TESTAMENTO DE
DIOGO GARCIA
Arquivado no Museu Regional de São João del-Rei na
Caixa 55. Número de folhas originais : 262
Testador : JÚLIA MARIA DA CARIDADE.
Inventário Redigido : Fazenda Rio Grande, em casa do
testador
Data da
abertura do testamento: 16 de Abril de 1762
Transcrito por : Edriana Aparecida Nolasco a pedido de
Regina Junqueira.
Data da Transcrição :
Objetivo: Dados
Genealógicos.
Em nome da Santíssima Trindade, Padre Filho e Espírito
Santo três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro.
Saibam quantos este Instrumento Testamento virem como no Ano do
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e sessenta e dois
anos, aos vinte e três dias do mês de Março do dito ano nesta minha Fazenda do
Rio Grande donde eu Diogo Garcia sou morador estando em meu perfeito juízo e
entendimento que Deus Nosso Senhor foi servido dar-me e doente em minha cama
com uma grande enfermidade e temendo me a morte e desejando por minha alma no
caminho da salvação por não saber o que o mesmo Senhor de mim disporá e quando
será servido levar-me para si faço este meu Testamento da forma seguinte:
Primeiramente encomendo minha alma a Santíssima Trindade que a criou e rogo ao Eterno Padre que pela
morte de Seu Unigênito Filho a queira receber assim como recebeu a Sua estando para expirar na
Sagrada Arvore da Cruz, a meu Senhor Jesus Cristo peço que assim como neste
mundo me remiu com o seu precioso
sangue me de na outra vida seus divinos merecimentos para merecer a
Salvação, ao Divino Espírito Santo queira lumiar minha alma com sua Divina Luz
para que saia desta vida na visão de seu Divino amor, a Virgem Maria Mãe de
Deus e Senhora Nossa no juízo
particular queira ser minha advogada e intercessora diante de seu Divino Filho,
ao Arcanjo São Miguel e a todos os Santos e Santas da corte do Céu,
particularmente ao anjo da minha Guarda aos
Santos do meu nome cabidas minhas
especiais devoções rogo sejam meus intercessores quando minha alma desde mundo partir para que vá gozar da
bem aventurança para que foi criada porque como verdadeiro cristão protesto
viver e morrer na Santa Igreja Romana em cuja fé
espero salvar a minha alma não pelos meus
merecimentos mas pela Sagrada Paixão do Unigênito Filho de Deus.
Declaro que sou natural e batizado na Freguesia de
Nossa Senhora das Angustias da Vila de Horta, Ilha do Fayal do Bispado de
Angra, filho legitimo de Matheus Luiz e de sua mulher Ana Garcia, já defuntos.
Sou casado com Julia Maria da Caridade de quem tenho havido por
matrimonio os filhos seguintes; Ana
Maria do Nascimento; Elena Maria do Espírito Santo; Julia Maria; Catarina Maria
do Espirito Santo; João Luiz Gonçalves
todos casados – assim mais solteiros os seguintes: José Garcia; Diogo
Garcia; Tereza; Madalena; Manoel;
Antônio; Francisca; Mateus; os quais
instituo meus legítimos herdeiros
nas duas partes de meus bens como
declaração porem que as sobreditas cinco filhas e um filho casados se acham
dotados de três mil cruzados cada um livre de vestuários e algumas alfaias
mais e para complemento dos ditos dotes só resta dever a minha filha Catarina
Maria do Espírito Santo mulher de Gregório José
Álvares cento e quinze mil réis e a meu filho João Luiz Gonçalves só lhe tenho
dado umas terras que partem com o meu
genro Domingos Villela e com os
herdeiros de Francisco Martins cujas terras lhe dei em quatrocentos mil réis e
dois negros em duzentos e oitenta mil
réis e sete éguas a sete oitavas cada uma e doze
cabeças de gado vacum a preço
de quatro oitavas cada uma cinco foices novas
por seis oitavas e quatro os quais referidos bens importam oitocentos e três mil e novecentos réis e se lhe
inteirará o resto que falta para o compito dos três mil cruzados e querendo os
ditos meus filhos ou filhas dotados
entrar a herdar meus bens entraram
também a colação com seus dotes
menos a minha primeira filha Ana que também
foi dotada na dita quantia de três mil cruzados em um sitio que lhes dei
na paragem chamada Cajuru no dito valor de três mil cruzados porque no caso de que exceda esta quantia a igualdade das legitimas
dos ditos meus filhos se lhe preencherá o
excesso pelos bens da minha terça pela preferência que tem da primeira dotada.
