoso Templo de Deus, que é realmente o orgulho dos santarritenses e sua mais justa glória.

A operosidade, o valor da inteligência, a extraordinária decisão e visão, colocaram o Padre Vinheta à frente de outras obras. A ele Santa Rita deve quase tudo o que de importante tem, até a primeira quarta parte deste século. A ele deve também, novo alento nas futuras iniciativas, porque o que fora realizado marcara definitivamente o quanto pode ser feito por esse grandioso povo.

Mas, voltemos à história: No dia 1.º de agosto de 1926, o Santo papa Pio XI, assinou breve Pontifício que elevou o nosso Pároco a dignidade de Monsenhor.

 No dia 1.º de janeiro de 1927, recebeu o documento Papal e as vestes prelaciais. Neste dia e especialmente no dia seguinte toda a população viveu momentos inesquecíveis de alegria com as festas promovida em honra a Monsenhor Vinheta, que jamais deixou de agradecer o grau de amizade que o povo santarritense lhe tributava.

Nos vinte e dois anos e alguns meses ele deixou marcada a força de sua presença de Ministro de Deus e de homem progressista. Foi com muita decisão que seu nome está ligado à construção da Matriz, ao Lar Dom Luiz Caburlotto, Colégio São José, Estádio da Associação Atlética Santa Ritense, Santa Casa de Misericórdia, Indústrias Reunidas de Santa Rita, Escola Normal... enfim, em todo o que sintetiza progresso, de todas as iniciativas há um pequeno ou grande toque do Monsenhor Vinheta.

Com tristeza o povo de Santa Rita chorou a sua saída para São João da Boa Vista. Era 08 de setembro de 1935, sendo entregue a Paróquia no domingo seguinte ao Padre João Font. (Padre João Font está sepultado no nosso cemitério municipal).

Em São João da Boa Vista, entre a estima geral, viveria os derradeiros anos de sua vida. A 10 de junho de 1939, depois de dolorosos sofrimentos, amenizados pelos sacramentos que recebeu piedosamente, às 17 horas, entregava sua grande alma a Deus.

A consternação em Santa Rita, naquela tarde fria de inverno, foi geral. As almas soluçavam, os corações confrangeram; todos choraram a perda do benemérito Sacerdote que foi um verdadeiro arquiteto, de granito e de amor, como obras do trabalho, do zelo e da magnitude de um grande coração.

 

 

 

 

 

 

TESTAMENTO

Extrato do Testamento deixado pelo Monsenhor Vinheta.

 

Ignorando o dia da minha morte faço este testamento renovando a minha profissão de fé católica apostólica romana na qual sempre vivi e espero morrer. Protesto inteira submissão e obediência incondicional ao Santíssimo Padre, augusto Vigário de Jesus Cristo e Chefe Supremo da Santa Igreja, e humildemente imploro a Nossa Senhora Aparecida, a São José e ao Anjo da Guarda me alcancem da misericórdia divina a graça da penitência final e a de morrer santamente confortado com os Sacramentos da Igreja em perfeita paz com Deus e com os homens. Aceito desde já o gênero de morte que me reservar a Providência Divina na esperança de alcançar da Infinita Misericórdia de Deus o perdão de todos os meus pecados, cometidos já como homem, já como Padre dos quais sinceramente me arrependo e perdôo a quantos de algum modo me ofenderam e peço perdão a todos a quem ofendi. Recomendo a minha alma ao sufrágio de meus amigos e bons paroquianos e principalmente aos Padres meus colegas na sagrada missão sacerdotal. Abandono-me confiado na infinita misericórdia de Deus em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo...

     

 

 

 

 

 

DISCURSO DE LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA

(Discurso proferido pelo senhor Dr. Francisco dos Santos, no dia 11 de fevereiro de 1917, por ocasião o lançamento da primeira pedra do edifício da Nova Igreja Matriz a construir-se na cidade de Santa Rita do Passa Quatro.)

 

Exmo. e Revmo. Senhor D. Alberto José Gonçalves, digníssimo Bispo da Diocese de Ribeirão Preto. Senhores membros da comissão encarregada da construção da Nova Matriz. Exmas. Senhoras. Meus Senhores.

Achamo-nos reunidos nesta praça para assistirmos à cerimônia do lançamento da primeira pedra, da lápide fundamental do edifício da Nova Igreja Matriz que se vai erguer nesta cidade.

Fato de alto alcance social este que nos deve encher, a nós, filhos e habitantes desta terra, de justificado orgulho, porque um templo católico que se ergue significa uma escola de moral que se levanta, representa um instituto de aperfeiçoamento humano que se funda, sob cujos auspícios milhares de consciências se ilumina ao sopro suavíssimo da Fé, outros tantos corações que se abrem para as alegrias da vida espiritual.

