FAMÍLIA FONSECA
O livro “Fonseca - Uma família e uma história” - de Walter
Fonseca - edição de 1982 - Editora Obelisco - SP: diz\; “ Todavia as origens
mais remotas dos Fonsecas retroagem no tempo até o século II a.C., quando
Portugal e Espanha foram conquistados pelos romanos. O nome Fonseca é tão
antigo quanto o antiqüíssimo velho Portugal.” Apesar de muito popular em
Portugal o nome Fonseca, não se sabe exatamente qual a família que teve
primeiro o direito de usá-lo. Joubin
afirma que o primeiro a adotar o apelido em causa foi Men Gonçalo da Fonseca (ou
Affonseca), gentil-homem de dom Sancho I de Portugal, no século XIII, que lutou
contra os mouros e fundou o Mosteiro de Moncellos. Genealogistas portugueses
entendem que o nome Fonseca provém da linhagem dos de Riba Douro, descendentes
de Dom Moninho Viegas - o Gasco, que foi casado com dona Valida Trocosendes, de
cujo matrimônio nasceu Dom Garcia Moniz, que foi morto pelos mouros, quando da
conquista de Riba Douro. Dom Garcia Moniz foi pai de Dom Rodrigo Garcia, que
teve dois filhos: Dom Garcia Rodrigues, que se chamou Fonseca por ter sido o
senhorio desse lugar, e Dom Payo Garcia, casado com dona Dordia Ramires, filha
de Dom Ramiro Pinhones, senhor de Távora. Dom Payo Garcia e sua mulher Dordia
Ramires foram pais de dom Egas Garcia da Fonseca, chamado o Bufo, sucessor do
senhorio do couto de Leomil e da honra de Fonseca, que ficava junto de São
Martinho dos Mouros. Dom Egas Garcia da Fonseca foi casado com dona Maior Paes
de Curveira, filha de Dom Payo Pires Romeu. Deste último casal descendem os Fonsecas,
os Coutinhos e outras famílias. Dom Garcia Rodrigues e seu irmão Dom Payo
Garcia foram senhores do lugar denominado Fonseca, que tomaram aos mouros e
também senhoriaram o couto de Leomil, havido por doação do Conde Dom Henrique, no
século XII, ao correr o ano de 1102. Por sua vez os genealogistas espanhóis
consideram que a origem da família provém de Mem Gonçalves da Fonseca, que foi
senhor de Quintana de La Fonseca, junto ao Rio Minho, nos idos de 1081. Parece
mais aceitável esta genealogia, mas também oferece muitas causas de dúvida,
especialmente nas primeiras gerações em que os patronímicos não correspondem ao
nome dos pais. O ramo mais velho da família manteve-se em Portugal, mas os
genealogistas não são suficientemente explícitos sobre a forma por que ele
chegou até Pedro Rodrigues da Fonseca. O nome Fonseca estendeu-se além de
Portugal e Espanha, tomando a forma de Fonséque na França e de Fonseca ou Fonsecha
na Itália. Fonseca ou Affonseca provém da família de Mem Gonçalves da Fonseca
ou Mem Gonçalez de Affonseca, que deixou a seguinte descendência: Payo
Cavaleiro, Fidalgo de Galiza, que foi pai de Gonçcalo Paese este pai de Mem
Gonçalez de Affonseca, casado com dona Maria Peres Tavares, filha de Estevam
Peres Tavares, sabendo-se que deste casal descendem todos os Fonsecas de
Portugal e do Brasil. A afirmativa parece demasiadamente abrangente, porquanto
um mesmo patronímico nem sempre condiciona a origem de seus usuários a um
tronco genealógico comum. Muitos titulares de apelidos de família ou sobrenomes
os receberam ou adotaram como homenagem ou gratidão a alguém. Do passado
distante aos dias de hoje, é comum afilhados e serviçais adotarem os sobrenomes
dos padrinhos ou patrões, sem que entre eles exista qualquer espécie de consanguinidade.
O casal Mem Gonçalez da Affonseca e Maria Peres Tavares teve dois filhos: Ruy
Mendes de Affonseca e Fernão Mendes de Affonseca, que foi pai de Pedro
Rodrigues de Affonseca, o qual morreu sem sucessão, e de dona Urraca Dias de
Affonseca, casada com Estevam Martins Vicente, filho de Vicente Martim Viegas,
senhor do couto de Leomil, na Província da Beira. Deste casal nasceram três
filhos: Pedro Martins de Affonseca, Fernão Martins de Affonseca e dona
Beringuella Esteves. Do segundo filho do casal - Fernão Martins de Affonseca,
que também foi senhor do couto de Leomil, como o foram seus pais e avós,
procedem os Coutinhos, nome que derivou de couteiro, apelido com o qual era
conhecido Fernão. Os Coutinhos descendem dos Fonsecas e, por isso, trazem as
Armas destes diferenciadas do timbre, que é um leopardo de vermelho, armado de
ouro, carregado de uma estrela do mesmo na espádua e tendo uma capela de flores na garra direita. Distanciada das
remotas origens portuguesas e espanholas, informa-se que a Família Fonseca,
brasileira, tem as suas raízes mais antigas na família Lopes Galvão, que teve
como seu fundador, nos fins do século XVIII, o Mestre de Campo do Regimento da
cidade de Olinda/PE – Manoel Lopes Galvão, que se fixou no Rio Grande do Norte.