Peço a minha mulher Julia Maria da Caridade em primeiro lugar queira por
serviço de Deus e por me fazer mercê ser minha testamenteira, em segundo lugar
a meu genro o Senhor Alferes Manoel Pereira do Amaral, em terceiro lugar a meu
filho José Garcia em quarto lugar ao Senhor da Mesa da Venerável Ordem Terceira
de Nossa Senhora do Carmo da dita Vila de São João de El Rei a todos e a cada
um de per si peço queiram aceitar este meu testamento e correrem com as
disposições dele.
Declaro que sou Irmão Professo na Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo da dita Vila de São
João de el Rei e se lhe pagará tudo
o que ao tempo do meu falecimento constar eu lhe
seja devedor e lhe peço acompanhe meu corpo a sepultura podendo
ser. Declaro que sou Irmão da Irmandade do
Santíssimo Sacramento e das Almas da Freguesia de Nossa Senhora do Pilar da
dita Vila e se lhe pagará por meu
falecimento o que constar ser eu devedor e podendo ser acompanharão meu corpo a sepultura.
Ordeno que meu corpo seja sepultado na
Capela da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo da
dita Vila de São João envolto no Habito da Religião Carmelita e não havendo em
o meu próprio de terceiro e me acompanhará o meu Reverendo Parocho com mais
dezesseis sacerdotes os quais todos
dirão Missa de corpo presente pela minha alma e assim mais dirão Missa de corpo presente todos os mais
sacerdotes que se acharem na dita Vila no dia de meu enterro e de tudo se lhes
pagará a esmola costumada e também se levará em conta o meu Testamenteiro
toda a cera que se gastar no meu
funeral e sendo o caso que se não possam celebrar
as missas no dia do meu enterro por
algum justo impedimento se celebrarão no dia seguinte e se porá um rol em
a Capela da dita Venerável Ordem em o
qual se assinarão os reverendos
Sacerdotes porque sempre quero que se celebrem as Missas na dita
capela.
Ordeno que no dia terceiro, sétimo e trinta do meu enterro se mandem
celebrar Missas por minha alma por sufrágio de esmola cada um…. cruzado de ouro
e peço aos Senhores Reverendos Sacerdotes queiram rezar um responso por minha
alma pelo amor de Deus advirto que o dia terceiro se contara do dia em que meu
corpo apresentado na Igreja.
Ordeno se mandem celebrar pela minha alma duzentas missas a saber
cinquenta por meu pai e cinquenta por minha mãe mais conquenta pelas almas da
minha maior obrigação e outras cinquenta pelas almas do purgatório todas estas
referidas Missas serão ditas na mesma freguesia de esmola cada uma de meia
oitava de ouro, tudo por modo de sufrágio.
Ordeno que se mandem celebrar mais cento e sessenta
missas nesta dita Vila de esmola cada uma de meia oitava de ouro.
Declaro que os bens que eu possuo são uma Escritura em que se acham
declarados todos os bens do casal
pela qual fiz venda deles a minha
mulher Julia Maria da caridade pela
quantia de cinquenta e três mil cruzados cuja escritura se acha na nota do Tabelião da dita Vila de São
João e pagamentos iguais do dia de meu falecimento em diante e como da
dita escritura consta, só me pertence a metade por pertencer a outra metade a dita minha mulher e da
minha meação pertencem duas partes a
meus filhos e legítimos herdeiros,
só me fica livre a disposição da
quantia que pertence a minha terça que são oito mil cruzados e trezentos e
trinta e três mil réis salvo erro dos quais mando se cumpram e satisfaçam os legados já declarados e por sua alternativa se satisfarão os que abaixo
vou declarando seguindo a primazia na forma que se vão descrevendo os seguintes:
Deixo a Irmandade do dito Santíssimo Sacramento da Vila de São João del
Rei cem mil reis por esmola. A Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do
Monte do Carmo da mesma duzentos e quarenta mil reis. A Irmandade das Almas da
dita Vila cem mil réis, para a redenção dos cativos cinquenta mil reis se
entregarão a seu respectivo Procurador, tudo por esmola e pelo amor de Deus.
Deixo para as obras da Capela de São Miguel do Cajuru da Freguesia da
Vila de São João cinquenta mil réis. Para as obras da capela Madre de Deus da
dita Freguesia outros cinquenta mil réis. Para as obras da Capela do Divino
Espírito Santo das Carrancas sita na Fazenda de Manoel Machado de Toledo outros
cinquenta mil reis tudo de esmola.
Deixo a meu filho Diogo
Garcia trezentos mil reis por esmola em atenção aos bons serviços que me tem feito.