Falar sobre a edificação de uma Igreja, de um Templo destinado ao culto católico é, meus senhores, relembrar a história luminosa do Cristianismo, é recordar o espetáculo sublime do heroísmo de mártires e do sangue dos heróis que orvalhou de púrpura mais de três séculos de perseguições. É buscar encontrar na noite infinita dos tempos o prenúncio de uma Nova Alvorada; é ver surgir, no arrebatamento de um sonho as bíblicas paisagens da Terra Santa, os sítios sagrados em que se operaram as maravilhas do milagre; é entrever, senhores, como numa alucinação de êxtase, velada pela sombra doce e suave do Horto das Oliveiras, a contemplativa e pálida figura do Homem-Deus; é em suma, rememoráveis benefícios que recebemos dessa religião divina e misteriosa, que nos embala no berço, nos engalana as festas da vida e nos consola à hora derradeira quando, no dizer do poeta, avistamos perto esse porto imenso, nebuloso e sempre noite, chamado Eternidade.

Senhores: na vasta amplidão, dos séculos transcorridos, em que nos impulsos do homem há avançadas para o bem, caminhadas para o mal, a visão translucida do filósofo, à inteligência arguta do historiador vislumbram, ao entardecer, uma estrela de brilho sobre-humano, de perpétua energia, irradiando a doçura infinita de eternos arreboes, de alvoradas sempiternas, guiando e iluminando, através dos tempos, a consciência humana, no seu misterioso, em busca do infinito.

Mas que estrela é essa, que astro é esse que vem iluminando e guiando esse átomo fugitivo que se chama homem?

É a estrela do Cristianismo, luminosa, esplêndida de luz, radiante de bondade, a coar na alma humana a suprema consolação de uma vida melhor. É a alma de Jesus, grande e generosa, imensa e sofredora a redimir a humanidade na sua dor de infinita tristeza do seu calvário...

Assombra ainda, meus senhores, maravilha os sábios de todos os séculos essa figura messiânica de Cristo, operando com seu exemplo e com sua palavra a mais vasta, a mais profunda transformação por que há passado o espírito humano na sua evolução histórica, elevando e dignificando o homem, sublimando a mulher, criando a família e fundando a Igreja Católica – essa vasta sementeira dos mais acrisolados sentimentos humanos.

Sim, meus senhores, é do seio da Igreja fundado por Jesus que tem partido para todas as cruzadas do bem, para o apostolado das virtudes, a heroica coluna desses bravos e todos os tempos que são os defensores da Cruz, desse símbolo sagrado de renúncia, de dor, de abnegação e martírio.

Foram eles, bandeirantes de Cristo, os que salvaram os bárbaros, golpeou de morte a águia romana e, vescilados de Cruz, acenderam o facho das ciências para iluminar as gerações futuras

São eles os que efetivamente civilizaram o mundo, porque, senhores, a verdadeira civilização não se arquiteta pelo poder do ouro, pela força das armas, pelo fulgor das baionetas, pelo poder ofensivo dos canhões e das belonaves, mas avalia-se pela excelência do coração, pela pureza das almas, pela doçura dos costumes, das quais a primeira delas, a mais fundamental é a Justiça de Jesus o seu centro propulsor.

Religião sublime e prodigiosa essa querem o mágico poder de emudecer as paixões e abrandar as feras humanas; que tem sabido inspirar o homem em todas as conquistas da inteligência.

Que o digam senhores, os manes sagrados de Ambrósio e Agostinho, de Dante, Tasso e Petrarca, do Kloptock e Milton; as obras primas do colorido dos mestres incomparáveis da pintura que foram Michelangelo, Rafael e Leonardo da Vinci; as músicas sagradas que no recinto das igrejas despertam a alma humana os mais elevados pensamentos; e esses templos majestosos – harmonia de mármore, sinfonias de granito – que, na doçura e suavidade de suas linhas, na imponência de seus contornos e na sublimidade de seu estilo, refletem a centelha divina dos gênios que a arquitetaram.

Os sarcófagos e as pirâmides do Egito, vastos mausoléus que guardam mumificadas nas suas urnas sagradas gerações de quarenta séculos, os templos de Memphis, os pagodes colossais da Índia, os paternons da Grécia são pigneus em beleza, graça, encanto e majestade diante dos templos cristãos.

Nenhum corpo de doutrina, nenhum sistema filosófico pode jamais equiparar-se a sumula do Cristianismo. É em vão que nos buscamos na filosofia antiga, em Sócrates, Platão e Aristóteles, aquela moral superior que é toda a apologia da doutrina e Cristo, aquele amor universal, aquela caridade infinita que o Divino Mestre ensinava as multidões pelas terras de Israel, nas montanhas sagradas da Judéia.

Por isso, quantos mais lemos a história antiga mais nos convencemos daquela verdade afirmada pelo gênio Chateubriand, quando disse que o mais ínfimo dos cristãos, homem honesto, e mais moral que os primeiros dos filósofos da antiguidade. Em mais de dezenove séculos de embates e de lutas, a doutrina de Cristo é ainda triunfante e nenhuma outra pode sobrepujá-la na verdade de seus conceitos, na pureza de seus princípios e na grandeza do seu fim.