Núcleos da família Lopes Galvão se desenvolveram na região de Seridó,
notadamente nos municípios de Acary e Currais Novos. Posteriormente
estenderam-se pelos Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A
pequena semente plantada no Rio Grande do Norte, no Seridó, brotou e lançou
raízes que se abriram em leque abrangendo quase todo o Brasil. Aqui, tanto
quanto em Portugal e Espanha, dificuldades de identificação dos integrantes da
Família Fonseca são imensas, de vez que também no Brasil os patronímicos, de
modo geral, não correspondem aos nomes dos pais e, no decorrer dos anos
seguintes, a pletora de homônimos passou a contribuir para o aumento das
dificuldades, gerando confusões. A partir de 1825 reaparecem, nos descendentes
de Manuel Mendes da Fonseca e de sua mulher Rosa da Fonseca, os sobrenomes que,
num passado longínquo, foram conhecidos em Portugal e Espanha: Rodrigues da
Fonseca, Mendes da Fonseca (ou Affonseca) e Martins da Fonseca (ou Affonseca). 1825 - Severiano
Martins da Fonseca. Marechal. Barão de Alagoas. 1831 - Hipólito Mendes da
Fonseca.Capitão. 1855 - Hermes Rodrigues da Fonseca. Marechal. 8º Presidente do Brasil. Além do Mestre de Campo
Manoel Lopes Galvão, outros elementos de destacada importância deram origem à Família
Fonseca, brasileira. Não padece dúvida que cabe a Manoel Lopes Galvão- de fato
e de direito - o título de Patriarca da Família Fonseca, brasileira, quando a
sua presença, no final do século XVII e princípios do século XVIII, se fez
sentir no Rio Grande do Norte, na região
do Seridó, Currais Novos e Acary. Existiram naquele tempo, dois Manoel Lopes
Galvão. O primeiro, Secretário das Mercês do reinado de Dom João IV, em
Portugal. O segundo Manoel Lopes Galvão, seu filho, Mestre de Campo, casado com
dona Margarida Lins Acioli, filha de Christovão Lins e de dona Adriana de
Hollanda, transferiu-se para o Brasil e, no Seridó, fixou as raízes primeiras
que originaram aqui a Família Fonseca. Maria de Proença Lins Acioli, também
chamada de Maria do Carmo Proença, filha daquele casal, foi c/c o Capitão Mor
da Capitania do Ceará Manoel da Fonseca Jayme. (...) Outros ancestrais da Família
Fonseca, brasileira, são o coronel José Rodrigues Barbosa e o Capitão João
Nunes Bayão c/c dona Felícia de Vasconcellos. Em épocas próximas às dos
ancestrais citados, surgiram Antônio José Victoriano Borges da Fonseca (N.
Recife/PE em 1718 e falecido em 1786). Alferes Ligeiro, Mestre de Campo,
Comandante da Ilha de Fernando de Noronha, Governador da Capitania do Ceará
Grande, Escritor, c/c dona Joanna Ignacia Francisca Xavier e Ùrsula Maria da
Costa, com os seguintes filhos: Antônio Borges da Fonseca (N. em Pernambuco em
1860), Mestre de Campo da Guarnição de Olinda/PE e Governador da Capitania da
Paraíba. Francisca Margarida Escolástica da Fonseca. Maria Joanna da Graça c/c
João Carneiro da Cunha. Francisca Euphemia do Rosario.