Deixo a três dos meus filhos que se ordenarem de ordem sacras a cada um
deles trezentos mil reis e sendo caso nenhum deles ou algum não ordene se repartirá
a dita quantia do legado deixada pelos meus filhos e filhas que de prezente se
acham solteiros, isto se estenderá somente dos legados ou legado daquele meu
filho ou filhos que não se ordenarem.
Deixo a meu testamenteiro trezentos mil reis pelo trabalho que há de ter com minha testamentária e não será
obrigado a dar contas senão passados quinze
anos e caso no dito tempo não lhe seja fácil dar a tudo inteiro cumprimento
requererá ao Juiz da conta e este lhe concederá
mais o tempo que lhe parecer conveniente.
Declaro que o que devo constará por créditos assinados por mim algumas
dividas mais deverei das quais não tenha passado obrigações e quero se pague
tudo que constar eu seja devedor sem nenhuma
diligências judiciais mais que o juramento das partes sendo pessoas de reconhecida verdade e sã consciência e
sendo o caso que hajam algumas
custas se façam da minha fazenda por não gravar meus credores.
Declaro que o que se me deve estará pelo que minha mulher inventariar.
Declaro que depois de pagas as minhas dividas se meus bens não chegarem
para inteiro cumprimento do que
determino se rateará por todos a respeito exceto a deixa a meu Testamenteiro porque esta
lhe deixo em razão do seu trabalho.
Declaro que deixo uma carta fechada escrita a meu testamenteiro que
aceitar esta Testamentária o qual encarrego sobre sua consciência o cumprimento
e execução do conteúdo dela que quero valha como parte deste Testamento e não
será obrigado meu testamenteiro a dar contas judicialmente do que nela
determino mas tão somente a jurar em como tem em conjunto o que nela ordeno.
E de todo o resto que de minha terça sobrar se houverem bens que bem
bastem para o que determino de todo o remanescente de minha terça nomeio e
instituo minha alma herdeira universal e meu testamenteiro disporá tudo em
missas pela minha alma e pelas almas do Purgatório cujas missas se mandarão na
mesma Capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo da dita Vila pela esmola
costumada.
Declaro e deixo que minha ultima vontade é irrevogável que a legítima
que pertencer e tocar a meus herdeiros meus filhos incumbo e deixo recomendado
as entregue a meu testamenteiro e lhe encarrego administração das legítimas dos
ditos meus filhos para que as administre e arrecade e depois as entregue aos
preditos meus filhos ou a seus procuradores, usando nesta parte da faculdade
que me é permitida no capitulo vinte e três do Regimento dos defuntos e
ausentes e ainda pela resolução de Sua Magestade de quatro de Dezembro de mil
setecentos e cinqüenta, por cuja observância da procura agora nas residências
dos ditos Provedores dos ditos defuntos e ausentes cuja ordeno se acha
registrada em Vila Rica.
E para darem expedimento a tudo aqui declarado torno a pedir a minha mulher
Julia Maria da Caridade e mais senhores em o principio deste declarados queiram
aceitar serem meus Testamenteiros
benfeitores e administradores de meus bens e tutores de meus filhos menores e
curadores de seus bens para lhos arrecadarem e administrarem, venderem
em praça e fora dela, cobrarem arrecadarem entregarem e remeterem tanto pela
parte de meus filhos como legatários para o que os hei por abonados
e lhes faço sessão e traspasso de todo o
domínio que em meus bens tenho como se em minha vida lhos entregasse, e lhes
concedo todos os poderes que em direito posso e missão concedidos.
E por ser esta a minha ultima vontade de modo que tenho dito fiz este
meu testamento e quero valha como Testamento Codecilio para o que peço e rogo
as Justiças de Sua Magestade que Deus guarde assim Eclesiásticas como seculares
que em tudo façam guardar e cumprir como nele se contem e declara ou como em
direito melhor lugar haja com todas as clausulas que por Direito para sua
validade lhe são necessárias que todas aqui hei por expressas e declaradas como
se de cada uma fizesse expressa e declarada menção pelo qual revogo e hei por
revogado outro qualquer Testamento que antes haja feito por estar este conforme
a minha última vontade do modo que o ditei e por firmeza dos que pedi e roguei
ao Ajudante João Cosme Vieira que este me fizesse e comigo assinasse como
testemunha e me assinei com o meu sinal costumado que é uma cruz feita pela
minha própria mão
Eu o fiz a rogo do Testador em dito li co…. acima.
Declaro mais que a carta de que acima faço menção fica sendo parte deste Testamento e só testamenteiro que este meu Testamento
aceitar a poderá abrir e para cumprimento do nele disposto haverá a si duzentos e um mil réis dos
quais se lhe não pedirá contas como
acima determino em dito (ilegível)
Diogo + Garcia
João Cosme Vieira
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