Ela é ainda aquela fonte de água viva de que falou o Divino Mestre à Samaritana e que desaltera para sempre todos quantos tenham fome e sede de justiça.

O Pantheon da nossa História, meus senhores, guarda e conserva nos seus recessos sagrados a memória augusta dos primeiros heróis do novo mundo que foram os Missionários de Jesus, desses sublimes videntes que, no drama da conquista, com a alma incendida de fé, cheia de nobres heroísmos, entraram pelos sertões maravilhosos para arrancarem do seio das florestas as tribos dos homens nus, insuflando-lhes um sopro de vida nova, incorporando-os para sempre à grande corrente da civilização. Só mesmo a Igreja Católica é capaz de dar homens da têmpera de José de Anchieta, a penetrar os inóspitos ermos, em luta constante com os elementos da natureza e a braveza dos homens em busca, não das pratarias luminosas, das faiscantes esmeraldas, dos sangrentos rubis, - miragem ardente dos bandeirantes de outrora -, mas no exercício de um mister mais elevado do sublime apostolado da catequese, a caça de almas para o aprisco do Senhor, operando-o milagre de transformar em cristão o bronco e truculento tamoio.

Ninguém mais do que nós deve benefícios a esses modestos obreiros da civilização que, como o grande Vieira, não trocava a roupeta do missionário pela púrpura dos reis.

Senhores: é preciso que todos nós esforcemos por alevantar quanto antes o novo Templo; que cada um de nós, filhos e habitantes desta terra, traga a sua pedra para a edificação da Nova Matriz.

Jesus é senhores, que nós, que tivemos a ventura de nascer debaixo do Cruzeiro do Sul, neste torrão abençoado, cujo primeiro ato de posse fora feito em nome da Cruz, por seus heróis “Cavaleiros do Oceano”, é justo que procuremos levantar por toa a parte, pelos povoados e lugarejos, pelas vilas e cidades, o Símbolo Sagrado da nossa fé.

E se não desmerecer a lusa bandeira, Drama do Descobrimento, entrelaçando-se com a Cruz do Senhor, por certo que hoje não se menosprezará o pavilhão auri-verde da nossa Pátria chamando irmãos a lenho sagrado, antes, com ele irmanado, ambos nos conduzirão, na avançada do futuro, na mesma comunhão de ideais, sofrendo as mesmas dores, cantando as mesmas glórias.

E quando, senhores, nós tivermos cerrados os olhos na paz derradeira, quando se tiver apagado para sempre a lâmpada da nossa vida, e o nosso corpo se tiver consumido no pó da sepultura, e, aos beijos do sol, ao sopro da viração, erguer-se nesta colina o monumento sagrado, que, ao menos, aos nossos filhos reste o consolo derradeiro de nos reviver na majestade desse templo que vamos levantar, na mudez de seus mármores, no silêncio de suas naves, na luz de seus lampadários e na voz de seus sinos, que bendirão para todo o sempre os feitos dos seus maiores e anunciarão, perpetuamente, na alegria festiva do bronze, a glorificação de nossa imortalidade.

 

 

 

LISTA DE AUXILIOS PARA A CONTRUÇÃO DA NOVA MATRIZ

 

Diversas listas a cargo de pessoas influentes e do Padre Manoel Vinheta circularam pela cidade e pela área rural. Conseguimos compilar centenas de nomes de algumas poucas listas. Eis alguns nomes dos que colaboraram:

Aurélio Bartholomeu, Àlvaro Corrêa, Aurélio Mussolini, José Augusto Corrêa, Lilota Whitacker, Ignês Mussolino, Edith Cruz, João Mario Pati, Floriano Menezes, Ricardo Bellazzi, Heroina Cruz, Maria Carolina Leite, Isabel Rodrigues Carvalho, Anita Leite, Joaquim Manoel de Siqueira, Arthur de Carvalho, Antônio José de Araújo Neto, Arthur Canzian, José Alacrino Ramiro de Abreu, Antônio Francisco dos Santos, Ignácia Isalina do Prado, João Scudella, Antônio Senise, Antonio Bocalon, Francisco Cassago, Francisco Pizzo, Octavio Cocco, Angelina Bombini, Victório Garbi, Romulo Sartoretto, Maria Anunciata, João Mininel, Umberto Tamizari, Ernesto Garbi, Florindo Ferrantin, Luigi de Rosa, José Rossi, Sebastião de Camargo, João Martino, Arthur Mariano, Antônio Spadon, Dr. Olyntho de Luccia, José Marciliano da Costa, José Jorge Assuane, Manoel de Oliveira Dantas, Octavio Pedreschi, José Martins de Carvalho, Luiz Manfredini, Felisberto Ganzella, Julia de Brito, Antônio Rigotto, João Sagioratto, Nathal Moura, Dionizio Cavalli, Sabato Zacharias, Carlos Ceron, Luciano Persini, José Mariano, Joaquim Mariano, José de Assumpção, Hilário Caleffi, Abrahão Bittar, Ticiano Giaretta, José Miguel, José Mesquita Mariano Filho, Jacintho Togneto, José Santanelli, João Vanzella, Ângelo Nicolosi, Antônio Misko, Antônio Giovanini, Arthur Whitacker Junior, Maria Rosa Lara, Joaquim Fernandes Gonçalves, Francisco de Freitas, José e Maria Palcick, Angela Potonik, Elisa Piseta, Angelo Scomparin, Benedito Pereira, Luiz Octavio Neves, Carlos Caleffi, Ignácio Felisberto da Silva, Jeronimo Montagner, Antonio Scudella, Amadeu dos Santos, Luiz Frare, Alexandrino Villela, Henrique de Barros, José Franklin Soares, Maria Canova Pontes, Ferdinando Agneli, Francisco Ramos Oliveira, Rosaria Gonzaga, Valentina Moreira de Almeida, José de Assis Cintra, Venância M. Pinheiro, Zeferino Cassoli, Antônio de Freitas, João Ribeiro, Palmiro Fiori, Luiza Batista, José Lanfranchi, Antonio Ciscato, Domingos Furlan, Vicente José de Mello, Antônio Clapis, José Fioroni, Teophilo Tosetto, José Garcia, Antonio Brolo, Martins Pinto Ribeiro, Ângelo dos Santos, João Mendes, João Giaretta e irmãos, Frederico Narducci, Luiz Belcorso, João Afonso de Siqueira Junior, Gabriel Pompeo, João Alves de Almeida, Santo Merlo, Abud José Arab, Jacob Bittar, Francisco Conti, Antônio Giaretta, Vicente Affonso Moldes, Francisco de Pontes Martins, Maria Liner, José Quaglio, João Siqueira de Abreu, Norberto Alves Silva, João Pinto Ribeiro, Miguel Bittar, André Mango, Hilário Sartori, Guerino Fioroni, Mario Abreu, Antônio Rodrigues Alves, Affonso Ruggiero, Angelina D’Agostinho, Vitorio Griggio, José Frare, Gabriel Biagi, Américo Luchetti, João Roggiero, Olivio Cintoni, José Villa Real, Octaviano Ramos, Francisco Alberto Colonesi, Joaquim Pacheco, Maria Xavier da Silva, Francisco Silva, Benedito Albuquerque, Francisco Teixeira, Manoel Balthazar, José Gomes de Abreu, Adolpho Gomes Leitão, João Mattoso, Manoel Gomes de Abreu, Bernardo Figueiredo, José Castagnetti, Rosa Martino, Manoel de Paula, José Oliveira de Araújo, Elias Abrahão, Giacomo Cicutto, Rangel Junior, Luiz Mussolino, Domingos Talamo, Ristum José Bittar, Carlos Queiroz, Sebastião de Oliveira, José João Matuk, Delelmo Casari, Carlos de Rossi, Francisco Avenoso, Antônio Badona, Santo Lot, Basilio Marquesini, Augusto de Almeida, Carlos Paschoalin, Rita Costa e Silva, João Simpliciano Meirelles, Antônio Nonato, Claudionor Abreu, Augusto Dias, Ricardo Bertagnon, Carlos Providello, Joaquim José de Azevedo, João Montagner, João Erbetta, José Borges, Octavio Zanardo, Eleutério Caleffi, Manoel Furtado de Rezende, Fazenda Monte Alegre, Jacintho Cintra, Paulo da Silva Borges, João Bueno Gonçalves, Antonio Bueno Sobrinho, João Pires Ortiz, Eugenio Reato, Maria Borges, José Capuzzo, Catharina Ferronato Otaviano, Joaquim Borges, Angelo Cremonesi, Angelo Marcuzzo, José Pacagnan, Florindo Carniato, José Elias Ferraz, Josué Sartor, Antônio Teodoro Nogueira, José da Costa Bernardes, Loja Nova, Osório & Jorge, João Manoel Rodrigues, Manoel Teixeira, Geraldo Alves Bezerra, Pio Pelegrino Pedreschi, Augusto Rigo, Eduardo Marchi, Pedro Fantinato, João Ferronato, Antônio Otaviano, Luiz e José Biazolo, Sebastião da Silva Borges, Bortolo Comin, Antônio Marques da Silva Sobrinho, Tomás Comin, Celeste Jordão e irmão, Domingos Lot, Antônio Catai, Ana Carolina Ferraz, José Jorge, Sebastião C. Andrade, Olynto Velloso, João Baptista Carvalhaes, Tranquilo Mardegan, Paulo Zerbato, Benjamin Zerbato e irmão, Sebastião Lousada, Enéas Monteiro de Carvalho, Amadeu Gomes Leitão, Silvino Alves Bezerra...                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GALERIA DOS NOSSOS VIGÁRIOS

 

De acordo com o Livro Tombo da Paróquia de Santa Rita, aberto em 28 de setembro de 1883, salvo erro ou omissão, passaram pela direção da paróquia os seguintes sacerdotes:

- Padre Antônio José de Castro – como Capelão-Cura – em 1862;