Cypriano Lopes da Fonseca Galvão- Comandante da Fortaleza do
Ceará (1728), Capitão do Terço de Olinda/PE, criador de gado no Seridó, c/c
Adriana de Hollanda de Vasconcellos, filha de Arnau de Hollanda (Borges da
Fonseca), natural de Utrecht, Holanda, e de dona Brites Mendes de Vasconcellos,
natural de Lisboa/Portugal, filha de Bartholomeu Rodrigues e de dona Joanna
Goes de Vasconcellos. Não se explica
suficientemente bem a adoção do sobrenome Borges da Fonseca, usado por Arnau de
Hollanda. Arnau de Hollanda veio para o Brasil como Homem-Nobre, na comitiva de
Duarte Coelho Pereira, 1º Donatário de Pernambuco, o qual tomou posse das
terras da Capitania, sua governança e jurisdição, em 09 de maio de 1535. Arnau
foi nascido em Utrecht, província da Holanda, sendo filho de Henrique de
Hollanda, Barão de Rhenoburg e de dona Margarida Florencia, irmã do Papa
Adriano VI, cujo pontificado teve início em 09 de janeiro de 1522 e terminou
com a sua morte em 14 de setembro de 1523. O pai de dona Brites Mendes de
Vasconcellos, Bartholomeu Rodrigues, foi Camareiro-Mor do Infante Dom Luiz,
filho do Rei Dom Manuel e de dona Joanna Goes Vasconcellos, que fora criada da
Rainha dona Catharina, mulher do Rei Dom João III, que a entregou a dona Brites
de Albuquerque, irmã de Jeronymo d´Albuquerque e mulher de Duarte Coelho
Pereira, quando esta veio para o Brasil. De Arnau de Hollanda (Borges da
Fonseca), nada mais se sabe. Sua mulher, dona Brites Mendes de Vasconcellos,
viveu quase 100 anos, ficando por isso conhecida como a “Velha”, vindo a
falecer em 19 de dezembro de 1620, na cidade de Olinda/PE, quando foi então
sepultada na Igreja de Santo Antônio e São Gonçalo, do Convento da Ordem de
Nossa Senhora do Monte do Carmo, naquela cidade. Fonseca e Escobar transcrevem
a seguinte citação: “ ... Agostinho de Hollanda depondo em abril de 1594,
perante o Visitador do Santo Ofício, diz ser filho de Arnau de Hollanda, um dos
Homens-Nobres que acompanham Duarte Coelho, e dizem as Memórias, que dele se
conservam, que era sobrinho do Papa Adriano VI, que subiu ‘a cadeira de São
Pedro, em 09 de janeiro de 1522”. Adrian Dedel nasceu em Utrecht, província da
Hollanda, em 02 de março de 1459, tendo sido consagrado Papa, com o nome de
Adriano VI, em 1522. Filho de Florensz Boeyens e de Gertruda, foi irmão de
Margarida Florencia c/c Henrique de Hollanda, pais de Arnau de Hollanda. Do
casamento de Arnau de Hollanda (Borges da Fonseca) com dona Brites Mendes de
Vasconcellos, nasceram quatro filhos: Christovão de Hollanda Vasconcellos,
Antônio de Hollanda Vasconcellos, Agustinho de Hollanda de Vasconcellos e
Adriana de Hollanda Vasconcellos, que foi casada com Cypriano Lopes Galvão. O
Mestre de Campo Manoel Lopes Galvão, também fidalgo da Casa Real, e o Capitão
Mor Manoel da Fonseca Jayme foram ancestrais do brigadeiro José Antônio da Fonseca
Galvão, c/c Mariana Clementina de Vasconcellos Galvão. Desse casal nasceram
Rufino Enéas Gustavo Galvão, Visconde de Maracaju, Antônio Enéas Gustavo
Galvão, Barão do Rio Apa, Manoel do Nascimento da FONSECA GALVÃO,
Desembargador, Maria da Glória de Vasconcellos Galvão e Silva c/c Joaquim da
Costa e Silva e Luiza Clementina de Vasconcellos Galvão e Silva. O Visconde de
Maracaju foi o pai do Ministro do Supremo Tribunal Federal Enéas Galvão c/c
Dona Lísia do Vale Galvão. Foi Promotor Público na Comarca de Barra Mansa/RJ,
em 1886; Juiz substituto na Comarca de Vassouras/RJ (1889); Juiz Substituto na
Corte (1890) e Desembargador na Corte de Apelação (1898). Faleceu em
24-11-1916, na cidade de Teresópolis/RJ. O nome exato e completo do Visconde de Maracaju e o de seu irmão, o
Barão do Rio Apa, era Fonseca Galvão, afirmativa facilmente comprovada pelo
simples exame do Decreto Imperial de 23 de maio de 1875, que aprovou e concedeu
o Brasão de Armas, Nobreza e Fidalguia a Rufino Enéas Gustavo da Fonseca Galvão.
O referido Brasão de Armas, Nobreza e Fidalguia é bi-partido, sendo um lado em
vermelho, representando os Galvões e outro em ouro, representando os Fonsecas.
A omissão, pelos interessados, do nome Fonseca, parece ter sido feita visando
eliminar problema de cacofonia (som ruim - encontro ou repetição de sons que
desagradam ao ouvido) - Fonseca/Galvão, o que também aconteceria com a retirada
do nome GALVÃO, fato circunstancial que ocorreu com o Tenente Coronel Manuel
Mendes da Fonseca, marido de Rosa da Fonseca e filho único do Tenente Coronel
Manuel Mendes da Fonseca Galvão. Retornando às origens dos Fonsecas no Brasil,
verifica-se a existência de dois troncos ancestrais básicos: Lopes Galvão e Fonseca
Galvão.
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