- Padre Jeremias José Nogueira;

- Cônego Manoel das Dores Brasil;

- Padre Ângelo Alves de Assunção;

- Padre Ângelo Maria Consiglio;

- Padre Ângelo Maria Vaccaro – 1875;

- Cônego José Pinto de Magalhães – 1891;

- Padre Luiz de Setta;

- Padre Porphirio de Souza Martins – depois Monsenhor – 1897 a 1908;

- Padre Domingos Piacente – 1908 a 1913;

- Padre Manoel Vinheta – depois Monsenhor – 1913 a 1935;

- Padre João Font – 1935 a 1940;

- Padre José Balbino Fuccioli – 1940 a 1942;

- Padre Geraldo Miranda – 1942 a 1950;

- Padre Arnaldo Àlvaro Padovani – depois Cônego – 1950 a 1957;

- Padre João Fiamenghi – 1957 a 1958;

- Padre Sebastião Ortiz Gomes – depois Cônego - de 1958 a 1962;

- Cônego Hélio Lacerda – 1962 a 1963 (renunciou ao sacerdócio);

- Padre Diógenes Silva Matthes – Hoje Bispo Auxiliar da Diocese de Franca – 1963 a 1969;

* Serviram a nossa Paróquia em épocas diversas, como cooperadores, os seguintes padres:

Francisco Cândido Corrêa;

Thierry de Albuquerque;

Evaristo de Paula;

José Francisco Pimenta;

Jayme Nogueira;

Alceu Garcia Prado;

Valdomiro Pires Martins;

Aquiles Vershosftad, e

Francisco Bernardo Biagioli.

 

Em 1969 assumiram a direção de nossa Paróquia os Padres da Ordem Canossiana, com os seguintes Párocos:

- Padre Juliano Todesco;

- Padre Emmanuel Ítalo Viola;

- Padre Renato Graciozo Marchioro;

- Padre Emmanuel Ítalo Viola (pela segunda vez);

- Padre Giordano Gino Zen;

- Padre José Carlos Gonçalves (O primeiro padre brasileiro dessa Ordem);

- Padre Jorge Masin.

 

Serviram como cooperadores os Padres: Leonardo João Drago, Clemente Gioacchino Serragiotto, Diácono Aldo Gregório Miotto, Sergio Gallina, João Bosco Trevisan, Osmar Mendes Athaide e Artur Oliveira Lima (este abandonou o sacerdócio). 

 

Em 2005 os Padres Canossianos deixam a Paróquia Santa Rita de Cássia, aconteceu então a volta dos Padres Diocesanos, sendo seu primeiro Pároco, o Padre Hélio Tadeu da Silva. Como Padres Cooperadores passaram por aqui: Diácono Cleber Augusto da Silva, Josirlei Aparecido da Silva, André Fernandes, Padre José Eduardo Previato Carmanhan, Padre Rodrigo e atualmente Padre Ricardo Rodrigues Ribeiro.

Desde a época do Canossianos, nossa Paróquia sempre contou com a colaboração e participação do Diácono Antônio Centenário (Cebolinha).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GALERIA DE FOTOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antiga Igreja Matriz, construída em 1882 e demolida em 1923.

 

 

 

Desenho inicial do senhor João Lourenço Madeira, que faleceu quando eram tomadas as primeiras iniciativas para a construção da Nova Matriz.

 

 

 

 

 

 

Senhor João de Freitas. Com a desistência de Francisco Gonçalves, então mestre de obras, o moço João de Freitas assumiu a árdua tarefa de comandar até o fim as obras desse majestoso templo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dom Alberto José Gonçalves – primeiro Bispo da Diocese de Ribeirão Preto.

 

 

 

 

 

 

 

 

Dom Manuel da Silveira D’Elboux  - segundo Bispo da Diocese de Ribeirão Preto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto do dia 01 de janeiro de 1927, quando Monsenhor Manoel Vinheta recebeu as vestes prelaciais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antiga Casa Paroquial. Daqui sairam grandes iniciarivas do Padre Manoel Vinheta. Localizada no início da Rua Ignácio Ribeiro. Por longos anos aí foi o Instituto “Olavo Bilac” – conhecida como Escola de Comércio”.

 

 

- Indústrias Reunidas de Santa Rita – (fábrica de sacos de juta, para café), também teve a ação do Padre Manoel Vinheta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- A vinda das Irmãs Josefinas, como era chamada as madres da Ordem de São José. A construção do Lar Dom Luiz Caburlotto (Colégio São José) e a implantação da Escola Normal. Aqui aconteceram também as mãos dinâmicas do Padre Vinheta.

 

 

 

 

 

- A construção do Estádio da Associação Atlética Santa Ritense. Lá também contaram com a ação incansável desse zeloso sacerdote.

 

 

 

 

 

Santa Casa de Misericórdia: Mais um grandioso trabalho que contou com a iniciativa e participação ativa do Monsenhor Manoel Vinheta.

 

 

 

 

- Há ainda, não oficialmente, a ação do Padre Vinheta com a iniciativa da implantação da Usina Vassununga.

 

- Tudo isso, sem contar as ações, as opiniões, as mangas arregaçadas em outros pequenos empreendimentos e iniciativas de cunho social e pessoal.

 

 

 

  - Primeira “kermesse” realizada no Natal de 1913, destacando-se a iniciativa da senhora Philomena Simões de Oliveira Fausto, esposa do então juiz de direito Dr. Alberto Jorge de Oliveira Fausto e de diversas senhoras, senhoritas e senhores da nossa sociedade.  

 

 

 

 

 

 

Foto 1: Eles trabalharam na construção da Nova Matriz. Vê-se na foto: José Peron, Pedro Peraro, Miguel Miskulin, José Scudella, Sebastião de Oliveira (Faísca), Nenê Malite, Flamínio Ferraz, Fernando Agnelli, João de Freitas, Arnaldo Porphirio, Luiz Borgo, Francisco Porphirio e Benedito Farizotti.

 

 

 

 

Foto 2: Afonso Rogerio, João de Freitas, Fortunato Malite, Sole Pavan, Sebastião Providello, José Scudella, Antonio Tamisari e Nenê Malite.

 

 

 

 

Foto 3: Aisberth Andregheto, João Pedro da Silva, Antônio Delgado, José Gracioso, Juca Camargo, Sebastião Providello, Américo Cocco, João de Freitas, José Eloy de Toni, Júlio Caliman, Japão Andregheto, Hermínio Cassago e Antônio Caliman.     

 

 

 

 

 

 

Monsenhor Manoel Vinheta com um grupo de senhoras do Apostolado da Oração.

 

 

 

 

 

 

 

 

Monsenhor Manoel Vinheta com um grupo de Congregados Marianos e alguns meninos.

 

 

 

Leilão de São Sebastião. Tradição que vem desde o final do século 19.

 

 

 

 

 

 

Outra imagem do Leilão de São Sebastião. Ao fundo a Nova Matriz com a frente e a torre ainda com tijolos a vista.

 

 

 

 

 

Provavelmente uma formatura, na década 1930. As escadarias da Igreja Matriz

Sempre foi cenário para lembranças coletivas.      

 

 

 

 

 

Outra imagem da Igreja Matriz, ainda sem acabamento, com a barraca do Leilão de São Sebastião.

 

 

 

 

 

Celebração da Santa Missa, antes da decoração interna, onde podemos ver os dois púlpitos. Provavelmente no final dos anos 30 ou início de 1940.

 

 

 

 

FONTES CONSULTADAS

 

Livro Tombo da Paróquia de Santa Rita

Jornal “Livro do Povo”

Jornal “Folha de Santa Rita”

Jornal “O Santarritense”

Museu Histórico e Pedagógico “Zequinha de Abreu”

Meus arquivos pessoais

Depoimentos pessoas diversas.

 

 

 

 

 

 

 

 

  SEGUNDA PARTE

 

 

 

 

 

 

 

SANTUÁRIO DE SANTA RITA DE CÁSSIA

 

            No dia 01 de novembro de 2016, às 19 horas, na Igreja do Rosário iniciou-se a celebração e depois em procissão pela Avenida Severino Meirelles, em direção a Igreja Matriz onde aconteceu a Solene Elevação do Santuário e Abertura da Porta Santa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto Dom Moacir Silva. Foi um momento histórico, onde contou com a presença do clero, autoridades do nosso município e milhares de fiéis, que acompanharam com muita emoção esse momento ímpar da história da nossa paróquia.  Defronte a Igreja Matriz foi lido o decreto  que tornou-se Santuário a Matriz. e a determinação que tornou a porta do santuário como Porta Santa. Procedida das leituras, Dom Moacir abriu a Porta Santa e todos os presentes entraram no agora Santuário, participando assim da Santa Missa de elevação, onde estiveram presente, além do Padre Hélio Tadeu Silva, Padre Ricardo Ribeiro, Diácono Antônio Centenário, os padres João Carlos Barbalho, Tiago Nigro, Tarciso Teófilo Peacarollo, José Carlos Gonçalves, Fernando Pescarollo, Antônio Augusto Oliveira, Jorge Masin, Luiz Gatarossa, ........

 

 

 

 

O QUE É UM SANTUÁRIO?

            Em breves palavras, Santuário – do latim sanctuaram, de sanctus, é então o reconhecimento, pelo decreto das autoridades competentes, do TEMPLO como visualização das fontes de graças concedidas ao povo de Deus. Como aquela CIDADE SITUADA SOBRE OS MONTES (Mt 5,14), o santuário é constituído como farol para o mundo, orientando com sua luz, os navegantes das águas tempestuosas da história. Chama os peregrinos para um encontro decisivo e restaurador com o Redentor Jesus e ao mesmo tempo, projeta luz convocando para o testemunho batismal aqueles que o adentraram.

            De forma prática, o santuário é o lugar privilegiado na recepção de graças concretas como: Sacramentos, indulgências, possibilidades de, através da vida da padroeira, como no caso, encontrar direção para os seus caminhos.

            Comparando: o santuário é como uma fonte, a irrigar a terra seca; ou ainda, a amplificação da voz de Deus no interior do homem; abrigo em dia de tempestade; suave restauro ao calor do sol.

            Com graças especiais doadas somente nesse ambiente, toda comunidade, bem como peregrinos de diversos pontos, atingem a paz, a santidade e a plenitude, abrigados pelas suas paredes.

            Deus seja louvado pelas mãos benditas de SANTA RITA DE CÁSSIA, que nestas terras de Santa Rita do Passa Quatro ergueu seu braço forte em nosso favor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BREVE HISTÓRIA DE SANTA RITA DE CÁSSIA

Conhecendo mais Santa Rita para vivenciarmos mais e melhor suas virtudes:

 

            Mulher virtuosa em todas as fases de vida pelos quais passou. Sua intercessão é tão poderosa, que se tornou advogada de pessoas com problemas sem solução.

            Com algumas alterações de versão para versão, mas os principais pontos da vida dessa POTENTE SANTA (como sempre costuma dizer Padre Tadeu), estão muito bem preservados.

            Nascida na região da Úmbria, bispado de Espoleto, em Roccaporena num pequeno povoado de Cássia (Província de Perúgia) na Itália, em 22 de maio de 1381. Seus pais, Antônio Mancini e Amata Serri, já eram idosos, provavelmente se casaram em 1339 e tiveram sua única filha, Rita, depois de mais de quarenta anos de casados. Seu nascimento foi um grande milagre. Foi batizada, e recebeu a primeira Eucaristia na Igreja de Santa Maria dos Pobres, em Cássia.

            Certa vez, seus pais a levaram para o campo e, enquanto trabalhavam na roça em seus afazeres, deixaram a recém-nascida debaixo de uma árvore, na sombra e num berço dormindo. Um enxame de abelhas brancas como a neve voou até a menina e girava em torno de seus lábios, como se fossem flores das mais perfumadas.

            Um homem que passava por ali, e que tinha pouco antes ferido a mão, ao ver Rita e as abelhas, gritou assustado aos seus pais. As abelhas foram embora e o homem teve a mão curada naquele mesmo instante.

            Foi num lar católico que Rita cresceu. Na adolescência aos doze anos, tinha um desejo intenso de consagrar-se a Deus, na vida religiosa. Em Cássia havia um mosteiro das Monjas Agostinianas. Porém, seus pais, já idosos, queriam que ela se casasse.

            Seu temor a Deus e a obediência que tinha para com seus pais a obrigaram renunciar ao seu desejo de se entregar a religião e se fechar em um convento, para se dedicar ao matrimônio. Casou-se com um homem violento, chamado Paulo Ferdinando, que se embriagava constantemente. Brigava com seus amigos e em casa espancava Rita. Houve ocasião em que Rita esteve à beira da morte de tanto apanhar do marido. Foram muitas às vezes em que Rita não foi à igreja porque Paulo Ferdinando a impediu de ir. Ela, contudo, rezava por ele diante do crucifixo, pedindo por sua conversão. Durante o seu matrimônio Rita era uma mulher doce, preocupada com o bem estar de seu marido, mesmo consciente de seu caráter violento, sofria, mas rezava em silêncio, oferecia tudo a Deus.

            A bondade de Rita era tão aparente que seu marido foi contagiado por ela. Paulo Ferdinando caiu aos seus pés, pediu perdão a ela e a Deus, mudando sua vida e seus costumes. Tiveram dois filhos: Tiago Antônio e Paulo Maria, sendo educados na fé por seus pais e, com Rita, constantemente visitavam os doentes e os pobres.

            Em 1402 seus pais faleceram. Ele morreu no dia 19 de março e ela seis dias depois, no dia 25, ambos com noventa anos. Logo depois alguns antigos inimigos de Paulo Ferdinando, por vingança o assassinaram. Os filhos já crescidos planejavam vingar a morte do pai.

            Rita, tomando conhecimento do desejo dos filhos, rezou, pedindo a Deus que tirasse tal desejo do coração de seus filhos, ou, se fosse vontade divina que os levasse para a glória d’Ele, afim de obterem a salvação, mas que não se tornassem assassinos. Deus ouviu suas preces, ambos adoeceram e ela os cuidou com muito amor, depois de algum tempo, Tiago Antônio e Paulo Maria morreram. Ela carregou no coração a grande dor da perda dos pais, do marido e dos filhos sem perder a fé. Perdoou publicamente os assassinos de Paulo Ferdirnando.

            Sozinha no mundo, Rita transformou-se numa mulher de oração. Além do trabalho doméstico, ela continuava a visitar os enfermos e os doentes. Participava da missa no mosteiro das agostinianas. Um dia procurou a superiora para ingressar na ordem, mas não foi aceita. Por três vezes pediu para ser admitida neste mosteiro e sempre ouviu o “não” da superiora. Rita continuou vivendo em sua casa, e ali vivia como se estivesse no mosteiro.

            A porta do convento permanecia sempre fortemente trancada e os seus muros eram altos como de uma fortaleza. Mas, um dia, ao amanhecer, as religiosas agostinianas ficaram assustadas ao verem Rita na capela do convento, rezando, sem que ninguém a houvesse colocada para dentro e estando a porta do mosteiro ainda fechada. Então, as religiosas, a começar pela superiora, ficaram admiradas, vendo que era Deus quem a destinava à vida religiosa, a receberam-na neste mosteiro. Rita sempre se mostrava servidora e contemplativa. Continuou a sair para visitar os enfermos e os pobres. Como todo e qualquer santo, enfrentou dificuldades e tentações, mas a tudo superou com a força da fé. Sempre esteve consciente de que obedecendo à superiora, obedecia a Jesus. Certo dia, a superiora, para pô-la a prova, pediu-lhe que, todos os dias, regasse um galho seco pela manhã e a tarde. Em sinal de obediência, Rita o fez com todo o carinho e, tempos depois, milagrosamente, o galho seco se transformou em uma bela videira. Esta ainda existe, em Cássia, e continua a produzir uvas.

            A devoção a Jesus Crucificado sempre foi uma constante na vida de Rita. No ano de 1443, Tiago dela Marca (depois canonizado) pregou um retiro em Cássia sobre a Paixão e a Morte de Jesus. Voltando para o mosteiro depois de uma das pregações, Rita prostrou-se diante do crucifixo, na capela, e pediu para participar de alguma forma, da Paixão de Nosso Senhor. Foi quando um espinho a feriu tão profundamente sua fronte que ela desmaiou. Ao acordar, tinha uma ferida na testa que não cicatrizava com o tempo e essa ferida tornou-se malcheirosa. Rita então passou a viver numa cela reservada, distante das demais monjas. Diariamente uma religiosa a alimentava. Por quinze anos Rita levou consigo essa marca do espinho da Coroa de Cristo, e o povo de Cássia percebeu algo de extraordinário nela. Iam lá para pedir intercessão e todos eram atendidos, que em pouco tempo sua santidade se tornou famosa naquela região.

            No Ano Santo de 1450, proclamado pelo Papa Nicolau V, as pessoas que tinham oportunidade iam a Roma para receber indulgências plenárias (perdão de todos os pecados), mas, devido à ferida, que cheirava mal, e por estar doente não obteve permissão de sua superiora para participar da peregrinação. Ela, obediente como sempre, diante do crucifixo, rezou, pedindo a Jesus que retirasse temporariamente a ferida de sua fronte, mas mantivesse a dor para que pudesse ia a Roma. Tal pedido foi atendido. Rita foi a Roma, viu o Papa, obteve as indulgências, visitou o túmulo de São Pedro e São Paulo. A viagem foi difícil, pois era feita totalmente caminhando; já com sessenta anos de idade, mas não perdendo em algum momento o ânimo e a coragem. A retornar a Cássia, a ferida voltou a se abrir e então aumentava ainda mais o número de pessoas que a visitava e pediam sua intercessão.

            Aos poucos a saúde de Rita ia se debilitando, até não conseguir mais se alimentar. Vivia apenas da Eucaristia. Isso durou quatro anos, até a sua morte.

            No leito de morte, uma de suas parentas a visitou no inverno. Tudo estava coberto de neve. Quando ela se despediu de Rita perguntou a ela se queria alguma coisa. Ela disse sim, e pediu uma rosa do seu jardim na sua casa antiga, em Roccaporena. Julgando que ela estava delirando, se perguntava: desde quando há rosas no inverno? Mas, decidiu atender ao seu pedido. Foi até a antiga casa. Lá teve uma grande surpresa, pois milagrosamente havia uma magnífica rosa. Colheu-a e levou a Rita, que agradeceu a Deus pela sua bondade.

            No dia 22 de maio de 1457, aos 76 anos de idade, e tendo passado quarenta anos no mosteiro, faleceu Rita. A ferida na sua fronte cicatrizou assim que ela morreu e, no lugar do mau cheiro, passou a exalar um suave perfume. Se rosto era de quem estava plena de contentamento.

            Uma imensa multidão se fez presente no oratório do mosteiro. No local da ferida ficou apenas a marca da lesão provocada pelo espinho. Todos, admirados, louvavam a Deus. Nessa oportunidade já era considerada Santa pelo povo que a conhecia.

            Rita não foi sepultada; seu corpo ficou exposto no oratório até 1595, quando foi transladado para a igreja anexa ao mosteiro, hoje dedicado a ela.

            SANTA RITA foi beatificada duzentos anos depois de sua morte, em 1628. O Papa Leão XIII, aos 24 de maio de 1900, a canonizou.

            Por mais de quarenta anos antes de sua canonização o povo de Santa Rita do Passa Quatro já possuía uma profunda devoção a ela, considerando como sua Padroeira.

           

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